sexta-feira, 22 de março de 2013

...Governo cessa apoio público à Fundação Bussaco...

Cabral fala em 'morte' da Mata. Franco pondera demitir-se


O Governo anunciou, no passado dia 8 de março, a cessação total de apoios financeiros públicos à Fundação Mata do Bussaco e a proibição de apoio monetário ou em espécie por parte de quaisquer entidades da administração, direta ou indireta, do Estado, assim como as pessoas coletivas da administração autónoma e do setor empresarial público. Apanhado de surpresa, António Jorge Franco, presidente da Fundação, questiona manter-se no cargo que ocupa. Já Carlos Cabral, presidente da Câmara da Mealhada, garante que “foi passada uma certidão de óbito à Mata do Bussaco”.

O Governo, através de uma resolução do Conselho de Ministros, publicou em Diário de República as decisões finais sobre a extinção ou redução total ou parcial do apoio financeiro às fundações que estavam sob avaliação desde setembro do ano passado. E vai mais longe e proíbe as ajudas que até então a Fundação obtinha, nomeadamente, os apoios, em dinheiro e em espécie, prestados pela Câmara Municipal da Mealhada e pela Junta de Freguesia do Luso.

“Não estávamos à espera disto porque o que nos foi transmitido é o contrário do que se passou”, começou por declarar o presidente da Fundação, que se mostra indignado com a decisão: “Não só não dão, como proíbem toda a gente de ajudar”. E exemplifica: “ A partir de agora, uma Junta de Freguesia deixa de poder dar um saco de cimento à Fundação e o mesmo acontece com os particulares e associações que nos quiserem ajudar”.

“É ridículo! Estão a retirar financiamento para preservar um património que é do Estado”, continua António Jorge Franco, que coloca a hipótese de abandonar o seu cargo, caso não lhe sejam dadas justificações credíveis. “O que é que eu fico cá a fazer? Estou aqui para trabalhar, para fazer uma gestão cuidada. Se me estão a impedir de fazer isto, não estou aqui a fazer nada! Assim não vale a pena”.

Para o presidente da Câmara da Mealhada “a Fundação não tem hipótese nenhuma de sobreviver assim”. “Este é um ato de ignorância. O Governo é gestor da Mata do Bussaco e quer matar um bem que é seu, que está classificado como património nacional”, concluiu ainda o edil.

Recorde-se que o Governo publicou a 1 de agosto de 2012 o relatório de avaliação das fundações, que determinava “a realização de um censo dirigido às funções, nacionais ou estrangeiras, que prossigam os seus fins em território nacional, com vista a avaliar o respetivo custo/beneficio e viabilidade financeira e decidir sobre a sua manutenção ou extinção, sobre a continuação, redução ou cessação dos apoios financeiros concedidos, bem como sobre a manutenção ou cancelamento do estatuto de utilidade pública”. Os resultados foram publicados no site do Governo e, relativamente à Fundação Mata do Bussaco, ficou-se no valor de 44 pontos numa escala de 1 a 100.

Relativamente aos três pontos em análise pela Inspeção Geral das Finanças, a avaliação ditou que, em relação à “Pertinência/Relevância”, a Fundação atingiu uma nota de catorze pontos em vinte possíveis; na “Eficácia” obteve dez pontos em trinta possíveis; e na “Sustentabilidade” a Fundação “arrecadou” vinte pontos em cinquenta possíveis.

Texto de Mónica Sofia Lopes publicado no Jornal da Mealhada de 20 de março de 2013.

Sem comentários: