domingo, 21 de outubro de 2012

...Para onde vão os residentes do concelho da Mealhada nas férias de Verão?...



Apesar de muitos portugueses optarem por viajar em qualquer mês do ano, o de Agosto continua a ser aquele que se associa a férias, a viagens, a descanso, a praia, a sol e a mar. Também pelo concelho da Mealhada, muitos são aqueles que tiram férias neste mês. Percorremos as oito freguesias e descobrimos, com as pessoas com quem falámos, que, por questões monetárias, as férias de muitas famílias se resumem a simples idas diárias às praias mais próximas, sem ser necessário gastar dinheiro em alojamento. Um responsável por uma instituição bancária do concelho também garantiu que os créditos para férias estão a reduzir, uma vez que as pessoas têm outras prioridades. Da parte das três agências de viagens da Mealhada, o assunto é visto com optimismo e os responsáveis garantem mesmo que os pacotes de viagens se têm vendido bem, tanto para Portugal, como para o estrangeiro.
“As pessoas procuram viagens para o Algarve, para as costas portuguesa e espanhola, para Cabo Verde e Caraíbas, essencialmente. O Brasil teve uma queda mais acentuada em relação a anos anteriores”, afirmou Rui Rocha, da agência de viagens Caravelatur. Também Cláudia Pinto, da Halcon Viagens, concordou: “Caraíbas, Norte de África, ilhas espanholas e costa portuguesa, desde Peniche até ao Algarve, são os destinos mais procurados. As zonas do norte e do interior de Portugal também estão a ser solicitadas. O Brasil teve uma quebra, pois os clientes começaram a comparar a qualidade e o preço”. “A procura continua a reflectir-se mais para as Caraíbas, para a República Dominicana, Cuba e México, mas também há muitos clientes que procuram as ilhas espanholas, como é o caso de casais com filhos. A procura de viagens para o Algarve e para a Madeira também se mantém”, disse Tânia Santos, da Multiviagens.
“Vou tirar cinco dias de férias, no final de Agosto, mas ainda não sei o destino. No ano passado, com este espírito, eu e a minha esposa fomos parar a Viana do Castelo. Não vou para fora do país porque, nos tempos que correm, é mais seguro ficar por cá. O nosso país tem sítios maravilhosos e lindos!”, afirmou Augusto Mamede, residente em Casal Comba.
Alguns destinos, em Portugal, são escolhidos pelo facto das pessoas terem alojamento gratuito nos locais para onde se deslocam. “Tenho casa no Algarve e, por isso, vamos para lá quase todos os anos. Contudo, ano sim, ano não, faço sempre uma viagem ao estrangeiro”, afirmou Paula Castela, residente na Mealhada. “Já fui uma semana em Julho, com o meu marido, para o Algarve. Todos os anos vou para lá e fico em casa de uma amiga, assim não tenho custos de alojamento. Gosto muito de lá ir, pois o tempo é bom e podemos estar na praia de manhã à noite. Os oito dias de férias são muito bem aproveitados”, disse Helena Lebre, da Lameira de São Pedro, do Luso. “Normalmente, vou para a Costa Nova, com a minha família. Costumo ir para o apartamento de um familiar”, acrescentou Carla Almeida, do Luso.
Para aqueles que foram emigrantes, o destino de férias acaba por ser o país que os acolheu durante anos. “Este ano, vou de férias para a Austrália porque ainda lá tenho casa. As viagens são acessíveis. Há trinta anos pagava pelas viagens quase o mesmo que pago agora”, afirmou Rui Dias, residente na Ferraria, em Barcouço. Opinião contrária tem Carlos Nogueira, ex-emigrante dos Estados Unidos da América e residente em Ventosa do Bairro, que garantiu: “As viagens têm vindo a aumentar muito. Agora, em Agosto, vou voltar aos Estados Unidos para visitar a família e as viagens, nesta altura, que é considerada a época alta, são muito caras”.
Muitos escolhem os parques de campismo para as suas férias. “Vou para o campismo da Figueira da Foz, passar uns dias. Costumo sempre fazer férias com o meu namorado e os meus sobrinhos”, afirmou Elsa Santos, residente na Pampilhosa. Também Sílvia Gonçalves, residente na Póvoa da Mealhada, disse: “Todos os anos passo uma semana no Algarve, com os meus amigos. Fico sempre no campismo de Albufeira”. “O ano passado, fui para um parque de campismo em Espanha. O sistema de campismo de lá é bem diferente do de cá. Vale mesmo a pena”, acrescentou Vitor Pedrosa, do Carqueijo.
Célia Ferreira, residente na Mealhada, opta pela ida diária à praia, para não gastar dinheiro em alojamento. “Nos seis dias que tenho de férias vou até à praia de Mira, diariamente. Não vou para mais longe porque teria que lá dormir e ficava caro. Antes de pensar em ir para o estrangeiro, se eu pudesse percorria Portugal, porque temos sítios muito lindos”, lamentou.
“Temos preços para tudo e ofertas para todo o tipo de clientes. As pessoas limitam-se ao seu orçamento, mas apesar da crise estamos num mercado que tende a crescer. Contudo, se antes sabíamos quem eram as pessoas que viajavam, agora não, pois as viagens tornaram-se mais procuradas por todas as classes sociais. Há cada vez mais pessoas a viajar”, explicou Cláudia Pinto, da Halcon Viagens. “Todos os anos vou de férias para o estrangeiro. Já dei a volta ao mundo quatro vezes. Adoro viajar e quase sempre faço-o com a família”, Rui Dias, da Ferraria, Barcouço.
“Já fui de férias, este ano, para Peniche, com a minha família. Estive numa casa particular, onde gastei muito pouco, em quinze dias. Escolhi Peniche porque vou para lá todos os meses pescar. É uma zona que me atrai pelo cheiro, o som do mar, a pesca, etc.”, declarou Vitor Pedrosa, residente no Carqueijo.
Encontrámos também residentes do concelho que por motivos diferentes não podem ir de férias. “Não fazemos férias porque estamos no lar, no entanto, se organizassem viagens aqui, nós íamos”, lamentaram Lamartino Costa e Cacilda Paiva, casal residente na Antes. Patrícia Godinho, residente no Travasso, Vacariça, explicou: “Não vou de férias porque não posso encerrar o estabelecimento comercial, do qual sou proprietária. Contudo, se tirasse férias, ficava por Portugal, não ia para fora do país”.
Também obtivemos testemunho de um responsável de uma instituição bancária do concelho. “Este ano, houve uma ligeira retracção nos produtos de crédito de viagens. É perfeitamente natural, tendo em atenção o rendimento líquido das pessoas, motivo que as leva a alterar as suas prioridades”, garantiu.
Para fora do país, ficar em Portugal ou  optando por simples idas às praias mais próximas do concelho da Mealhada, ficámos com a ideia, da parte das agências de viagens, que as férias são pensadas cada vez mais cedo. “As pessoas procuraram fazer as reservas das viagens até 31 de Maio. Em geral, vêm com orçamento e destino definidos, mas como não têm noção do mercado, o produto que procuram não se enquadra nos mesmos”, garantiu Rui Rocha, da Caravelatur. Claúdia Pinto, da Halcon Viagens, concordou: “Temos clientes que reservam as viagens com antecedência. Este ano, alguns fizeram as reservas até 31 de Maio. Queremos continuar a trabalhar assim pois é uma mais-valia”. “As viagens que, normalmente, os clientes procuram são para os meses de Julho e Agosto, com duração de sete noites, oito dias. Este ano, a procura não baixou e houve reservas com muita antecedência”, concluiu Tânia Santos, da Multiviagens.


 Mónica Sofia Lopes 

Reportagem publicada no Jornal da Mealhada de 13 de agosto de 2008.

sábado, 13 de outubro de 2012

...Capitão José Ribeiro Relvas...



Piloto da força área competente e dedicado foi condecorado  pelo Governo da República Portuguesa, em 1974

José Ribeiro Relvas nasceu a 9 de Junho de 1929, em Sernadelo. Estudou  nos vários colégios fundados pelo Padre Breda, na Mealhada. Fez o sétimo ano numa escola pública, em Anadia. Com vinte anos de idade ingressou na força aérea, como piloto, em Sintra. Em 1954, casou-se, em Sintra, com Maria Teresa Relvas, do único casamento da sua vida nasceram duas filhas.
Em 1955, o capitão Relvas, já com uma filha – Fátima Relvas –, foi destacado para a zona de Aveiro, onde viveu com esposa durante cinco anos. De seguida, passou para o destacamento de Águeda, onde nasceu, em 1958, a segunda filha, Zélia Maria Relvas. Nesta altura, ainda voltou uns tempos para Sintra, mas em 1960, José Relvas partiu com a família para os Açores, onde estiveram dois anos. Quando saíram de lá, o José Relvas tirou uma especialização na Ota, na Região Militar de Lisboa, e partiu, com a família, para África. Em Moçambique, combateu na Guerra Colonial, como voluntário, e organizou duas comissões que levavam e traziam feridos, comida e medicamentos de uns locais para os outros. Durante seis anos serviu na 3.ª Região Aérea e realizou centenas de missões de voo no Norte e Leste de Moçambique, onde revelou coragem, espírito de sacrifício e bom senso como comandante de bordo de aviões C-47. No tempo que passou em África, nos tempos livres, tornou-se exímio pescador e chegou a participar e vencer diversos concursos.
Em 1973, aos 48 anos, passou à disponibilidade e voltou à metropole. Foi viver, com sua família, para a sua terra natal, Sernadelo, onde ficou até vir a falecer. Em 5 de Fevereiro de 1974, no Diário da República, foi condecorado, por proposta do comandante-chefe das Forças Armadas de Moçambique, com a medalha de prata de serviços distintos, com palma, a mando de Joaquim  Silva Cunha, ministro da Defesa Nacional, nesta altura. “Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro da Defesa Nacional, louvar, por proposta do comandante-chefe das Forças Amadas de Moçambique, o capitão piloto navegador José Ribeiro Relvas, porque durante vinte e oito anos em que serviu na Força Aérea, como piloto de vários tipos de aviões de caça a transporte médio, ao longo dos quais realizou cerca de 8500 horas de voo, prestando serviço em mais de dez unidades, demonstrou competência e excepcional entusiasmo e dedicação pela carreira que escolheu, mantendo-se qualificado em aviões C-47 para missões operacionais, até ter atingido a idade limite para a situação de reserva em 9 de Junho de 1973”, podia ler-se no Diário da República de 5 de Fevereiro de 1974.
Em 1979, José Ribeiro Relvas, já na disponibilidade em termos de carreira militar, foi eleito vereador da Câmara Municipal da Mealhada, pela lista da Aliança Democrática (AD), encabeçada por Adriano Santiago, apesar de ter o estatuto de independente. No seguimento da demissão de Adriano Santiago foi presidente da Comissão Administrativa até às eleições intercalares de 1980. Neste acto eleitoral foi o cabeça de lista da lista da AD. Não foi o vencedor — foi eleito presidente da Câmara Manuel Joaquim Pires Santos, pela lista do Partido Socialista, mas exerceu as funções de vereador até ao fim do mandato, em 1982.
Foi vogal na Santa Casa da Misericórdia da Mealhada e teve sempre um papel ligado à igreja desta cidade. José Relvas fez também parte da primeira direcção do Centro de Cultura do Concelho da Mealhada.
Devoto do coleccionismo foi sócio activo do Núcleo Filatélico e Numismático do Concelho da Mealhada. Tem, em Anadia, no Museu Luciano de Castro, uma sala com o seu nome onde está patente a sua colecção de moluscos marinhos.
Em determinado momento, deixou todas estas actividades e passou o resto dos anos, até adoecer, a escrever, a ler e a fazer jardinagem na habitação que construiu em Sernadelo. O jogo de bridge foi a última actividade, de lazer, que o capitão Relvas praticou com alguma frequência, na sede do Centro de Bridge da Bairrada, na Mealhada.
Segundo Maria Teresa Relvas, esposa, a filosofia de vida de José Relvas era “Primum philosophari; Deinde vivere”, o que significa “Primeiro filosofar; depois viver”. “Falava muito pouco da sua vida profissional, mas era um excelente marido e um excelente pai. Era um homem muito activo que andava sempre com muita pressa. Nos últimos anos de vida, até para a faculdade pensou em ir”, confessou, ao Jornal da Mealhada, Maria Teresa Relvas.
No início do ano de 2007, José Ribeiro Relvas adoeceu e sofreu duas operações à bexiga. Capitão Relvas acabou por falecer, devido a problemas no pâncreas, na tarde de 17 de Março, no Hospital de Cantanhede.

         Mónica Sofia Lopes

Nota: Para fazer este trabalho tivemos a colaboração da esposa do capitão José Relvas, Maria Teresa Relvas, que nos forneceu todas as informações, assim como, nos cedeu algumas fotografias. Sem a sua ajuda não teríamos realizado este trabalho e, por isso, agradecemos a sua disponibilidade.

Trabalho publicado nas edições impressas do Jornal da Mealhada de 14 e 21 de maio de 2008.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

...ter terminado este livro...

"Quando se ama alguém, tem-se sempre tempo para essa pessoa.
E se ela não vem ter connosco, nós esperamos.
O verbo esperar torna-se tão imperativo como o verbo respirar.
E aprendemos a respirar na espera, a viver nela,
aperfeiçoando-nos um sonho como se fosse verdade.
A vida transforma-se numa estação de comboios
e o vento anuncia-nos a chegada antes do alcance do olhar.
O amor na espera ensina-nos a ver o futuro, a deseja-lo,
a organizar tudo para que ele seja possível.
E se calhar é por tudo isso que já aprendi a esperar,
confiando à vida tudo o que não sei, ou não posso escolher.
É mais fácil esperar do que desistir.
É mais fácil desejar do que esquecer.
É mais fácil sonhar do que perder.
E para quem vive a sonhar, é muito mais fácil viver."

Margarida Rebelo Pinto

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

...Pampilhosa...



Ilustrador científico tem obra reconhecida nos Estados Unidos da América

Fernando Correia, bió-logo – mestre em Ecologia Animal –, ilustrador científico e designer, resi-dente na Pampilhosa, é um dos oitenta e três ilustradores científicos, a nível mundial, que tem obra exposta no Museu Estatal de Nova Iorque, até ao próximo dia 7 de Setembro.
Desde 1991 que Fernando Correia, resi-dente na Pampilhosa,  está inscrito na Guild of Natural Science Ilustrators (GNSI). Todos os anos pode enviar dois trabalhos, que seleccionados são expostos num congresso, a nível mundial. “Desde que estou inscrito, apenas houve um ano em que não fui seleccionado”, afirmou Fernando Correia. O biólogo e ilustrador científico acrescentou: “Também já escrevi muitas vezes para a newsletter do GNSI. É como se fosse um correspondente deles em Portugal”.
Neste momento, Fernando Correia tem um dos seus trabalhos exposto no Museu Estatal de Nova Iorque, intitulada Sus Scrofa (Javali). A exposição começou a 17 de Abril e terminará em 7 de Setembro. “A obra que está exposta neste museu é a composição de um javali. É uma imagem que vai ser lançada, em breve, numa obra com o professor Carlos Fonseca, da Universidade de Aveiro. Na passada sexta-feira soube que esta obra tinha sido seleccionada para ficar exposta neste museu, mas não vai poder ser adquirida, ou seja, não foi seleccionada para a comprarem”, disse o ilustrador.
Também em 2004, o ilustrador fez um trabalho para a National Geographic, que foi um crânio do Rato-cabrera ou Microtus cabrera e que recebeu o prémio FON VIII, da Focus on Nature. “Faço parte também da Associação Europeia de Ilustradores Médicos e Científicos. Está em exposição, em Itália, um trabalho meu. Trata-se de uma ilustração do desenvolvimento embrionário da charrela ou perdix perdix. Está no  Museo di Palazzo Poggi, em Bolonha. Esta obra foi usada pelo principal orador, na abertura da exposição, a professora Marinella Pigozzi, que referiu que o detalhe minucioso  que consegui imprimir às penas das aves que desenhei, faziam lembrar algumas obras de Ticiano, que é um dos mais conceituados pintores italianos do Renascimento”, explicou Fernando Correia.
Além das duas exposições que, presentemente, mantém em Portugal, com cerca de quinze quadros em cada - uma na Quinta da Cerca, em Nelas, e outra no Centro de Interpretação da Serra da Estrela, em Seia -, das duas exposições internacionais, Fernando Correia, no mês passado, submeteu mais uma obra sua à grande exposição internacional 2008 GNSI MEMBER’S EXHIBIT, que se realiza todos os anos, em simultâneo com a 2008 National GNSI Conference. Esta expoição, este ano, realiza-se em Ithaca, em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América. “Como o prazo de entrada/submissão das obras só terminou a 21 de Março, o júri da exposição ainda não reuniu para efectuar a escolha das obras. Por este motivo ainda não sei se este ano também fui seleccionado, tal como aconteceu em todos os anos, desde 1995, com excepção de dois anos”, referiu Fernando Correia. O ilustrador  concluiu: “Este ano, para esta exposição internacional, concorri com uma obra sobre a anatomia – interna e externa do macho e da fêmea - de um dos tubarões da nossa costa - tubarão-anequim/Isurus oxyrinchu. Foi uma obra que fiz para o Museu do Mar Rei D. Carlos I, em Cascais, que será publicada muito em breve, e na qual deposito grande esperança”.
Para os leitores que quiserem conhecer um pouco mais do trabalho do biólogo e ilustrador cientifico, Fernando Correia, podem consultar o sítio na Internet em www.efecorreia-artstudio.com.

                                                          Mónica Sofia Lopes

Trabalho publicado no Jornal da Mealhada de 23 de abril de 2008.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

...Parkour na Mealhada...



"É uma filosofia de vida que, sem pensar, toda a gente pratica no dia-a-dia"

Já encontrou jovens a fazer acrobacias e saltos em parques e urbanizações da cidade da Mealhada? Não são aprendizes de saltimbancos mas praticantes de parkour, um desporto radical urbano, criado há cerca de dezoitos anos e que há dois anos chegou a Portugal. Na Mealhada são seis os praticantes da modalidade: João Portela, David Breda, João Luís, Jean Marques, Rui Duarte e André Dinis.
O Jornal da Mealhada foi no seu encalço e, para perceber o objectivo deste tipo de desporto, conversou com dois deles, David Breda e João Luís, de quinze anos, que praticam parkour há um cerca de um ano.
“Descobri esta modalidade através do filme ‘Yamakasi’. Depois, eu e o meu grupo de amigos, fomos a um sítio na Internet sobre parkour e começámos a experimentar alguns exercícios”, afirmou David Breda. “O sítio tem imensas informações desde vídeos até fóruns onde se podem marcar encontros e onde se ensinam os movimentos”.
Estes traceurs, termo dado aos praticantes de parkour, olham para os obstáculos da rua de maneira diferente dos comuns transeuntes. “Olhamos para eles como uma via para praticar parkour”, declararam.
O objectivo essencial do parkour consiste em saltar do ponto A para o ponto B, utilizando apenas o corpo. “Temos de ter agilidade. Por exemplo, uma pessoa que tenha força, mas não tenha técnica, não o consegue fazer. No fundo, o parkour acaba por ser uma filosofia de vida que toda a gente pratica, sem pensar, no dia-a-dia. Quando se salta uma poça de água, saltamos do ponto A para o ponto B, da forma mais rápida e fluida possível. Isto é parkour”, explicou David Breda.
No que diz respeito ao vestuário usado neste desporto David Breda afirmou: “É o mesmo que para ginástica: sapatilhas e um fato-de-treino. Umas luvas podem também ser úteis em alguns exercícios”. A alimentação também foi outro dos pontos em que, segundo nos confessaram, ambos os traceurs passaram a ter mais cuidado.
A boa forma física, a técnica, a concentração e a dedicação, são alguns requisitos necessários aos praticantes de parkour. “Para muitos é um desporto perigoso mas exige, acima de tudo, responsabilidade. Normalmente, quem começa quer logo fazer os exercícios mais complicados, como saltar telhados. Isso é perigoso, se feito sem prática e sem treino”, disse David Breda. João Luís acrescentou: “Devemos ser muito conscientes. Mesmo quem já tem alguma técnica e prática pode magoar-se. Já estive parado um mês porque fracturei uma costela”.
Nesta modalidade não existe competição e pode ser praticada em qualquer lado, basta que existam alguns obstáculos. Na Mealhada os locais preferidos pelos traceurs são a estação de caminhos-de-ferro, a urbanização da Quinta da Nora, a zona desportiva e as imediações da capela de Sant’Ana, da Igreja paroquial, do quartel dos Bombeiros. “Corremos estes locais todos de uma só vez. Às vezes paramos num deles para treinar alguns exercícios”, declararam os desportistas.
 “É um desporto com muita beleza”, declaram os traceurs mealhadenses que demonstraram três dos saltos mais praticados no parkour. “Temos o monkey, que é passar um obstáculo usando os braços e passando as pernas entre os braços na saída do obstáculo. Há também o pk roll, que é o rolamento usado para dissipar o impacto. E ainda o cat leap, que é um pulo com a recepção do salto feita com as mãos”, explicaram aos repórteres do Jornal da Mealhada.
Em relação à aceitação das pessoas, David Breda afirmou: “Nunca fomos abordados na rua, para tentarem saber o que é parkour ou o que é que estamos a fazer”. “Algumas pessoas pensam que estamos a estragar as coisas e não colocam a hipótese de estarmos a praticar um desporto”, acrescentou João Luís.

 Mónica Sofia Lopes

Reportagem publicada na edição impressa do Jornal da Mealhada de 4 de abril de 2007.