segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

...Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada...



Obras à entrada da Mealhada poderão colocar em causa afluência ao evento

Não é só a redução financeira por parte da Câmara da Mealhada para a realização do evento de 2016 que está a preocupar os dirigentes da Associação de Carnaval da Bairrada (ACB). Em conferência de imprensa, realizada na manhã do dia 18 de janeiro, a ACB mostrou-se reticente em relação às obras da “Ponte do Gameiro”, na cidade da Mealhada, que têm cortada a Estrada Nacional 1 nos próximos meses, e faz um apelo aos visitantes: “Não se vençam pelo cansaço”.
Os dirigentes da ACB colocaram, para a edição de 2016 do Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada, a tónica em três pontos-chave: “Desfile Trapalhão, apresentação das escolas de samba e corsos de Carnaval”.
Segundo Nuno Canilho, membro da direção da ACB e responsável pela Comunicação, o “’Desfile Trapalhão’ procura ser uma programação alternativa à marca ‘luso brasileiro’. É um desfile clássico, português, descontraído e sem alinhamento”. Por outro lado, “é uma homenagem ao fundador do Carnaval, Luís Marques, pois o evento realizou-se no centro da Mealhada, desde 1971 a 2001”. “Pelos contactos que temos tido, parece-nos que vai ser bastante participado, mas continuamos a desafiar as associações culturais do concelho. Dentro da informalidade podemos ter apontamentos históricos…”, acrescentou.
Em relação à apresentação das escolas, na noite de sexta-feira anterior ao primeiro corso, dia 5 de fevereiro, o evento realizar-se-á no Sambódromo Luís Marques e a entrada é livre. “Esta é a altura em que as escolas apresentam o seu enredo e samba-enredo, isto é, apresentam o tema e música. É sempre uma oportunidade para que as escolas se apresentem e vejam as outras. Há um intercâmbio entre elas e procura ser um Carnaval para todos”, continuou Nuno Canilho.
O momento sempre mais aguardado é o dos corsos, que este ano se realizam a 7 e 9 de fevereiro, no Sambódromo Luís Marques. E aqui o que preocupa os dirigentes é o facto de a Estrada Nacional 1 estar cortada na entrada da Mealhada, para quem vem de sul, o que faz com que o único acesso seja pelo cruzamento da Predulha, no caminho que dá acesso à Autoestrada 1. “Não percam logo a paciência por verem as coisas diferentes”, apelam os dirigentes, que ainda garantem: “Vamos tentar melhorar a sinalização dos acessos para que ninguém se vença pelo cansaço!”.

Mil figurantes em cada corso

E para quem vem assistir aos corsos tem como principal atração as atuações das escolas de samba. Assim, o Grémio Recreativo Escola de Samba Batuque (Mealhada) apresentará o tema “E não viveram felizes para sempre”, que se centra nos vilões das histórias populares; o Grupo Recreativo Escola de Samba Real Imperatriz (Casal Comba) apresentará “Carmen Miranda para sempre”; a Associação Sociedade Mangueirense (Póvoa da Mealhada) desfila com o tema “Bem Vindo ao Parque de Diversões”, onde se destacará as feiras populares; e o Grémio Recreativo Escola de Samba Amigos da Tijuca (Enxofães) tem como tema “Yes We Can”, que fará uma homenagem aos Estados Unidos da América.
Para além das escolas de samba, atuam ainda, entre outros, um grupo popular de dança chinesa e um grupo do norte designado de “Desafio da Arte”. Estima-se que sejam perto de mil figurantes, ao todo, em cada corso.
O preço de cada entrada é de cinco euros, acrescendo três euros para bancada VIP e dois euros para bancadas corridas. Os interessados devem contactar a ACB caso pretendam a compra antecipada dos bilhetes (http://www.carnavalmealhada.com/).
O trajeto do desfile é idêntico ao do ano passado, com saída junto ao sintético do Grupo Desportivo da Mealhada, seguindo em direção à Escola Profissional Vasconcellos lebre e terminando junto às Piscinas Municipais.

Rei será um produto endógeno da região

E em relação ao rei? “O ano passado (que o rei foi um leitão) correu muito bem e as pessoas perceberam que o rei brasileiro era um mito. Este ano vamos homenagear um produto endógeno da região. Vamos procurar enaltecê-lo e divulgá-lo”, respondeu Nuno Canilho aos jornalistas.

Diminuição de verba da Câmara “cancela” publicidade do evento

A redução da verba por parte da Câmara da Mealhada, de oitenta e quatro para sessenta mil euros, também foi abordada. “Tínhamos um orçamento até meados de dezembro e, a partir dessa altura, tivemos que nos reestruturar às novas condições, aos novos valores. Foi tudo muito em cima do Carnaval”, declarou Bruno Peres, vice-presidente da ACB, que estima gastar neste Carnaval cerca de cem mil euros (os sessenta da autarquia e os quarenta de lucro da edição anterior). “Vai ser difícil cumprir este valor porque muita coisa já estava afeta”, continuou o dirigente, que garante que o corte “começa na divulgação do evento”. “Estamos a tentar que isto não reduza o impacto da festa”, acrescenta.
O dirigente garantiu ainda que o volume maior da verba “vai para as escolas de samba e houve reforço de algumas verbas para os grupos contratados”. “Estamos focados nos dois dias de desfile e, por isso, vamos também tentar reforçar as bancadas”, concluiu Bruno Peres.
E Nuno Canilho enfatiza a ideia: “O espetáculo não é posto em causa. Não houve cortes às escolas de samba e grupos. Aliás, face ao ano passado, até houve um aumento”.

Bares e cafés terão a responsabilidade de fazer os festejos noturnos

O corte, para além da publicidade, notar-se-á na animação noturna, com a falta da “tradicional” Tenda Gigante, no Sambódromo Luís Marques, contudo, os dirigentes da ACB garantem que não faltará festa na Mealhada. “Haverá uma animação noturna muito forte que ficará a cargo dos comerciantes e empresários”, afirma Nuno Canilho, que vê nisto “um teste para quem sempre disse que a Tenda colocava em causa os agentes locais”.

Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 963, de 20 de janeiro de 2016.

Sem comentários: