terça-feira, 28 de janeiro de 2014

...“Selas” no Luso encerrou...



A “Pensão Astória” no Luso – que agregava bar, restaurante e pensão -, mais conhecida por “Selas” encerrou portas. O fim de duas décadas de contrato, o novo conceito dado à vila termal e a “crise” ditaram o fim de um espaço mítico no concelho da Mealhada.
“Tinha um contrato de vinte anos, que acabava em 2016, mas foi-me dito que não seria renovado, uma vez que querem aqui construir um hotel”, começou por dizer Conceição Selas, gerente da “Pensão Astória”, que agora encerrou portas. “Em 2013 o negócio foi fraco, em 2014 será um ano de obras na vila do Luso e não seria em 2015 que iria recuperar o prejuízo”, acrescentou a “dona São”, como é tratada pelos clientes, que agora vai abrir um negócio, na mesma área, na cidade da Mealhada, “tudo indica no inicio do mês de fevereiro”.
Apesar desta mudança, Conceição Selas lamenta ter assistido “ao decair da vila do Luso, nos últimos anos, principalmente a partir de 2006”. “A crise é uma forte razão, mas a mudança que houve na estratégia das Termas foi muito grande. As obras que lá fizeram não foram de requalificação, mas alteraram completamente o conceito das Termas”, disse “dona São”, referindo-se à Malo Clinic Termas Luso, um espaço criado em parceria pela Malo Clinic e a Sociedade da Água de Luso. “As pessoas de idade, reformados, que usufruíam do espaço, já não se identificam com ele”, acrescenta Conceição Selas, que passou a ouvir dos clientes que as Termas do Luso “estão escuras e apertadas”.


“Antigamente, o Luso importava mão-de-obra. Hoje exporta”

Para Nuno Alegre, gerente do “Hotel Alegre” criado em 1931, este encerramento “é um sinal negativo”. “Em vinte anos já encerraram os Hotéis dos Banhos e Serra e as Pensões das Termas, Portugal, Avenida e Luso. O último hotel a ser construído no Luso foi o ‘Éden’, há trinta anos, e em vinte já fecharam estes todos”, explicou o jovem empresário. “Acho que há um desinteresse pelo Luso, por quem de direito, e um envelhecimento do tecido empresarial. O Luso antigamente importava mão-de-obra. Hoje exporta, porque aqui ninguém tem trabalho!”, acrescenta.
Quando questionado sobre as melhorias que a Malo Clinic Termas Luso trouxe à vila, Nuno Alegre garante ser “positiva”, mas “não suficiente”. “O Spa, infelizmente é pequeno e as Termas também, comparativamente com outras. Isto não trouxe novidade nenhuma, até porque, hoje em dia, já qualquer hotel tem um Spa”.
“Temos que nos reinventar e não esperar que os turistas caiam do céu aos trambolhões”, continua Nuno Alegre, que dá exemplos do que pode melhorar: “Se um turista alemão precisar de um penso e for à Farmácia e ninguém o entender, ele volta para o seu país, vai dizer que o Luso é muito lindo, mas que ninguém o percebeu. Por outro lado, basta olhar para as placas indicativas do Luso, que têm mais de doze anos…”.

Reportagem de Mónica Sofia Lopes, publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, de 22 de janeiro de 2014.

Sem comentários: