A investigação sobre o incidente
que causou a perda da obra “Virgem do Leite” de Joséfa de Óbidos no Convento de
Santa Cruz do Bussaco foi inconclusiva, afastando, no entanto, a hipótese de
roubo ou curto-circuito. Os técnicos da Fundação Bussaco irão agora proceder a
uma limpeza e reabilitação do espaço. “Serão utilizadas as ‘nossas’ verbas com
a colaboração da Câmara Municipal da Mealhada, não podendo contudo quantificar
com precisão o valor de materiais e mão de obra, mas será uma obra a realizar
no ano de 2015” ,
garantiu, ao Jornal da Mealhada, António Gravato, presidente da Fundação da
Mata do Bussaco.

“A investigação, que incluiu
pertinentes exames laboratoriais de amostras removidas pela Policia Judiciária
no local do incidente, concluiu que de facto foram identificados pigmentos de
pintura contextualizados do século XVII, identificando-se pigmento branco de
chumbo (usado nesse período) e ocre. Recordamos que a pintura estava assinada
pela autora e era datada do ano 1664. Segundo o documento de arquivamento do
processo, não foi possível identificar um eventual agente concreto tendo sido
mesmo avançada a provável causa do incêndio a uma vela que terá reacendido,
ficando assim colocada de parte a hipótese de curto-circuito. Esta obra de arte
em contexto museológico era alvo de devoção por parte da população que deixava
ex-votos, fotografias e velas junto a tela. A Fundação Mata do Bussaco tem já
um plano de reabilitação da área afetada, que se iniciou com a limpeza do
alçado do transepto do lado do evangelho da igreja do Convento de Santa Cruz do
Bussaco”, acrescenta o mesmo documento.
Quem foi Josefa de Óbidos?
“Josefa de Óbidos detém um papel
de indiscutível relevância no panorama da pintura portuguesa do século XVII.
Com uma personalidade artística muito marcante e de traços reconhecíveis, a
pintora de temas religiosos, naturezas-mortas ou retratos navega entre a
atração das referências marcadamente andaluzas, o academismo provinciano da
designada escola de Óbidos e o contributo dos pintores portugueses da primeira
metade desse século”.
Convento “oferece” novas atrações
aos turistas
Apesar da Capela da “Virgem do
Leite” estar encerrada desde a “tragédia”, que ocorreu em dezembro de 2013, houve
outros “investimentos” por parte da Fundação Bussaco. “Abrimos, pela primeira
vez, a Sacristia e o Altar, que está na entrada do Convento, e arranjámos todo
o telhado, que ficou com muita qualidade, explicou, ao nosso jornal, António
Gravato, que, na tarde do dia 13 de janeiro, esteve com Miguel Poiares Maduro, Ministro
Adjunto e do Desenvolvimento Regional, numa cerimónia em Vila Nova de Poiares, tendo
aproveitado a ocasião para o convidar a visitar a Mata do Bussaco.
“O próximo passo é o de abrir a
Torre Sineira do Convento e tentar recriar o quarto do Duque de Wellington (responsável
pelo comando das forças anglo-lusas aquando da Batalha do Bussaco) e um
quarto-tipo dos Carmelitas”, concluiu o dirigente.
Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 937, de 21 de fevereiro de 2015.
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