sexta-feira, 23 de agosto de 2013

...Saldanha “culpa” Câmara da Mealhada por prejuízo no Carnaval de Verão...



O Relatório de Contas relativo à gerência de 2012/2013 da Associação de Carnaval da Bairrada foi aprovado, por unanimidade, na noite do passado dia 1 de agosto. Apesar do evento em 2013 – Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada – ter dado prejuízo, a associação transita de ano com saldo positivo num valor de perto de dezasseis mil euros. A reunião, onde estiveram apenas três elementos das escolas de samba Amigos da Tijuca e da Real Imperatriz, ficou marcada pelo facto de Fernando Saldanha, presidente da direção da ACB, “culpar” a Câmara da Mealhada pelo prejuízo do ultimo Carnaval de Verão, uma vez que não financiou as vedações, a casa de banho e a energia elétrica; e ainda pela intenção de se terminar com a Tenda Gigante, onde decorrem as festas noturnas por altura do Carnaval, uma vez que a despesa é maior que a receita obtida.
“Em minha opinião este é o melhor relatório de contas que esta associação já teve. Louvo todos os intervenientes deste documento, bem como a direção”, começou por dizer João Peres, presidente da mesa da assembleia-geral, que acrescentou: “O Carnaval este ano só se realizou um dia e deu mais ou menos quinze mil euros negativos, mas do ano anterior havia trinta mil positivos, portanto, neste momento, o saldo é positivo em quinze mil euros. O prejuízo no Carnaval de 2013 deve-se ao facto de só ter havido um dia de desfile e com chuva, por isso julgo que houve uma gestão bastante cuidada para que se passe para 2014 com saldo positivo”.
Antes da aprovação do relatório, Hugo Rodrigues leu o parecer do conselho fiscal. “Examinámos o relatório e Contas da direção da Associação de Carnaval da Bairrada, as quais incluem o balanço em 31 de maio de 2013 (que evidencia um total de balanço de 50.463,70 euros e um total dos Fundos Patrimoniais de 50.431,08 euros, incluindo um Resultado Liquido Negativo de 15.863,77 euros, (…)”, lê-se no documento, que conclui: “Somos de Parecer que o Relatório e Contas da direção e as Demonstrações Financeiras referidas apresentam de forma verdadeira e apropriada, em todos os aspetos materialmente relevantes, a posição financeira da Associação do Carnaval da Bairrada em 31 de maio de 2013 e o resultado das suas operações no exercício findo naquela data, em conformidade com os princípios contabilísticos geralmente aceites”.

“Não estraguem dinheiro com o Carnaval de Verão”, apelou João Peres

Rui Frias, vice-presidente da mesa da assembleia-geral, quis saber como correu, financeiramente, o Carnaval de Verão, que se realizou no primeiro fim-de-semana do passado mês de junho. Fernando Castela, contabilista da associação, respondeu que “o relatório reflete as contas até ao dia 31 de maio de 2013. Como o Carnaval de Verão aconteceu a 1 e 2 de junho as contas só serão debatidas no documento que finda a 31 de maio de 2014”.
Fernando Saldanha, presidente da direção, garantiu: “O Carnaval de Verão deu prejuízo, mas as contas ainda não estão feitas por diversas situações, contudo, prevejo mais de mil e quinhentos euros de prejuízo”.
Hugo Rodrigues, presidente do conselho fiscal e o promotor do relatório que foi apresentado na assembleia, explicou: “Em maio já tínhamos gasto aproximadamente setecentos euros com o Carnaval de Verão, em licenças na Câmara da Mealhada e com a Sociedade Portuguesa de Autores”.
João Peres, dirigindo-se ao presidente da direção da ACB, afirmou: “Não voltes a fazer o Carnaval de Verão, apenas porque entendes que o deves fazer! Podes fazer cinquenta Carnavais de Verão que vais sempre ter prejuízo”. “Espero que vos sirva de exemplo e que não voltem a estragar dinheiro neste evento. Não resulta e difama o ‘nosso Carnaval’ de fevereiro”, acrescentou.
“No último domingo, em fevereiro, que se tentou fazer o desfile de Carnaval, as escolas de samba junto dos órgãos sociais da ACB falaram logo de que queriam um Carnaval de Verão”, garantiu Hugo Rodrigues. Rui Frias também afirmou: “Independentemente do prejuízo, eu não acho que tenha sido um evento mal apostado. As escolas de samba gostaram de atuar!”.
Mas para Fernando Saldanha o problema passou pela não colaboração da Câmara da Mealhada no evento. “Eu não contava que a Câmara não cedesse as vedações, a casa de banho e não pagasse a luz. Se tivessem ajudado nisto, o Carnaval de Verão não tinha dado prejuízo”, declarou o dirigente, que ainda acrescentou: “O Carnaval de Verão dá prejuízo, mas o Festival de Samba também!”.
Mas para João Peres “o início do Carnaval do ano seguinte é sempre o Festival de Samba”. “Se não fizeres este evento, não tens Carnaval no ano seguinte!”, garantiu.

“A Tenda existe para dar lucro, não para dar prejuízo”

No ponto seguinte, o do Plano de Atividades e Orçamento para a gerência de 2013/2014, os elementos da direção prevêem, nas receitas, receber um subsidio da Câmara da Mealhada no valor de oitenta e um mil euros e de bilheteiras trinta e cinco mil. Em relação à animação noturna da Tenda Gigante prevê-se receitas no valor de dezanove mil euros; mais quatro mil referentes a patrocínios e publicidade sonora e estática; e no Carnaval de Verão seis mil euros.
Ao nível de despesas o Orçamento refere que serão gastos cerca de vinte e sete mil euros com carros alegóricos; treze mil e quinhentos com o Rei e Rainha; trinta e dois mil euros em subsídios às escolas de samba; dezanove mil e quinhentos euros com a logística necessária à realização do corso; cinco mil euros com o Festival de Samba; doze mil e quinhentos euros no Festival de Samba; vinte e três mil euros com a Tenda Gigante; três mil setecentos e oitenta euros com custos administrativos; sete mil e quinhentos euros no Carnaval de Verão; e ainda o valor de mil e duzentos euros estipulados para qualquer eventualidade.
Neste ponto da ordem de trabalhos, o valor mais discutido foi o da Tenda Gigante, uma vez que se prevê uma receita de dezanove mil euros e um gasto de vinte e três mil euros, onde só o seu aluguer custa oito mil e seiscentos euros. “A Tenda Gigante não dá lucro, tem que se acabar com ela. A Tenda existe para dar lucro, não para dar prejuízo”, afirmou João Peres, que acrescentou: “A Câmara da Mealhada dá dinheiro para os corsos, não é para festas noturnas”. Também Fernando Saldanha se mostrou “contra a existência da Tenda Gigante”. “Só é importante para a apresentação das escolas de samba na noite de sexta-feira”, garantiu.
Levado a votação, o Orçamento do próximo ano foi aprovado por maioria, com três abstenções e o voto contra do presidente da mesa da assembleia-geral. Na sua Declaração de Voto, João Peres afirmou: “Voto contra por não ter sido apresentado o Plano de Atividades e também porque não concordo com este Orçamento. Há aqui despesas que devem ser revistas. A Tenda Gigante foi feita para ajudar nas receitas e não para contribuir para as despesas. Lamento ainda que os elementos que elaboraram o Orçamento terem sido os únicos a aprovar o documento. No mínimo deveriam abster-se”.
Lamentando apenas estarem dois sócios dos Amigos da Tijuca e um da Real Imperatriz (nem Sócios da Mangueira, nem Batuque se fizeram representar), João Peres afirmou: “Amanhã não se podem queixar deste orçamento ter sido aprovado”.
Fernando Saldanha, no final, agradeceu “todo o trabalho que o Hugo Rodrigues teve”, lamentou “não estarem na assembleia elementos das escolas de samba” e informou de que o Festival de Samba se vai realizar nos dias 13 e 14 de setembro.

Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada no quinzenário Jornal da Mealhada de 31 de julho de 2013.
Fotografia de Inês Tafula

domingo, 18 de agosto de 2013

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

...António Jorge Franco quer que Bussaco seja Património da Humanidade...



Pensada há anos, António Jorge Franco, presidente da Fundação Mata do Bussaco, que já tornou pública a sua decisão de deixar de o ser antes do fim do ano, não tem dúvidas que esta é a melhor altura para “a constituição de uma equipa de trabalho, promovida pelo Estado português, para se começar a preparar a candidatura da Mata do Bussaco a Património da Humanidade”. Mas segundo o presidente da Câmara da Mealhada, Carlos Cabral, em declarações à Lusa, o processo poderá ser “travado”, uma vez que a lei dos compromissos aliada à lei das fundações "impede as entidades públicas de apoiarem" a Mata do Bussaco.
“Penso que está na hora do estado português se envolver na constituição de uma equipa para se candidatar o Bussaco a Património da Humanidade”, afirmou, ao Jornal da Mealhada, António Jorge Franco, que acrescentou: “Já temos a Fundação, temos projetos feitos, tudo indica que seremos certificados a nível mundial e era importante começar-se a trabalhar uma equipa multidisciplinar, o mais rapidamente possível. O processo é muito complexo, mas temos condições para avançar com isso. Temos é que ter várias entidades unidas para que seja possível”.
Em contactos há ano e meio, o responsável pela Fundação Bussaco garante que “depois da Universidade de Coimbra, faz sentido pensar-se no Bussaco”. “A Mata do Bussaco tem condições para ser Património da Humanidade, haja vontade!”, garantiu ainda António Jorge Franco.


Mas para Carlos Cabral o processo poderá ser travado antes de começar. "A câmara pode ir bem longe no apoio. A Mata do Bussaco é a nossa jóia da coroa e temos capacidade para apoiar fortemente na recuperação de anos e anos de abandono. Foi feito mais nos últimos três ou quatros anos (desde a criação da Fundação Mata do Bussaco) do que nos anteriores vinte anos, foi restituída a dignidade à mata. A administração central, que foi incapaz de gerir a Mata do Bussaco, impede agora que esta seja apoiada por entidades municipais", disse à Lusa o edil, que acrescentou: “A Fundação Mata do Bussaco não pode ser apoiada por entidades públicas. Sei agora que existe um parecer da Secretaria de Estado da Administração Pública que diz que essa determinação não se aplica às câmaras. Das duas, uma: ou as câmaras não são entidades públicas e já foram privatizadas ou então há algo que esta mal. Esse parecer já foi recebido pela Fundação, mas a Câmara já insistiu no sentido de nos esclarecerem e nada dizem. Se nos enviarem parecer semelhante, serve perfeitamente”.

Texto de Mónica Sofia Lopes, publicado no quinzenário Jornal da Mealhada de 31 de julho de 2013.

quarta-feira, 7 de agosto de 2013