sexta-feira, 24 de julho de 2015

...CHANFANA “pelas mãos” de Olga Gomes e Alice Lopes*...

INGREDIENTES
Alho
Pimenta
Colorau
Vinho tinto
Banha de porco
Azeite
Folha de louro
Salsa
Carne de cabra
Sal (em pouca quantidade)

MODO DE PREPARAÇÃO

Tempera-se tudo em cru e fica assim durante doze horas. Na hora de ir para o forno é que se coloca o vinho. Deixa-se uma noite (ou um dia) no forno, sendo que pelo meio tem que se virar a carne e cobrir com mais vinho, caso esteja a perdê-lo.
Numa caçoila, a iguaria pode ficar um dia ou dois (antes de se comer) em ambiente fresco (como por exemplo uma cave).

Serve-se com batata cozida e feijão verde ou grelos.


* Residentes na cidade da Mealhada

(Publicação na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 950, de 22 de julho de 2015)

quarta-feira, 22 de julho de 2015

...Festas em Honra de Sant’Ana...

Mealhada e Póvoa “fizeram” mais de 50 mil flores

“A última semana de julho chegou finalmente. Da Mealhada à Póvoa, as ruas alegram-se com bandeirinhas de papel colorido e com arcadas luminosas”. As palavras são de António Breda Carvalho e foram publicadas na edição impressa do Jornal da Mealhada, número cento e sessenta, a 15 de julho de 1994. Este ano, e segundo as expetativas (e o trabalho) dos munícipes, poderá voltar a ver-se as ruas enfeitadas com flores e as colchas nas janelas. Tudo acontece no próximo domingo, 26 de julho, dia da solenidade de Sant’Ana.
O apelo foi feito pela Santa Casa da Misericórdia da Mealhada (instituição que organiza os festejos religiosos das Festas em Honra de Sant’Ana) no início de junho e a população superou todas as expetativas. O número de flores realizadas ultrapassa as cinquenta mil. “Foi das melhores coisas que poderia ter acontecido. Eu nem como, só a fazer flores. Ainda no domingo estive das 14h às 20 horas a colocar flores nos cordões”, declarou, ao nosso jornal, a “mealhadense” Olga Gomes, que acrescentou: “Faço votos que isto seja o início de um projeto que dure muitos anos. Espero que se organize uma comissão e que haja também uma festa para ‘abanar o capacete’”.
Também Alice Lopes, residente na cidade da Mealhada, nos confessou “estar entusiasmada” e afirma estar “a recordar as festas enormes do passado onde havia colchas às janelas e muito verde no chão”.
Para além de extremamente satisfeita por “a população estar toda envolvida”, Olga Gomes enaltece o facto “da procissão passar na Rua Dr. Costa Simões (em frente ao edifício sede da Santa Casa da Mealhada)”. “Para mim é ouro e das melhores coisas que pode acontecer neste dia”, enaltece.
E as flores, realizadas pela população da Póvoa e da Mealhada desde há dois meses com papel cedido pela Misericórdia, serão o forte dos enfeites do próximo domingo. Um dia marcado com a missa, celebrada pelo Padre José Gonçalves, em honra da padroeira e em memória dos diretores e irmãos da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada já falecidos, que terá lugar na Capela de Sant’Ana (construída há 299 anos e cedida à Misericórdia da Mealhada a 22 de março de 1908 pela Freguesia da Vacariça), na Póvoa da Mealhada, e que contará com os elementos do Coro da Paróquia da Mealhada e da Filarmónica Lyra Barcoucense. Seguir-se-á, pelas 18 horas, a procissão solene acompanhada pelas irmandades da Misericórdia da Mealhada e de São Sebastião, pelos Bombeiros Voluntários e Agrupamento de Escuteiros da Mealhada e “abrilhantada” pela Filarmónica de Barcouço.
Tudo indica que no próximo domingo as habitações e as montras do comércio na Póvoa e na Mealhada tenham colchas à janela, as ruas estejam enfeitadas com flores (colocadas a partir do dia 23 de julho) e haja verduras nas estradas, que terão a “ajuda” do trânsito estar cortado (na tarde do dia 26 de julho)…
O aroma na hora do almoço será praticamente idêntico em todo o lado. Para além dos negalhos e do leitão, neste dia, o “rei” será a chanfana (ver receita na página 23), que recorda os tempos em que as “cabras” vinham ao centro para que a população escolhesse a que mais lhe agradava. “Uma semana antes dos festejos, chegavam rebanhos de cabras trazidas pelos pastores que orgulhosos as mostravam para que as pessoas comprassem a que melhor lhes agradasse para fazer o prato favorito e tradicional desta festa, a ‘chanfana’. Toda a vila passava a ter um cheiro característico deste manjar”, lê-se no artigo de Corália Cerveira, publicado na página quatro desta edição do Jornal da Mealhada.          
E nos próximos anos, talvez possamos ler algo idêntico ao que foi escrito no Jornal da Mealhada de 15 de agosto de 1994: “Ainda não foi desta vez que a Mealhada ficou sem a sua festa de Santa Ana. Sem mordomia, sem nenhuma associação que, com fins lucrativos, assumisse a responsabilidade da sua realização, a festa, mesmo assim, fez-se. Por um lado foram as celebrações religiosas a cargo da Misericórdia, proprietária da Capela Santa Ana. Por outro, os festejos profanos por iniciativa da Associação dos Bombeiros Voluntários (…)”.
E a verdade é que os festejos religiosos continuam a estar garantidos “nas mãos” da Misericórdia da Mealhada…

Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 950, de 22 de julho de 2015.
Fotografia de Rosário Neto