segunda-feira, 20 de outubro de 2014

...Câmara corta água à Alcides Branco, que alega ser um “ato desumano”...

O executivo da Câmara Municipal da Mealhada deliberou, na reunião pública de 6 de outubro, manter o corte de água à empresa Alcides Branco & C.ª S.A., situada na Lameira de Santa Eufémia, na freguesia do Luso. O motivo? “Inicialmente falta de pagamento de faturas e depois a entrega insuficiente de documentos para reativação de ligação”, explicou, ao Jornal da Mealhada, Rui Marqueiro, presidente da autarquia. Mas Nuno Branco, administrador da empresa, diz que este procedimento “faz parte de uma telenovela” e que “os únicos prejudicados são os trabalhadores”.
“A empresa atrasou várias vezes o pagamento e também várias vezes foi notificada. Chegou a uma altura em que a Câmara teve que cortar a água por incumprimento”, começou por explicar o edil, que garante que os pagamentos “já foram liquidados”.
A partir desse momento, começou o processo de ligação com reposição de contador de água, na qual “o senhor (referindo-se ao proprietário da empresa) entregou o requerimento e licença de exploração, contudo ficou a faltar a licença de utilização das instalações”, esclarece Rui Marqueiro, ao nosso jornal, garantindo ir notificar a empresa da deliberação do executivo municipal. Nuno Branco assume que houve alguns atrasos, que já foram pagos, mas que agora está a ser alvo de um processo, que só acontece “num país de terceiro mundo”. “Não devemos nem meio litro de água à Câmara. Pagámos, requisitámos novamente o contador, que foi accionado durante meia hora, e depois desligado, como está até hoje….”, garante o administrador da empresa, que sobre a documentação em falta, afirma: “É uma telenovela. Cada vez que lá levo um papel, dizem-me que falta outro. O problema disto tudo é que os únicos prejudicados são os trabalhadores, que não têm água para a sua higiene. É desumano e nada digno!”.
Segundo Nuno Branco, o corte de água “em nada afeta a produção da fábrica, uma vez que não é precisa para a laboração” e ainda acrescenta que “a telenovela acaba daqui a três semanas”. E porquê?, quisemos saber. “Porque vai terminar a campanha que, este ano, contou com excesso de produção, o que levou a que tivéssemos laboração nos meses de julho e agosto”, respondeu-nos Nuno Branco, que ainda garante que “tudo está dentro da legalidade na fábrica, que labora há cinquenta anos e há-de trabalhar outros cinquenta!”.
A “fábrica da baganha”, como é conhecida a Alcides Branco, não tem dado descanso ao edil nos últimos meses, com as queixas das populações do Luso, Vacariça e Mealhada a intensificarem-se de dia para dia, devido ao fumo e cheiro, provenientes daquela unidade fabril, que produz azeite. “Eu não quero que a fábrica feche. Eu quero é que ela opere legitimamente, sem causar prejuízos ambientais para ninguém”, esclarece o autarca, que acrescenta: “Este cheiro nauseabundo pode destruir todo o trabalho que a autarquia tem feito para impulsionar a economia local. É preciso que a economia local perceba que vai perder mais se se mantiver a fábrica a laborar desta maneira, do que se a fecharem. A estância termal do Luso está a ser gravemente afetada”.

“A saúde e a qualidade de vida dos cidadãos e o potencial turístico da região não podem ser secundarizados em favorecimento de uma pequena indústria que de forma sistemática falha no cumprimento da lei!”, afirma, por sua vez e em comunicado, Bruno Coimbra, deputado na Assembleia da República e natural da vila do Luso, que tem já um histórico de atividade parlamentar nesta matéria, com iniciativas que remontam ao ano de 2011.

Noticia de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 930, de 15 de outubro de 2014.

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