sexta-feira, 4 de setembro de 2015

...arquivo do jornal da Mealhada...

“Ninguém conhecerá o concelho, se não vier aqui”

No dia do trigésimo aniversário do Jornal da Mealhada, a Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, proprietária do título, inaugurou o Arquivo (situado no edifício sede da instituição, no centro da cidade), que contém todo o espólio dos quase onze mil dias de história do jornal. A cerimónia realizou-se na manhã do dia 23 de agosto, na presença de antigos diretores do JM, diretores e irmãos da Misericórdia da Mealhada e representantes de algumas entidades concelhias.
O Jornal da Mealhada, e todo o seu espólio, foi doado à Santa Casa da Misericórdia da Mealhada em 2012 por Nuno Canilho e Isabel Canilho, antigo diretor e funcionária durante vinte e cinco anos. A partir desse momento, a instituição, para além, de manter a edição impressa do Jornal da Mealhada quinzenalmente, começou a tratar do espólio doado, que deu agora origem ao Arquivo.
Um espaço pensado e gerido por Cláudia Emanuel, Conservadora do Património da Santa Casa da Misericórdia da Mealhada, e que, segundo João Peres, provedor da instituição, “será provisório, uma vez que, a seu tempo, arranjaremos instalações mais acessíveis às pessoas”. Acerca do jornal, João Peres foi peremptório: “Nunca dará lucro, mas foi um ótimo presente dado à Misericórdia e ao concelho! Enquanto tivermos possibilidades económicas para isso, vamos manter este projeto, em prol da cultura do concelho”.
Na cerimónia de inauguração, estiveram presentes muitos daqueles que fazem parte da história do Jornal da Mealhada. Emocionado, Branquinho de Carvalho, diretor adjunto do título em 1987, quando Armindo Pega era o diretor, começou por dizer: “O jornal foi uma prenda que um conjunto de pessoas deu à Mealhada sem nada querer em troca. Hoje, o Jornal da Mealhada é uma referência, não só pelas informações de agora, mas também pelas do passado, que são preciosas”.
Referindo que há trinta anos, o “conjunto de pessoas” que fundou o JM deu “do seu bolso dez contos cada um”, Branquinho de Carvalho confessou: “Este jornal foi um amor da minha vida e é uma obra da Mealhada! A Misericórdia da Mealhada dá a esperança de que o jornal tenha continuidade”.
Ferraz da Silva, antigo diretor antes de Manuel Santos, também proferiu algumas palavras: “Este jornal nasceu de uma grande luta. Éramos quarenta sócios e às vezes ninguém se entendia”. “Há dois motivos para que o jornal dure até hoje: Por um lado, durante muitos anos estávamos aqui todos voluntariamente, sem nada receber e, por outro, porque o professor Armindo Pega era dotado de muita paciência e tolerância”, opinou.
Relembrando muitas histórias (como por exemplo, a da etiquetagem do jornal ser feita com farinha e água), Augusto Dias, diretor do JM que sucedeu a Armindo Pega, explicou que “o Jornal da Mealhada ‘nasceu’ para servir um órgão partidário e eu faço parte de um grupo de pessoas que não concordava. É por causa desse grupo que o jornal ainda cá está!”. E dando os parabéns à direção da Misericórdia da Mealhada, o antigo diretor declarou: “Manter-se este jornal é dar ás pessoas informação e formação!”.
Nuno Canilho, que foi diretor do jornal durante muitos anos, e sua mãe, Isabel Canilho, funcionária no JM durante vinte e cinco anos, acabaram por doar o titulo à Misericórdia da Mealhada em 2012, após um interregno nas edições impressas de seis meses. “Dificilmente algum dia este jornal dará lucro. É uma luta diária e de gente apaixonada!”, explicou o antigo diretor. Emocionado, Nuno Canilho elogiou o Arquivo: “Ninguém conhecerá o concelho da Mealhada, se não vier aqui. São trinta anos de história e aqui está a esperança do jornal continuar”.
João Pega, vice-presidente da Misericórdia da Mealhada e filho de Armindo Pega, antigo diretor já falecido, agradeceu as referências feitas ao pai e declarou: “Esta obra do Arquivo é um sonho tornado realidade e tem um valor indescritível. Comigo contem para colaborar no Jornal da Mealhada”.
Na mensagem de parabéns e de força para que o jornal continue, estiveram os discursos de João Santos, presidente da União de Freguesias da Mealhada, Ventosa do Bairro e Antes, de Emanuel Silva, tesoureiro da Junta de Freguesia da Pampilhosa, de Jacinto Silva, presidente da mesa da assembleia da Misericórdia e também de Daniela Esteves, presidente da Assembleia Municipal da Mealhada, que declarou: “O concelho da Mealhada sem este jornal, não é a mesma coisa!”.

Arquivo pode ser visitado de segunda a sexta-feira

O Arquivo do Jornal da Mealhada localiza-se no edifico sede da Misericórdia da Mealhada, no centro da cidade, e está aberto, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12 horas e das 14h às 16h 30m. “Os jornais estão etiquetados número a número e os jornais destes trinta anos estão quase todos digitalizados”, declarou, na inauguração, Cláudia Emanuel, que acrescentou: “Acabámos de adquirir uma máquina para digitalização de negativos de fotografias e estou a elaborar um programa com todas as notícias publicadas nos jornais para que seja mais fácil a procura”.


Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 953, de 2 de setembro de 2015.

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