segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

...E se o concelho da Mealhada mudar de distrito?...

Os deputados na Assembleia Municipal da Mealhada vão começar a “discutir”, na noite da próxima sexta-feira, dia 28 de novembro, a intenção, relevada pela bancada socialista, de o concelho da Mealhada passar do distrito de Aveiro para o de Coimbra. As razões ainda não são conhecidas, mas das restantes bancadas paira um sentimento de “surpresa”. Já para a população o assunto é favorável, pois “não aquece, nem arrefece”.
O tema há já alguns anos que é abordado em Assembleia Municipal, mas neste mandato, a primeira vez aconteceu na última reunião e pelas “mãos” da bancada do Partidos Socialista. Ao Jornal da Mealhada, e enquanto presidente da Comissão Politica na Mealhada do PS, Arminda Martins explica que o partido “entendeu começar a discutir este assunto e para isso criou um grupo de trabalho”. Para a também vereadora na Câmara da Mealhada, “os tempos são outros” e seja qual for a decisão política, “a população terá que ser ouvida”. “Isto será um processo longo que remeterá a um conjunto de formalidades que têm que ser efetuadas”, conclui Arminda Martins.
E é o sufrágio que as bancadas da oposição pedem. “Não entendemos bem o porquê deste assunto ser abordado agora, até porque não estava no programa eleitoral de qualquer força partidária”, começa por dizer Isabel Lemos, da bancada da CDU – Coligação Democrática Unitária, que acrescenta: “Antes do assunto ser levado a Assembleia Municipal deve ser sufragado”. “Parece-me que se está a querer desviar as atenções de coisas importantes e reais, como é, o da União de Freguesias”, acrescenta.
Bruno Coimbra, deputado na Assembleia Municipal pela coligação “Juntos pela Coligação da Mealhada”, garantiu que os deputados da bancada em questão vão reunir na noite de amanhã, quinta-feira, para ser tomada uma posição sobre o assunto. “Estamos surpresos com este tema. Não me parece que esteja na agenda dos mealhadenses, mas é certo que está na do Partido Socialista”, declarou, ao Jornal da Mealhada, o também deputado na Assembleia da República natural do Luso, que acrescenta: “Todos os temas devem ser debatidos e alvo de um estudo aprofundado. Quero ouvir muitas pessoas sobre esta matéria, pois estamos a falar de uma mudança territorial grande, que engloba uma alteração geográfica/distrital no país”.
Parco em palavras, Rui Marqueiro, presidente da Câmara da Mealhada, garante que “o assunto vai ser discutido durante o tempo que for necessário” e exemplifica que a população da Mealhada se identifica mais com Coimbra do que com Aveiro, aos níveis “da saúde, cultura e educação, por exemplo”.

População diz “sim” à mudança

E na primeira abordagem, a população manifesta-se a favor desta mudança. “Enquanto munícipe do concelho da Mealhada vejo com muito bons olhos a possibilidade do nosso concelho passar a ser parte integrante do distrito de Coimbra. Na prática, e fora alguns assuntos mais burocráticos que têm de ser tratados em Aveiro (lembro as Instituições Particulares de Solidariedade Social e as suas deslocações à Segurança Social de Aveiro), temos uma ligação muito maior com Coimbra pela sua proximidade, com especial atenção pela Saúde (Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra) e pelo Emprego (Instituto de Emprego e Formação Profissional)”, declara o munícipe Tiago Ângelo, que acrescenta ainda: “Como lusense e ‘amante’ do Bussaco vejo nesta troca de distrito uma forte possibilidade de melhorar as sinergias criadas com o concelho de Penacova (também do distrito de Coimbra) em assuntos relacionados com a Mata Nacional do Bussaco e sua zona periférica. Para mim, sede de distrito, será Coimbra sem dúvida”.
Sónia Nabais, residente na Pampilhosa e detentora de uma empresa de animação turística no concelho da Mealhada, ao Jornal da Mealhada, declarou: “Nunca pensei bem nas implicações de uma mudança dessas, mas a verdade é que trato de todos os assuntos fiscais em Coimbra. Julgo que a mudar, e tirando a parte burocrática, pouco notaríamos de diferença”.

Também Andreia Rosa, residente no Canedo, confessa que “pela proximidade, resolve todos os assuntos em Coimbra”. “Em tempos se precisasse de passaporte ou Bilhete de Identidade com urgência, tinha que ir a Aveiro, por ser o distrito da Mealhada. Agora nem isso….”, afirma a jovem, que acrescenta: “Acho que muitas pessoas se perguntam porque pertencemos a Aveiro se vivemos ao lado de Coimbra”.

Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 933, de 26 de novembro de 2014.

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