quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

...Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada...

Câmara da Mealhada reduz apoio monetário em 24 mil euros

O executivo da Câmara Municipal da Mealhada aprovou, por maioria, em reunião pública, realizada na passada segunda-feira, dia 7 de dezembro, o corte de vinte e quatro mil euros para o Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada na edição de 2016. A notícia, contudo, foi avançada pelo Diário de Aveiro, uns dias antes da reunião, o que levou a que a direção da Associação de Carnaval da Bairrada enviasse uma carta a Rui Marqueiro, presidente da autarquia, a manifestar o seu descontentamento.
A verba disponibilizada pela Câmara da Mealhada ao Carnaval, nos últimos anos, foi de oitenta e quatro mil euros. Este ano o executivo decidiu descer para sessenta mil euros, justificando que esta descida se deve ao facto do Carnaval em 2015 ter tido um lucro de cerca de quarenta mil euros. O corte, contudo, salvaguarda “casos de necessidade”, tais como, as más condições climatéricas, e assim, Marqueiro garante poder apoiar com mais verba, que possa atingir os oitenta e quatro mil euros.

“Não podemos ser penalizados por termos sido sérios”

O Jornal da Mealhada teve acesso à carta enviada por Filipa Varela, presidente da direção da Associação de Carnaval da Bairrada, a Rui Marqueiro. “(…) Esse valor positivo (referindo-se aos quarenta mil euros) – que não é inédito, longe disso, podendo até considerar-se periódico – permitiu renovar equipamentos, fazer aquisições que há muito iam sendo adiadas, no sentido de a ACB conseguir um dia ter maior autonomia e sustentabilidade face ao financiamento público. (…) O reconhecimento por termos sido sérios, rigorosos, diligentes e poupados – acreditando sempre que o financiador público, a população, não merecia menos do que isso – não pode ser a penalização e o corte de quase um terço do valor atribuído no ano passado. O gesto do Município perante uma gestão cuidada e criteriosa não nos parece que deva ser a da censura pela afirmação de que uma associação sem fins lucrativos não deve ter resultados positivos”.
E Filipa Varela apela ainda: “Estamos a cinquenta e sete dias da data prevista para os inícios dos festejos carnavalescos na Mealhada. Estamos já há muitos meses a trabalhar no sentido de termos um evento que dignifique a Mealhada e a sua população. Muito do trabalho está praticamente pronto, muito do investimento está comprometido, quase tudo o que devia estar comprado, já está comprado. (…) Procurar discutir isto, nesta fase, é algo que nenhum dos elementos da direção da ACB merecia nesta altura, e muito menos merecia a própria associação, com quarenta anos de história e um serviço de voluntariado e promoção do concelho e das suas gentes”.

ACB projetou orçamento com base em 84 mil euros

Já na semana passada, a presidente da direção da ACB se tinha mostrado preocupada com a indefinição do valor dado pela Câmara da Mealhada. Na altura, ao Jornal da Mealhada, a dirigente declarou: “Contamos que o valor disponibilizado seja, pelo menos, o do ano passado, oitenta e dois mil euros. Foi com essa base que estipulámos o nosso orçamento para o próximo Carnaval. Mas e se não for? Teremos que rever tudo o que foi feito”.
“Já houve um adiamento da segunda tranche de verba às escolas, que está estipulado em protocolo. Conseguimos dar a primeira tranche (cerca de vinte e cinco por cento do valor global, tendo em conta o número de total de figurantes de cada escola), porque tínhamos quarenta mil euros de saldo positivo do Carnaval deste ano”, explicou na altura.

Mangueira e Tijuca ainda não assinaram protocolo com a ACB

Mas não será só esta a preocupação dos elementos diretivos da ACB, uma vez que em nota publicada na página oficial do “Carnaval da Mealhada” na rede oficial Facebook, pode ler-se que “no final do mês de outubro a ACB apresentou às quatro escolas de samba o protocolo de participação no Carnaval de 2016 – com as condições de financiamento, direitos e obrigações das escolas, etc. Digamos que se trata de um contrato entre a ACB e as escolas. Neste momento, assinaram o protocolo duas escolas de samba (Batuque e Real Imperatriz), aguardamos pela assinatura de mais uma e aguardamos que uma quarta escola nos dê conta se vai ou não assinar o protocolo (e participar nos desfiles)”, referindo-se às escolas Amigos da Tijuca e Sócios da Mangueira.
Nuno Canilho, também da direção da ACB, garantiu, ao nosso jornal na semana passada, que “esta indefinição está a fazer com que, por exemplo, ao nível dos carros alegóricos (que é da competência da Associação de Carnaval) a construção esteja parada para essas duas escolas”.

Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 960, de 9 de dezembro de 2015.

Fotografia do Carnaval de 2015.

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