sexta-feira, 11 de julho de 2014

...Entrevista a Luís Simões...



“‘Amor à camisola’ não pode significar que o GDM é um clube de ‘coitadinhos’”



Chama-se Luís Simões, tem quarenta e dois anos, é licenciado em desporto e tem duas décadas de vida ligadas ao futebol. Foi treinador do Anadia Futebol Clube, do Sport Clube Alba, do Recreio Desportivo de Águeda e do Futebol Clube da Pampilhosa. Foi ainda diretor-adjunto do Futebol Clube de Penafiel, da Associação Desportiva Sanjoanense e do Clube Desportivo de Estarreja e selecionador distrital da Associação de Futebol de Aveiro. Mas o seu percurso começou, em 1995, no Grupo Desportivo da Mealhada (GDM), como treinador das equipas de Iniciados e Juvenis e treinador-adjunto dos Seniores, tendo o clube atingido, nesse ano, a Taça da Associação de Futebol de Aveiro e a subida de divisão. Agora, na época desportiva de 2013-2014, a oito jornadas do fim, o GDM “recuperou” Luís Simões e conquistou a tão desejada manutenção de divisão da equipa sénior.

 

Quando os responsáveis do GDM o abordaram, a poucas jornadas do final do campeonato, para treinar e salvar a equipa da despromoção, aceitou logo?

Recebi o convite do presidente do clube e o que mais pesou na minha decisão foi o facto de voltar a uma casa que me viu nascer e crescer. Devo muito a “esta casa”.

O convite foi tão inesperado, como inesperada foi a saída do treinador do Mealhada, para mim. Mas aceitei e tentei ajudar o clube numa fase difícil.



Como encontrou a equipa, sabendo que alguns jogadores abandonaram o campeonato a meio e o clube teve que “recorrer” à equipa de Juniores?

Uma equipa que a oito jornadas do fim está em penúltimo lugar é sempre uma equipa fragilizada. Se juntarmos aos maus resultados desportivos, o facto de nenhum jogador receber nada, a nível monetário, a motivação começa a escassear. Ora, tudo isto levou mesmo a que alguns abandonassem “o barco”.

Mas quando eu “peguei” na equipa, a oito jornadas do fim, tive que deixar o passado lá atrás. Unimos esforços entre jogadores, treinadores e dirigentes e recorremos aos Juniores, que vieram provar que a formação do GDM tem cada vez mais qualidade.

E estes jogadores muito mérito tiveram, pois houve fins-de-semana, em que ao sábado jogavam pelos Juniores e ao domingo pelos Seniores.



Depois de terem conseguido o objetivo da continuidade na primeira divisão distrital vai continuar a ser o treinador do GDM na época 2014-2015?

Eu e direção, na pessoa do presidente Luís Oliveira, temos conversado e à partida vamos continuar a lutar por esta causa.



Porquê?

Porque fui convidado, porque gosto de estar nos clubes onde me sinta bem, porque é a continuação de um trabalho numa casa que me viu “nascer” e porque julgo que posso ajudar o clube.



Tenciona reforçar o plantel?

O GDM não paga a ninguém e, por isso, tem que fazer um apelo utilizando outros argumentos, tais como, as condições de trabalho, que passam pela existência de dois bons campos; as condições materiais; e um grande espírito de motivação, diário, em torno do clube para que os jogadores se sintam bem na Mealhada.

Claro que todos sabemos que é difícil recrutar jogadores com o espírito do “amor à camisola”, que é aliás o lema do GDM. Um lema que não pode significar que este é um clube de “coitadinhos”, mas sim o de um clube que tem objetivos a cumprir, que tem que ganhar!



Comenta-se que, para além de treinador da equipa principal, será o cordenador de todas as equipas do clube. É verdade?

A minha ligação ao GDM, neste momento, é como treinador da equipa sénior.



Quando está previsto o início dos treinos?

Iniciamos a semana de treinos a 11 de agosto, com abertura das oficinas para jogadores que possam vir à experiência mostrar os seus valores.

No sábado, dia 16 de agosto, realiza-se o primeiro treino de início de época com apresentação da equipa.



Pensa em fazer um campeonato sem o sobressalto da época que findou?

Sabemos à partida que estamos em desvantagem em relação às outras equipas, por motivos económicos, como já referi. Mas, por outro lado, esta pode ser a grande motivação. Somos uma equipa personalizada e que, ao mesmo tempo, pode ser competitiva.

É nosso objetivo, obviamente, fazer um campeonato sem sobressaltos.



Quer deixar alguma mensagem aos sócios e, principalmente, aos treinadores de bancada?

Os sócios, simpatizantes e adeptos são os primeiros a querer ganhar e “nós”, deste lado, estamos nos treinos e nos jogos a lutar para que as coisas corram bem, mas isso nem sempre implica que hajam vitórias e é precisamente nos momentos menos bons que o apoio é necessário.

Da nossa parte tudo, mesmo tudo, será feito para que sejam atingidos os objetivos. Acredito que, este ano, vai ser um desafio muito grande para mim enquanto treinador!



E quais são os objetivos?

A manutenção na primeira divisão distrital, que é uma autêntica terceira divisão nacional. O facto de o GDM conseguir competir com estas equipas já é um facto relevante.

Estes jogadores são uns campeões porque não é fácil jogar “por amor à camisola”. Eles treinam de inverno, à chuva, a horas tardias, têm despesas de deslocação e nada recebem em troca, como já referi. Não é fácil!

Entrevista de Afonso Simões e Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 924, de 9 de julho de 2014.

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