terça-feira, 17 de maio de 2016

..."Desagregação de freguesias?"...



PS e Coligação querem debate

Está, oficialmente, lançado o debate da “desagregação das freguesias” no concelho da Mealhada. Depois de o atual Governo socialista anunciar querer reverter a situação criada em 2013, Rui Marqueiro, presidente da Câmara Municipal da Mealhada, levou o assunto à ultima reunião camarária, na manhã do dia 2 de maio, e tenciona, a partir de agora, “discuti-lo” com a população de todo o município.
“Sou contra a agregação, sempre fui!”, começou por dizer o edil, que informou “querer suscitar o debate com os presidentes das Juntas, principalmente com o da União de Freguesias da Mealhada, Ventosa do Bairro e Antes”.
Para o edil “a consciência fica tranquila se tentar perceber se esta ‘agregação’ é boa ou não para o Município” e deve ser feita “através da Assembleia Municipal”. Mas o autarca garante que, referindo-se a outros municípios, “quem experimentou e gostou, então deve continuar”.
Gonçalo Louzada, eleito pela coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada”, foi quem quis saber as vantagens ou desvantagens da agregação. “Julgo que ainda não há nenhuma avaliação, mas tudo isto surgiu por uma tentativa económica, que nos parece que não funcionou!”, declarou José Calhoa, vereador na Câmara da Mealhada.
Rui Marqueiro acrescentou que “há trabalhos a nível académico, mas em nenhum se podem ver vantagens” e, referindo-se ao caso concreto da Mealhada, disse: “Não digo que a experiência foi má, mas também não foi positiva!”.
“As pessoas querem a proximidade imediata! É diferente ter lá um presidente da Junta de Freguesia sempre ou ter um funcionário que só lá está disponível, de vez em quando, e sente-se alguma tensão e mau estar na população”, declarou o edil, que remeteu o assunto para a Assembleia Municipal da Mealhada.
Um assunto que, segundo Guilherme Duarte, vice-presidente da Câmara da Mealhada, “tem que ser bem fundamentado” “Temos que explicar bem porque é que não queremos a continuidade da agregação”, apelou.

“Não estou contra a desagregação das freguesias”, garante presidente da União

Também na Assembleia Municipal da Mealhada, que se realizou a 29 de abril, o assunto foi abordado, tendo começado pela apresentação de uma moção por parte da bancada da CDU que, contudo, foi rejeitada, não pelo seu teor, mas pela forma como foi redigida.
Uma moção que se oponha à continuidade da agregação das freguesias e onde se lia “que as populações se têm queixado” desta “mega freguesia”.
João Santos, presidente da Junta da União de Freguesias da Mealhada, Ventosa do Bairro e Antes, quis pronunciar-se sobre a “dissolução das freguesias”. “Não é verdade que as pessoas andem a chorar nas freguesias, mas também não é verdade que o presidente desta Junta não queira a desagregação”, lamentou João Santos, que acrescentou: “O presidente da Junta da União esteve sempre na linha da frente para a não agregação e quer que as freguesias voltem ao seu lugar!”.
“Não posso ser o mau da fita!”, acrescentou João Santos, que votou contra a moção, enfatizando, contudo, “não estar contra a desagregação das freguesias”.

Coligação diz “confortável com o facto de a Câmara querer debater o assunto”

Depois de a moção ter sido rejeitada, Bruno Coimbra, da bancada da coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada”, declarou: “A CDU continua a trazer coisas escritas de Lisboa, que não retratam o concelho da Mealhada. Não nos revemos na parte expositiva desta moção e, portanto, nem chegamos à parte cerne da questão”.
Para o também deputado na Assembleia da República, e fazendo voz à bancada da Coligação, “se calhar achamos que este tipo de processos deve atuar alguns anos para se poder fazer um balanço. Mas concordamos que o assunto tem que ser muito pensado e muito discutido!”.
“Há concelhos onde as coisas correram bem e há outros que não. E a Mealhada pode ser um destes”, acrescentou ainda Bruno Coimbra, que garantiu “sentir-se confortável com o facto de a Câmara tomar a iniciativa de debater o assunto”.

“Moção da CDU é politica e até agressiva”, diz PS

Artur Dinis, da bancada do PS, lamentou “a falta de abertura da CDU” e garantiu: “Não indo contra o conteúdo da moção, questionamos a sua forma”.
E Paula Coelho, da mesma bancada, acrescentou que “a abordagem da moção é politica e até agressiva, mas como a CDU se mostrou irredutível, votamos contra esta moção, mesmo estando a favor do conteúdo central”.

Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 971, de 11 de maio de 2016.

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