quinta-feira, 4 de abril de 2013

...Funcionários da SAL promoveram marcha silenciosa...


Trabalhadores da Sociedade das Águas de Luso e população da freguesia, cerca de uma centena e meia de pessoas, promoveram uma marcha lente e silenciosa na tarde do dia 23 de março pelas principais artérias da vila de Luso. Esta ação resulta depois das últimas notícias que dão conta da rescisão de contratos por parte da administração da empresa com alguns funcionários, nas áreas administrativas e de contabilidade. Recorde-se que a marca Luso integra a Sociedade Central de Cervejas e Bebidas, que por sua vez é detida pelo grupo Heineken, que tem sede na Holanda e serviços na Polónia, local para onde foram transferidos, recentemente, alguns serviços que se prestavam na sede social da SAL.
“A serenidade relativa ao futuro que é propalada pela administração não tem eco nas políticas conduzidas pela empresa, nomeadamente ao dispensarem trinta e sete trabalhadores em 2012, dezassete em 2011 e vinte e quatro em 2010. Não pode haver serenidade quando de uma forma arbitrária, os trabalhadores são confrontados com a perda do seu trabalho ou a transferência de serviços para outros locais. A administração tem conduzido a SAL de forma desastrosa. O investimento efetuado na empresa não tem tido o retorno desejado porque o saber, o rigor, a experiência e a qualidade dos seus trabalhadores tem sido desvalorizada”. É assim que Mário Silva, delegado sindical e funcionário na SAL reage às palavras de Nuno Pinto Magalhães, diretor de comunicações e relações institucionais da Sociedade Central de Cervejas, publicadas na edição passada do Jornal da Mealhada.
Recorde-se que ao nosso jornal Nuno Pinto Magalhães explicou: “Estabelecemos que vamos partilhar serviços, nomeadamente nas áreas da contabilidade, tesouraria e compras entre Luso e a Polónia. Estamos a falar de cinco funcionários num universo de 120. A direção da SAL conversou com eles e propôs-lhe irem trabalhar para Cracóvia, contudo, nenhum quis ir, como era de se esperar. Houve então rescisão de contratos, por mútuo acordo, que só têm efeito a partir do segundo semestre deste ano. Quatro deles já aceitaram e falta apenas um”. Na altura, Nuno Pinto Magalhães garantiu ainda que “tudo o que no SAL existia, mantém-se. Continuam todas as valências, excetuando os três serviços, que já expliquei, que passam a ser partilhados”.
Carlos Cabral, presidente da Câmara da Mealhada, que se tem mostrado bastante preocupado com a situação, tendo chegado afirmar que a empresa se remetia “a um apartado no Luso”, afirmou, ao Jornal da Mealhada, ter estado na manifestação “por solidariedade com os trabalhadores”, porque apesar das declarações dadas pela administração “é um facto que há uma diminuição do número de trabalhadores na empresa”.
Também Bruno Coimbra, lusense e deputado do Partido Social Democrata na Assembleia da República, esteve presente na marcha. “Esta demonstração de descontentamento por parte dos trabalhadores da SAL, e dos lusenses em geral, deriva de uma situação de abandono e desprezo que a empresa tem revelado por esta terra ao longo dos últimos anos”, declarou Bruno Coimbra, que ironicamente ainda afirmou que “a empresa dá prejuízo mas continua a liderar solidamente o mercado; não existem despedimentos mas aproximadamente dois terços dos quase quinhentos trabalhadores perderam os seus postos de trabalho; o engarrafamento que só sofreria alterações com investimento na vertente termal passou para o Cruzeiro sem que nada fosse feito; o projecto de investimento Luso 2007 evaporou-se e foi esquecido; os acordos com a Câmara Municipal ficam na gaveta; a sede social da empresa continua no Luso mas não passa de um apartado; e o cumprimento do acordo de concessão da exploração da água por parte da SAL é muito questionável. O resultado está à vista!”.


Texto de Mónica Sofia Lopes, publicado no Jornal da Mealhada de 3 de abril de 2013.

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