terça-feira, 24 de novembro de 2015

...bibliomealhada...

Cerimónia de aniversário “recordou” bibliotecas itinerantes

O Bibliomealhada fez oito anos no passado dia 5 de novembro. Oito anos a circular pelas estradas da Mealhada, a levar livros, músicas, filmes e internet aos locais mais recônditos do concelho, a promover o acesso das crianças à cultura e a combater o isolamento dos mais velhos, aproximando os munícipes da Biblioteca Municipal. O aniversário do autocarro da Cultura foi comemorado na tarde do passado sábado, dia 7 de novembro, na Biblioteca Municipal, numa cerimónia onde estiveram José Melo e João Pega, que falaram sobre as primeiras bibliotecas itinerantes do concelho, e uma sessão de contos com o argentino Rodolfo Castro.
A Biblioteca Itinerante N.º 2 da Fundação Calouste Gulbenkian foi recordada com emoção na tarde do passado sábado. A cerimónia ficou também marcada pela alusão “saudosa” ao “professor Armindo Pega”, impulsionador da biblioteca “com rodas” na região. Estávamos em 1958…
“Foram vinte e três anos a trabalhar com o professor Armindo Pega… Era um pedagogo muito grande e o maior mestre que eu podia ter tido. Foi sempre extraordinário”, declarou, emocionado, José Melo, funcionário na biblioteca itinerante, que muitas pessoas do concelho da Mealhada conheceram nesse papel.
Foi a 28 de setembro de 1958, junto ao quartel dos Bombeiros Voluntários, que a Biblioteca Itinerante foi inaugurada. A partir dai não mais parou, seguindo estrada fora, diariamente (inclusive ao domingo), alternando pelos concelhos da Mealhada, Anadia, Cantanhede e até Mira.
“Quando chegávamos a determinadas zonas era uma alegria enorme. As crianças pulavam… saltavam de alegria… Sinto-me enriquecido pela passagem pela biblioteca”, continuou José Lopes.

João Pega faz dádiva à Biblioteca Municipal da Mealhada

João Pega, outro dos antigos colaboradores da “antiga biblioteca com rodas”, registou os oito anos do Bibliomealhada com a oferta de um conjunto de boletins informativos da Fundação Calouste Gulbenkian, que contém temas, autores e as listas de livros, e que estava em sua posse. “Agradeço à Câmara Municipal da Mealhada pelo serviço que presta aos meus conterrâneos, de colocar o Bibliomealhada a circular”, elogiou João Pega, que ainda explicou a importância dos catálogos, no passado: “Nós tínhamos disponíveis livros técnicos, que nos eram solicitados por estudantes universitários, eletricistas e agricultores. Quando as pessoas se começaram a interessar por abelhas, mandámos vir livros sobre isso…. Os catálogos era uma maneira fácil de consultar o que exista na Fundação”.
Presente do lado do público estava Nuno Salgado, que recordou: “Fui bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian e fui beneficiado pelas bibliotecas itinerantes. Vivíamos o pior período de acesso ao ensino quando apareceram as bibliotecas, que tanto nos ajudaram”. Nuno Salgado ainda enalteceu o trabalho do professor Armindo Pega: “Foi o responsável pelos resultados positivos da biblioteca. Soube orientá-la no melhor caminho…”.
Branquinho de Carvalho, moderador do “encontro”, declarou que “a biblioteca foi um passo enorme para a cultura das pessoas”. “Esperemos que a Bibliomealhada continue, embora saibamos que custa dinheiro, não nos podemos esquecer que a cultura não tem preço”.

Crianças e seniores são os que mais lêem

Gisela Lopes, técnica da Biblioteca Municipal da Mealhada e do Bibliomealhada, respondeu à questão de quem é o principal público frequentador destes serviços camarários: “São as camadas mais jovens até ao final do primeiro ciclo que lêem mais… Estagna um pouco nas seguintes, na juventude e adulta, e depois voltamos a ter uma camada mais forte, nas mais seniores”. “Contudo, em todas elas, o trabalho de promoção está lá e é importante”, garante.
A tarde terminou com a sessão de contos de Rodolfo Castro, argentino, mas a viver atualmente em Portugal. É contador de histórias, formador e escritor entre muitos outros ofícios. Rodolfo é conhecido como “o pior contador de histórias do mundo” tal como ele próprio explica: “Esforcei-me sempre por ser o melhor. Para isso treinei, estudei, trabalhei e não consegui. Quando comprovei que não podia ser o melhor, decidi ser o pior... e consegui”.


Noticia de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário
Jornal da Mealhada, número 958, de 11 de novembro de 2015.

Sem comentários: