terça-feira, 16 de abril de 2019

...Boa Páscoa malta!...




Nas últimas horas tem-me vindo à memória, vastas vezes, a dissertação de um antigo presidente de uma Câmara da região que, mesmo que não tenha utilizado estas palavras, apelou, tenho ideia que num discurso de tomada de posse, para que os munícipes sempre que tenham um buraco na sua rua não liguem em primeiro lugar para os jornais, porque não são eles que vão levar a picareta a lado nenhum. (Faz de mim velha pensar que já lá vão uns anos valentes!)
É certo que à primeira vista isto me parece uma incoerência se pensar que os jornais levam a que secretários de Estado se demitam por notícias vindas a público e que as notícias podem contribuir para que a população tenha conhecimento de que um pequeno “grande” atleta (às vezes nosso vizinho) precisa de apoio para representar o seu país num campeonato fora de portas.
É verdade e, sendo eu jornalista de profissão, nem me passa pela cabeça não achar que posso mudar, de alguma forma, o mundo, nem que muitas vezes ele tenha 1,20m de altura ou o diâmetro de uma sala de estar.
Mas voltemos à tal tomada de posse e ao entendimento que fiz do discurso de um antigo autarca que, passados largos anos, mantenho da mesma maneira (salvaguardando que se trata meramente da minha opinião).... É quase como ir a passar numa estrada, ver um acidente e antes de ligar para o 112, telefonar para os meus cinco irmãos (fictícios) a contar a parte do corpo que consegui ver a mexer. Percebi naquela altura que o desabafo apelava a uma intervenção direta do problema, tendo em vista a sua resolução e não a sua proliferação.
Se esse autarca hoje vivesse este mundo feroz das redes sociais não imagino que apelo faria. Certamente nem o faria porque não teria qualquer proveito disso. Seria em vão...
Eu utilizo as redes sociais. Diariamente e 90% para efeitos profissionais. De vez em quando também me dá para postar a tal fotozinha na praia, de um café, de um copo de vinho ou até um mero apelo ao silêncio, uma manifestação pessoal. Também me dá para essas publicações que, como diz alguém cá de casa que não usa redes sociais, “não acrescentam nadinha à vida dos outros, muito menos à tua!” (se isto fosse uma peça de teatro era aquela parte em que se escrevia “risos”).
Mas às vezes também me apetecia queixar, publicamente, de um vinho que comprei ter sido uma autêntica fraude ao meu paladar; daquela senhora da loja que, mesmo eu sendo cliente diária, me atende como se fosse um fardo de cada vez que entro na sua loja para gastar uns míseros euros; ou até mesmo o leitão que, naquele dia não me caiu nada bem, e eu insisto em pensar que a culpa é do(a) senhor(a) que mo serviu. Apetecia-me gritar ao mundo e cá para os meus botões era bem merecido às vezes!
Mas se é bem verdade que são precisos anos de luta para construir uma “casa” e um negócio, bem sei que em segundos, meras publicações em redes sociais, a colocam em causa e a descredibilizam!
É o mundo em que vivemos e resta-nos saber lidar com isso de alguma forma. A mim a irritação passa-me com um copo de espumante bruto (dos bons), uma aulinha de ioga ou um beijinho da minha MM (nem sempre posso ter as três coisas!).
Findo o pensamento, cá estou na minha semana laboral, que passa, pelo menos para já, por uma entrevista a um presidente de Junta, uma reunião pública num concelho da Bairrada, a apresentação de um cartaz cultural de uma sala de espetáculos e uma reunião extraordinária numa Autarquia bairradina com um único ponto. Haja saúde (e um bocadinho de gasóleo) que eu estarei nelas todas!

Boa Páscoa!