terça-feira, 29 de dezembro de 2015

...Lameira de Santa Eufémia...



“Se a Fábrica da Baganha laborou, então fê-lo ilegalmente”

A fábrica de extração de óleo alimentar, que opera na Lameira de Santa Eufémia, no Luso, denominada de Alcides Branco & C.ª SA, está a ser alvo de vigilância apertada por parte da Comissão Eventual de Acompanhamento desta empresa, que é constituída por um conjunto de elementos nomeados pela Câmara Municipal da Mealhada. A “intensificação de vigilância” surge após uma “reunião de emergência”, que se realizou na tarde do dia 14 de dezembro em detrimento dos maus cheiros que foram libertados nos últimos dias. “Têm sido dados sinais de que a empresa está a laborar e a ser assim, estará a fazê-lo de forma ilegal”, declarou, ao Jornal da Mealhada, Rui Marqueiro, presidente da autarquia, que não esconde a indignação por a empresa “estar a violar o acordo judicial em vigor que impede a fábrica de laborar”.
Nos últimos dias, largas dezenas de mealhadenses têm "inundado" as redes sociais com críticas muito contundentes aos maus cheiros provenientes da referida fábrica de extração de óleo alimentar, conhecida por “Fábrica da Baganha”. O fumo, prova de que a fábrica estará eventualmente a laborar, já tinha sido avistado há algumas semanas.
Este facto levou a que fosse convocada uma reunião de emergência no passado dia 11 e na altura, em comunicado, o edil afiançou que não hesitará um segundo em "tomar as medidas que forem necessárias para, nos termos da Lei, acabar, de uma vez por todas, com uma situação indigna para o concelho da Mealhada e injustamente penalizadora dos munícipes que são obrigados a suportar cheiros incrivelmente nauseabundos, pagando, sem culpa, uma elevada fatura ambiental".
“Se se confirmar a laboração da fábrica, os elementos da comissão alertam-me e eu farei chegar esse facto ao Tribunal”, acrescentou, ao Jornal da Mealhada, o edil.
A Comissão Eventual de Acompanhamento da Alcides Branco & C.ª SA é constituída por Nuno Salgado, juiz jubilado; um representante da Guarda Nacional Republicana; Nuno João, comandante dos Bombeiros Voluntários da Mealhada; pela Delegada de Saúde da Mealhada; por Manuel Antunes (antigo funcionário da fábrica); e por Claudemiro Semedo, presidente da Junta de Freguesia do Luso.

Tribunal “encerrou” fábrica em 2014

Recorde-se que Câmara Municipal da Mealhada decidiu interpor uma providência cautelar contra a unidade fabril depois de, durante o verão de 2014, ter recebido inúmeras queixas da população, ter visto uma equipa abandonar o Centro de Estágios do Luso por não aguentar os cheiros e os fumos que se faziam sentir e por ter tido conhecimento do incumprimento de vários requisitos legais para a manutenção da licença provisória por parte da empresa.
A providência cautelar entrou no Tribunal Administrativo e Fiscal de Aveiro no dia 17 de outubro de 2014 e meia dúzia de dias depois foi aceite por esse tribunal, levando assim a que a Direção Regional de Economia do Centro fizesse cumprir, de acordo com o artigo 128 do Código de Processo dos Tribunais Administrativos, o pedido do Município da Mealhada para que “em defesa dos interesses de saúde pública, do ambiente e da qualidade de vida” a unidade fabril fosse encerrada provisoriamente até a decisão da providência cautelar e da ação principal.

Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 961, de 23 de dezembro de 2015.
Fotografia de Arquivo JM.

Sem comentários: