terça-feira, 22 de abril de 2014

...Vive no concelho da Mealhada e “viu” a fatura do gás aumentar? Saiba porquê...



Dezenas de munícipes do concelho da Mealhada disseram “sim” à sessão pública, promovida pelo executivo municipal, de discussão de análise de diversos assuntos, tais como, a localização do Centro Escolar da Mealhada, as construções do novo Mercado Municipal da Mealhada e do novo Edifício Municipal e a Taxa de Ocupação de Subsolo (rede de Gás). O “encontro”, que aconteceu na noite do passado dia 4 de abril, no auditório da Escola Profissional Vasconcellos Lebre, vem ao encontro da política participativa, defendida por Marqueiro, aquando da campanha eleitoral.

“Tenho medo de começar a pagar bem mais de taxa de subsolo, do que de gás”
 
A Taxa Municipal de Ocupação do Subsolo, relativamente ao gás natural, aprovada na Assembleia Municipal da Mealhada no ano de 2000, foi o assunto mais “discutido”. “Essa taxa começou a ser liquidada pelo Município da Mealhada, à Lusitâniagás, concessionária de serviço público de distribuição de gás natural na Região Centro, a partir de 2005. Acontece que essa empresa contestou a sua exigência nos Tribunais Administrativos e, só depois de os mesmos darem razão à Câmara Municipal, os montantes liquidados começaram a ser pagos (a partir de 2011)”, lê-se num esclarecimento da autarquia, publicado no Jornal da Mealhada do passado dia 19 de março, que acrescenta: “Contudo, o que acontece neste caso é que a referida empresa repercute nos consumidores o custo das taxas pagas ao Município da Mealhada. E tem vindo a fazê-lo a partir de 2011 ou 2012, em resultado das ações que perdeu nos tribunais” e “ao abrigo da lei”, em “acordo com uma metodologia de ‘repercussão’ aprovada pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE)”.
“Este débito, no valor de um milhão e quatrocentos mil euros (que a Lusitânigás pagou à Câmara da Mealhada em 2013), vai ser repassado aos clientes da empresa. Em 2014, falamos de oitocentos e quarenta mil euros e nos dois anos seguintes em trezentos e sessenta e seis mil euros, em cada um”, começou por explicar Rui Marqueiro, presidente autarquia, que, indignado, acrescentou: “Um cidadão que hoje venha viver para a Mealhada vai pagar esta taxa. O melhor é os novos munícipes ligarem-se ao gás natural só em 2017”.
O edil confessou ter chegado a pensar “em pagar esta divida”, mas depois de se informar descobriu que no futuro poderia ter “problemas com uma inspeção”. “Tenho conhecimento de uma empresa concelhia que passou, este ano, de dois mil euros para dezassete”, lamentou o presidente da Câmara da Mealhada, mostrando aos munícipes a formula que a Lusitânigás está a utilizar para fazer os cálculos. “O cidadão comum, como eu, não consegue entender esta fórmula e se calhar alguns colaboradores da empresa também não a devem perceber”.
Questionado se há solução para se resolver o problema, o edil afirmou: “Julgo que seria melhor se a Lusitâniagás permitisse que o valor fosse repassado durante muitos anos, mas com os contactos que já fizemos não me parece que haja a abertura para negociação”. “Temos encarar como um sacrifício de três anos e acho que os consumidores vão perder se forem para Tribunal, porque não tenho dúvidas que a Lusitâniagás está a cumprir a lei. É muito melhor ter gás natural do que não ter”, garantiu.
Na sessão, muitos foram os munícipes que mostraram o seu descontentamento com os novos valores das suas faturas do gás. António Lousada, residente na cidade da Mealhada, afirmou: “Tenho medo de começar a pagar bem mais de taxa de subsolo, do que de gás”. “Durante três anos teremos um município muito menos atrativo”, acrescentou outro munícipe.
Sobre este assunto, e no comunicado da autarquia, lê-se ainda: “A Câmara da Mealhada propôs à Assembleia Municipal a redução da taxa de ocupação do subsolo municipal aplicável às empresas concessionárias do serviço público de gás natural, de 6,25 euros, por metro linear (ou Fração), e por ano, para um euro. Todavia, a redução foi aprovada na sessão da Assembleia Municipal de 27 de dezembro de 2013, pelo que só produziu efeitos a partir de 1 de janeiro de 2014. O que quer dizer que essa redução só se vai fazer sentir nas faturas dos consumidores quando tiverem sido repercutidos na sua totalidade os montantes relativos às taxas dos anos anteriores”.

“Não conheço nenhuma feira boa que não tenha um estacionamento”

Outro dos assuntos muito discutido foi o do Mercado Municipal. Em edições anteriores, o Jornal da Mealhada já deu conta de que a Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, detentora do espaço, na Póvoa da Mealhada, onde se realiza a Feira semanal, deu um prazo à autarquia, até 2015, para estudar um novo local, uma vez que necessita do atual para a construção de um Lar.
“A direção da Misericórdia da Mealhada reuniu comigo quando tomei posse e colocou-me a par das suas pretensões. O Hospital da Misericórdia está a crescer e as instalações do Prolongamento do Lar vão ser necessárias para que esta unidade se saúde se expanda”, explicou Rui Marqueiro, que confessou: “Como sabem eu sou o defensor número um do Hospital da Misericórdia da Mealhada e entendo as razões da direção para alterar projetos que estão a crescer”.
Lançando o valor de “um milhão de euros” para a construção de um Mercado, o edil ainda explicou que a manutenção do espaço custará dinheiro para sempre. “O Mercado, até agora, era algo com o qual não tínhamos absolutamente despesa nenhuma!”, garantiu.
Pedro Costa, residente na Mealhada, defendeu “a filosofia de que a feira deve manter-se semanal”. “A manhã de sábado é um dia em que a Mealhada ‘ferve’. Qualquer localização que seja fora do centro da cidade da Mealhada é um tiro no pé”, disse.
Mas João Peres, provedor da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, garantiu: “O Mercado da Mealhada perdeu setenta por cento das pessoas que lá iam, bem como feirantes, desde a construção dos Bombeiros e da Igreja. Tudo porque se perderam os estacionamentos”. “Não conheço nenhuma feira boa que não tenha um estacionamento”, disse, enfatizando os números: “Tínhamos vinte e sete talhos ativos no passado, hoje nem metade; e tínhamos doze peixarias, por exemplo, e hoje temos apenas três”.

Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, de 16 de abril de 2014.

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