quarta-feira, 27 de junho de 2018

...(trans)crever "sobre a depressão"...

Em conversa com uma amiga percebi que ela atravessa qualquer coisa parecida com o que já vivi, há muitos anos, e que recordo como uma das piores épocas da minha vida, quando fui apanhado por uma depressão. (o arrumadinho)
Sou, por natureza, muito positivo, optimista, bem-disposto e sempre tive muita força na hora de superar problemas ou dramas, fossem eles quais fossem. Nunca me deixei ir abaixo, estive sempre um passo à frente das consequências, soube prevê-las, combatê-las preventivamente. Até um dia.
Um dia percebi que estava deprimido. Não havia uma causa óbvia e única, não conseguia apontar um problema efectivo, novo ou suficientemente grave que explicasse o que se estava a passar comigo. Hoje, parece anedótico, mas lembro-me perfeitamente de quando tive a certeza de que precisava de ajuda, que algo de muito errado se estava a passar comigo. Era domingo, estava deitado no sofá a ver o Benfica. Marcámos um golo. Eu não me mexi. Não tive vontade de sorrir, de festejar, de gritar. Quem me conhece, quem já viu futebol comigo, sabe que eu salto do sofá a festejar mesmo que já estejamos a ganhar por 10-0, grito sempre todos os golos de forma entusiasmada, sou verdadeiramente feliz naqueles segundos. Nesse domingo, senti-me dominado por qualquer coisa, possuído por uma força negativa que não me deixava sorrir, ser feliz, estar bem comigo ou com os outros. Era uma pessoa cinzenta, isolava-me frequentemente, preferia fazer quase tudo sozinho, e quase nada me alegrava.
Quando comecei a pensar no que poderia estar a passar-se comigo achei que talvez o problema tivesse a ver com um chatice familiar que estava a atravessar. Mas não podia ser isso, era de menos, não era, sequer, uma coisa totalmente nova. Podia ser também algo relacionado com o meu casamento, com a falta de entusiasmo profissional, mas nenhuma dessas coisas eram assim tão graves. Havia algumas rotinas que me transtornavam, coisas que fazia por obrigação e que não me apetecia fazer, tudo me passava pela cabeça, mas não conseguia chegar a uma causa. Talvez fosse tudo aquilo, todas as pequenas coisas que me tinham consumido a energia positiva e me haviam tornado num resto de mim mesmo, numa sombra que não reconhecia ao espelho. Aquele não era eu.
Procurei ajuda. Preferi um psicólogo, já que não quis correr riscos de me tornar dependente de fármacos. Nunca tomei comprimidos na vida, nunca fumei, nunca bebi, nunca tive qualquer vício que não roer as unhas, e tudo o que sejam dependências assustam-me.
Encontrei um psicólogo que tinha tudo a ver comigo. Também ele fora jornalista, entendia melhor que qualquer outra pessoa a vida e o ritmo de quem trabalha num jornal diário, por isso, tudo me pareceu mais fácil. Durante várias sessões, falei incessantemente. E falei de tudo. Desde os tempos de infância até aos dias actuais, aos projectos, as frustrações, tudo. O psicólogo limitou-se a tomar notas e a ouvir-me, dando-me apenas tópicos de conversa. No final, percebeu o que eu já tinha percebido, que atravessava uma depressão, mas não me deu uma receita para sair dela, nem sequer me mostrou um caminho. Disse-me simplesmente que teria de ser eu a ir buscar aquilo que sempre tive dentro de mim, a força interior, e, sozinho, entender por onde tenho de ir.
Quando cheguei ao fim das sessões, e quando praticamente só tinha falado, percebi que alguma coisa havia mudado em mim. Achei que podia ser apenas aquela sensação de alívio por ter desabafado, falado de tudo abertamente com alguém, sem preocupações quanto a julgamentos, sem ter a necessidade de me conter, de não magoar, e se calhar até foi um pouco isso, mas não foi só. Ao longo daquelas semanas fui procurando, na minha cabeça, o caminho que queria seguir. Hoje, à distância, sinto que o que me atirou abaixo foi a indecisão, foi o deixar a vida em suspenso, uma vida que não era particularmente feliz, mas que eu ia apenas vivendo, deixando passar, de forma conformada e, aos olhos de todos, totalmente realizada – afinal, era casado há pouco tempo, tinha uma casa nova, um bom emprego, ganhava bem e era ainda bastante novo. Só que os olhos dos outros não nos vêem por dentro, e até eu teimava em olhar-me com os olhos dos outros. Dizia a mim mesmo que não havia razões para me sentir assim, que tudo me corria bem. Estava enganado. Percebi-o quando aprendi a olhar para dentro, um exercício que aprendi com o psicólogo, e que ainda hoje me ajuda.
Tudo isto para dizer que até os que se julgam e sentem mais fortes podem levar safanões da vida que os podem atirar abaixo. O exercício de nos voltarmos a erguer, esse, torna-nos maiores, mais fortes, mais protegidos contra novas vagas. Uma coisa é certa: se nos mentalizarmos de que não seremos derrotados, se lutarmos com todas as nossas forças, se superarmos todos os limites, uma e outra vez, conseguiremos ultrapassar quase tudo. A vida proporciona-nos tudo, mas não nos dá nada. Mas se nos desse tudo, então, também não teria metade da graça.

Imagem: Graehawk (pixabay.com)

domingo, 10 de junho de 2018

...sorrir...




Hoje o dia pareceu bem maior do que qualquer um dos últimos...
Hoje o dia foi importante para o «Bairrada Informação», mas para mim especialmente, por alguns gestos com que fomos brindados - obrigada pela simpatia Rei dos Leitões - e por algumas conversas que fomos tendo...
Hoje o dia foi mediático. Para o BI, para a Joana Fernandes - Joaninha, Joana F. -, mas principalmente para todos os que passaram pelo nosso expositor na FESTAME. Se há dias que foram feitos para fazer sorrir as pessoas, hoje eu fiz parte de um deles. Obrigada à Joana por nos ter feito tamanha visita. Obrigada amigos, conhecidos e fãs da Joana F. por não terem deixado que este momento fosse pequenino como é o tamanho/altura da "vossa Joaninha" :)...
Hoje os Sócios da Mangueira subiram ao palco da FESTAME para atuarem com a cantora brasileira Fafá de Belém. Com a Mangueira não foi uma escola a atuar naquele palco, levou também consigo o Carnaval da Mealhada. E isso será, sem dúvida, o que nos deve sempre orgulhar a todos!

Obrigada Andreia e Joana por terem estado lá! Obrigada Nuno e senhor Moura por estarem sempre comigo!