quinta-feira, 19 de maio de 2016

...«“Fábrica da Baganha” continua a deitar “mau cheiro”»...



O Tribunal Administrativo e Fiscal de Aveiro ordenou, no passado dia 5 de abril, o encerramento da unidade fabril da Executada Massa Insolvente da Alcides Branco & C.ª S.A., de óleos alimentares (especialmente de azeite), situada na Lameira de Santa Eufémia, nas proximidades da vila do Luso, por esta não ter cumprido o acordo com a Câmara da Mealhada e ser responsável pela existência repetida de maus cheiros (odor a baganha). A decisão tinha que começar a ser cumprida desde o passado dia 26 de abril, mas, para além do fumo proveniente da laboração, o odor a baganha tem sido uma constante.
A decisão foi clara: o Tribunal Administrativo e Fiscal de Aveiro julgou procedente a execução requerida pela Câmara Municipal da Mealhada, em sede de providência cautelar, e, “em consequência, ordena-se o encerramento da unidade fabril da Executada Massa Insolvente da Alcides Branco & C.ª, SA, com exceção da unidade de refinação e embalamento, até à proleção da decisão final” da ação principal que decorre no mesmo tribunal.
“Mas o senhor (proprietário da empresa) fez uma manobra dilatória e apresentou um recurso antes da decisão da ação judicial”, declarou Rui Marqueiro, presidente da Câmara Municipal da Mealhada, que lamenta: “Isto diz muito deste senhor, que desafia uma sociedade inteira”.
Para o edil “este caso reflete a justiça portuguesa, que coloca recurso atrás de recurso e, enquanto isso, a fábrica vai laborando”. Aliás, será isso mesmo que a Câmara da Mealhada estará a preparar novamente com a elaboração de uma nova exposição a ser remetida ao Tribunal.
Rui Marqueiro lamentou, ao Jornal da Mealhada, que “os órgãos da Administração Central, nomeadamente os das áreas do Ambiente e Economia, estejam omissos nesta situação”. “Seriam os únicos capazes de alterar a situação”, garante.
“Cada vez tenho mais queixas na Câmara por causa das consequências da laboração desta fábrica. Eu próprio, na qualidade de munícipe, também tenho dificuldade em entender que isto possa acontecer”, continua o edil, que, ao Jornal da Mealhada, concluiu: “Acho vergonhoso que este senhor desafie toda uma comunidade”.

Presidente da Junta do Luso também confirmou “odor a baganha”

Claudemiro Semedo, presidente da Junta de Freguesia do Luso e um dos seis elementos que “fiscalizou” a fábrica, nos últimos meses, confirmou, ao nosso jornal que “a fábrica tem deitado odor, mesmo depois do dia 26 de abril”. Uma situação, que segundo o autarca, não se notou, “por acaso, na manhã de hoje (sexta-feira, dia 29 de abril)”.

“Essa empresa até já foi extinta”, diz Nuno Branco ao JM

O Jornal da Mealhada tentou, como aliás tem sido sempre a nossa prática em relação a este caso, contactar a administração da Alcides Branco & C.ª S.A., sedeada em Santa Maria da Feira, e fomos atendidos, ao telefone, por Nuno Branco, que nos garantiu: “Não tenho nada a ver com essa empresa e nem quero saber. Aliás essa empresa até já foi extinta”.

No mesmo dia em que elaboramos este trabalho – 29 de abril -, o assunto foi abordado na Assembleia Municipal da Mealhada, por Paula Coelho, deputada pelo Partido Socialista. “Veio a público que houve uma sentença em relação à Alcides Branco, mas ainda hoje quando sai de casa, a fábrica estava a laborar e o cheiro muito intenso”, declarou a deputada municipal, que ainda acrescentou: “As pessoas não conseguem entender, pois desde que veio a lume esta decisão, parece que a fábrica tem laborado ainda com mais força”.
O presidente da Câmara confirmou a declaração, garantindo que no dia 26 de abril “um fiscal municipal, com duas testemunhas, dirigiu-se à fábrica e estava uma chaminé a deitar fumo, mas quando os funcionários os viram foram colocar a outra chaminé a laborar”.
Depois disto, Rui Marqueiro garante que dirigiu “um protesto ao Ministro da Economia, uma ação contra o IAPMEI - Agência para a Competitividade e Inovação - e pedi à senhora juíza o encerramento compulsivo, com selagem, do espaço”. “O IAPME não está a cumprir as suas funções, teria que encerrar as instalações antes da sentença e depois desta ainda mais muito mais”, acrescentou.

Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 971, de 11 de maio de 2016,
Fotografia de Arquivo

quarta-feira, 18 de maio de 2016

...Cineteatro da Pampilhosa...



Direção do GIR foi à Câmara dar uma “explicação oficial”

Os elementos da direção do Grémio de Instrução e Recreio (GIR) deslocaram-se à reunião pública da Câmara Municipal da Mealhada, que se realizou na manhã da passada segunda-feira, dia 2 de maio, com a finalidade de “explicar” à vereação “a situação oficial” do Grémio, entidade proprietária da obra do Cineteatro da Pampilhosa.
“Há treze anos que esta direção se tem empenhado em reabilitar aquela casa. Segundo os técnicos que têm acompanhado a obra, ela estaria completamente no ‘chão’ se não se tivesse feito uma intervenção”, começou por dizer José Luís Sequeira, presidente da direção do GIR, que lamentou: “Temos tido imensas dificuldades e muitas criticas destrutivas, que muitas vezes nos derrubaram, mas nunca ninguém nos perguntou se queríamos ajuda…”.
Contudo, e segundo o dirigente, “a situação mudou de há um ano para cá, em que apareceram muitas pessoas, mas que apenas têm dificultado a obra”, exemplificando “que prova disso é a impugnação da assembleia, onde foi aprovado o protocolo que seria oficializado com a Câmara da Mealhada (que se realizou em março)”.
Recordamos os nossos leitores, que a nova assembleia decorreu a 23 de abril e do encontro terá resultado a constituição de uma comissão que irá procurar junto da Câmara elaborar um novo protocolo (para o Cineteatro da Pampilhosa), com base num primeiro, realizado pela mesma autarquia.
“Protocolo que somos acusados de não termos apresentado”, enfatizou o presidente da direção do GIR, que ainda acrescentou: “Não queremos entregar o Grémio a duas ou três pessoas, até porque eu quis sair e não me deixaram e hoje vejo a minha saúde afetada com toda esta situação”.
E em nome da direção, José Luís Sequeira afirmou “estar totalmente de acordo com aquilo que a Câmara quer, até porque o protocolo já foi aprovado e se não terminarmos as obras teremos que devolver dinheiro ao Ministério do Ambiente, pelas comparticipações que nos deram”.
Para além da comparticipação da Câmara, no valor de cento e cinquenta mil euros, o dirigente garante que “ainda faltará verba para outros trabalhos, pois caso não se façam a entidade que regulamenta estes espaços não autoriza a sua abertura”.
Mas a comissão eleita, na última assembleia geral do GIR, com trinta e dois votos a favor e uma abstenção, está a “ajustar” um novo protocolo, que entregará à direção do GIR, no domingo, 8 de maio, que ficará encarregue de a passar à Câmara da Mealhada.
Rui Marqueiro, presidente da autarquia, declarou “aguardar por esse contacto”, mas confessou “custar-lhe entender toda esta situação”. “Estamos a falar de muito dinheiro e todo o executivo camarário quer que a obra seja definitivamente concluída”, acrescentou ainda o autarca.
Antes da reunião, e ao Jornal da Mealhada, Rui Marqueiro já tinha afirmado: “Os sócios do GIR têm que perceber que a Câmara não é uma casa do GIR. É sim uma casa que quer colocar o GIR ao serviço da Cultura”. “No Cineteatro da Pampilhosa estão muitos dinheiros públicos investidos, será que é ‘exigir’ muito que aquilo funcione?”, colocou ainda, mesmo que retoricamente, a questão.

Anualmente, Cineteatro Messias “custa” 40 mil euros

Na reunião camarária e na presença dos elementos da direção do GIR, o edil trouxe ainda ao discurso o facto de que manter um espaço cultural “custa dinheiro”. “O Cineteatro Municipal Messias (na cidade da Mealhada) tem um orçamento anual de quarenta mil euros. Isto não é brincadeira nenhuma. E agora teremos que fazer melhoramentos obrigatórios que nos vão ficar em dezoito mil euros”, alertou.

Inauguração do Cineteatro da Pampilhosa já tem livro pensado

Rui Marqueiro fez também questão de mostrar dois volumes de um estudo feito por Joaquim Carvalhão Santos intitulado “Da Sala de Estreia ao Espetáculo de Província” – O Cinema no Teatro do Grémio de Instrução e Recreio da Pampilhosa do Botão. “Estava a guardar isto até à conclusão da obra para trazer o assunto a reunião de Câmara e editarmos um livro para o dia da inauguração. Já tenho até uma entrevista agendada com o autor….”.
E sobre isto, o presidente da direção do GIR concluiu: “Essa informação não seria possível se esta direção não tivesse guardado toda a documentação do Grémio”. “Até agora esteve guardada religiosamente por nós, a partir daqui vamos ver o que acontecerá”, enfatizou o dirigente.

Comissão “aguarda” reunião com Rui Marqueiro

Contactado pelo nosso jornal, Mário Rui Cunha, elemento da comissão eleita na última assembleia do GIR - que conta ainda com Fernando Marinheiro Correia, Ana Maria Pires, Jorge Coimbra e Gil Ferreira -, na passada sexta-feira, garantiu-nos: “O protocolo está pronto desde o dia 1 (de maio) e já informámos a direção do GIR para marcar reunião com o presidente da Câmara. Aguardamos informação da data e hora da mesma”.

Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 971, de 11 de maio de 2016.

terça-feira, 17 de maio de 2016

..."Desagregação de freguesias?"...



PS e Coligação querem debate

Está, oficialmente, lançado o debate da “desagregação das freguesias” no concelho da Mealhada. Depois de o atual Governo socialista anunciar querer reverter a situação criada em 2013, Rui Marqueiro, presidente da Câmara Municipal da Mealhada, levou o assunto à ultima reunião camarária, na manhã do dia 2 de maio, e tenciona, a partir de agora, “discuti-lo” com a população de todo o município.
“Sou contra a agregação, sempre fui!”, começou por dizer o edil, que informou “querer suscitar o debate com os presidentes das Juntas, principalmente com o da União de Freguesias da Mealhada, Ventosa do Bairro e Antes”.
Para o edil “a consciência fica tranquila se tentar perceber se esta ‘agregação’ é boa ou não para o Município” e deve ser feita “através da Assembleia Municipal”. Mas o autarca garante que, referindo-se a outros municípios, “quem experimentou e gostou, então deve continuar”.
Gonçalo Louzada, eleito pela coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada”, foi quem quis saber as vantagens ou desvantagens da agregação. “Julgo que ainda não há nenhuma avaliação, mas tudo isto surgiu por uma tentativa económica, que nos parece que não funcionou!”, declarou José Calhoa, vereador na Câmara da Mealhada.
Rui Marqueiro acrescentou que “há trabalhos a nível académico, mas em nenhum se podem ver vantagens” e, referindo-se ao caso concreto da Mealhada, disse: “Não digo que a experiência foi má, mas também não foi positiva!”.
“As pessoas querem a proximidade imediata! É diferente ter lá um presidente da Junta de Freguesia sempre ou ter um funcionário que só lá está disponível, de vez em quando, e sente-se alguma tensão e mau estar na população”, declarou o edil, que remeteu o assunto para a Assembleia Municipal da Mealhada.
Um assunto que, segundo Guilherme Duarte, vice-presidente da Câmara da Mealhada, “tem que ser bem fundamentado” “Temos que explicar bem porque é que não queremos a continuidade da agregação”, apelou.

“Não estou contra a desagregação das freguesias”, garante presidente da União

Também na Assembleia Municipal da Mealhada, que se realizou a 29 de abril, o assunto foi abordado, tendo começado pela apresentação de uma moção por parte da bancada da CDU que, contudo, foi rejeitada, não pelo seu teor, mas pela forma como foi redigida.
Uma moção que se oponha à continuidade da agregação das freguesias e onde se lia “que as populações se têm queixado” desta “mega freguesia”.
João Santos, presidente da Junta da União de Freguesias da Mealhada, Ventosa do Bairro e Antes, quis pronunciar-se sobre a “dissolução das freguesias”. “Não é verdade que as pessoas andem a chorar nas freguesias, mas também não é verdade que o presidente desta Junta não queira a desagregação”, lamentou João Santos, que acrescentou: “O presidente da Junta da União esteve sempre na linha da frente para a não agregação e quer que as freguesias voltem ao seu lugar!”.
“Não posso ser o mau da fita!”, acrescentou João Santos, que votou contra a moção, enfatizando, contudo, “não estar contra a desagregação das freguesias”.

Coligação diz “confortável com o facto de a Câmara querer debater o assunto”

Depois de a moção ter sido rejeitada, Bruno Coimbra, da bancada da coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada”, declarou: “A CDU continua a trazer coisas escritas de Lisboa, que não retratam o concelho da Mealhada. Não nos revemos na parte expositiva desta moção e, portanto, nem chegamos à parte cerne da questão”.
Para o também deputado na Assembleia da República, e fazendo voz à bancada da Coligação, “se calhar achamos que este tipo de processos deve atuar alguns anos para se poder fazer um balanço. Mas concordamos que o assunto tem que ser muito pensado e muito discutido!”.
“Há concelhos onde as coisas correram bem e há outros que não. E a Mealhada pode ser um destes”, acrescentou ainda Bruno Coimbra, que garantiu “sentir-se confortável com o facto de a Câmara tomar a iniciativa de debater o assunto”.

“Moção da CDU é politica e até agressiva”, diz PS

Artur Dinis, da bancada do PS, lamentou “a falta de abertura da CDU” e garantiu: “Não indo contra o conteúdo da moção, questionamos a sua forma”.
E Paula Coelho, da mesma bancada, acrescentou que “a abordagem da moção é politica e até agressiva, mas como a CDU se mostrou irredutível, votamos contra esta moção, mesmo estando a favor do conteúdo central”.

Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 971, de 11 de maio de 2016.