domingo, 16 de setembro de 2012

...Emigrantes do concelho da Mealhada...



“A França é só uma máquina de fazer dinheiro. Os sentimentos estão aqui em Portugal”, afirmou António Rodrigues.

Apesar de acontecer em várias épocas, ao longo de todo o ano, é no mês de Agosto que a presença de emigrantes é mais notada por todo o país. Também no concelho da Mealhada, isso se nota com mais intensidade. A repórter do Jornal da Mealhada falou, nessa altura, com alguns dos emigrantes, de várias freguesias do concelho, que na maioria escolheram a França para refazerem as suas vidas. Apesar de para muitos o estrangeiro ser uma maneira mais vantajosa de ganhar dinheiro, mas Portugal continuar a ser o país para regressarem e usufruir desses bens, para outros, os países onde estão são já os seus locais de eleição para residir, que não trocavam por nenhum outro.
“Estou em Ontário, no Canadá, desde 1971. Vim a Portugal passar o mês de Agosto, mas estou desiludido porque este país está cada vez pior. Está tudo muito mais caro e há, cada vez, menos segurança”, começou por dizer António Santos, proveniente do lugar de Mala. António Santos ainda acrescentou: “Lá vamos a um hospital e não pagamos nada. Aqui a minha esposa foi duas vezes ao médico e pagámos um dinheirão, para nada”.
“Vim cá com a minha esposa passar férias. Vivo em França há quarenta anos, com a minha família toda e quero ficar lá para sempre. Já não quero voltar. Até tenho a minha casa em Casal Comba à venda. Quando eu chego cá, gosto, mas não tenho saudades disto. Até a minha mãe ser viva ainda venho cá de vez em quando, mas depois não. Há muita violência aqui”, garantiu Júlio Romano, que já está reformado há dez anos. “É bom regressar aqui, relembrar o nosso cantinho, mas ficar para sempre seria complicado”, acrescentou José Almeida, da Lendiosa, que está em França há trinta e oito anos.
 “Todos os anos venho cá desde que estou na França. Estou lá para ganhar o meu dinheiro, mas Portugal está no meu coração a cem por cento. Em breve, venho para ficar para sempre!”, afirmou Adelino Fidalgo, que passou cinco semanas de férias no lugar de Mala. João Ferreira, da Pedrulha, que está na Suíça há dezasseis anos, concordou: “Penso voltar ao meu país, até porque a minha terra é sempre a minha terra, mas neste momento, estou lá bem. Com vinte e um anos de idade, fui procurar uma vida melhor e encontrei”.Gosto de lá estar, mas a França é só uma máquina de fazer dinheiro. Os sentimentos estão aqui em Portugal”, enfatizou António Rodrigues, da Pampilhosa, que está, há apenas dois anos, em França.
Questionados se nos países onde estão é ensinado a língua portuguesa, António Santos, que está no Canadá, garantiu: “Os meus filhos andaram na escola portuguesa há anos, e, hoje, andam os netos, mas nós é que pagamos essas aulas. Antigamente, era o Governo português que pagava isso, mas deixaram de o fazer”. “Por exemplo, o meu filho até à quarta classe estudou numa escola portuguesa. Mas hoje em dia, onde estou já não há escola portuguesa”, acrescentou Adelino Fidalgo, que está na França. Júlio Romano, que também reside neste país, explicou: “Onde estou não há escolas portuguesas, mas em minha casa falou-se sempre o português”. João Ferreira garantiu: “Temos escolas portuguesas, em centros de convívio e em centros de catequese”. “Eu frequentei uma escola portuguesa durante quatro anos e lá sou cabeleireira”, afirmou Marylene Alves, filha de emigrantes provenientes do São Romão, que nasceu em França há trinta e quatro anos.
Sobre o sentimento que os habitantes de outros países têm de Portugal, a opinião é unânime, o clima e a gastronomia são as características que mais os aliciam. “Os canadianos gostam muito de Portugal, porque lá têm um clima péssimo. Também gostam muito da nossa gastronomia”, garantiu António Santos. “Todos os franceses que conheço falam bem de Portugal. O meu genro, por exemplo, que é francês, adora a gastronomia portuguesa”, acrescentou Adelino Fidalgo. Também José Almeida concordou: “Os franceses gostam muito de Portugal. Dizem que é um país muito acolhedor. O meu médico de família, por exemplo, vem cá todos os anos de férias”.
“A imagem que eles têm de Portugal é a de um país para passar férias. Gostam do povo português e acolhem-nos muito bem lá. A maior parte deles preferem trabalhar com portugueses mais do que com franceses”, ainda disse António Rodrigues, que está em França. “Sou como os franceses, gosto de Portugal apenas para passar férias”, acrescentou Marylene Alves.
António Rodrigues, que está em França há dois anos, foi aquele que mais sentimento de saudade nos demonstrou. “Uma das coisas que me deixa mais saudades é a banda onde actuava, há cerca de quinze anos, a Mini banda São Pedro, da Antes. Queria desejar-lhes boas actuações porque tenho muitas saudades de todos eles”, lamentou.

Mónica Sofia Lopes

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