quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

...Carnavalescos já são (quase todos) made in Mealhada...

A menos de uma semana do Carnaval, as escolas de samba ultimam os preparativos finais e dão o tudo por tudo para que se dê inicio aos desfiles de domingo e terça-feira. Há quem, nos últimos meses, tenha “estudado” o Carnaval de uma ponta a outra, desenhado fatos e ainda contado a história de cada enredo. Dedicam-se a cem por cento à causa e quase não dormem a trabalhar em prol de um bom desfile na avenida. Falamos dos carnavalescos, que o Jornal da Mealhada foi conhecer esta semana.
“Esta é uma responsabilidade muito grande. Desfilo no Batuque há quinze anos, mas agora o papel que tenho é bem diferente… E este exige muito tempo disponível”, começou por dizer Mariana Cidade, de vinte e seis anos de idade, natural do Luso, arquiteta de profissão e carnavalesca da escola de samba Batuque há dois anos consecutivos. “Este é um papel muito importante e há muitas pessoas que não valorizam minimamente o nosso trabalho”, acrescentou Eulália Baptista, de trinta e sete anos de idade, natural da Mealhada e carnavalesca dos Sócios da Mangueira em seis Carnavais.
Responsável pela pesquisa do tema, pela elaboração dos desenhos, pela escolha de tecidos e lantejoulas… para Mariana Cidade “é impossível fazer trinta fatos e agradar a toda a gente, contudo, esforço-me para que isso aconteça porque é importante que cada sambista se sinta bem na avenida”. “A nossa principal função é estudar o tema que a escola escolheu para o enredo para, depois da procura de todo o historial, ter-se uma base para fazer desenhos e procurar materiais. Tem que haver uma sintonia muito grande entre o carnavalesco e as costureiras”, afirmou Eulália Baptista.
Já se faz um bom Carnaval com carnavalescos portugueses sem ser necessário trazerem-se artistas brasileiros? “Se achasse o contrário não estava aqui!”; respondeu, peremptória, Mariana Cidade, que acrescentou: “Inicialmente foi importante ter-se colaboradores brasileiros, mas temos que adaptar a nossa realidade à Mealhada, porque não estamos no Rio de Janeiro, e nesta julgo que o trabalho que fazemos é bom”.
Para a carnavalesca dos Sócios da Mangueira “o que as pessoas vão ver já responde a essa questão”. “Temos que fazer um Carnaval à nossa escala e não à escala do Brasil. Está provado que as pessoas de cá fazem um Carnaval igual ou melhor do que aqueles que vem de fora”, acrescentou.
Paulo Burian, carnavalesco brasileiro, foi a escolha da escola de samba Amigos da Tijuca. “O Paulo é nosso carnavalesco desde 2009, realiza os projetos, e escolhemo-lo não por ser brasileiro, mas sim por fazer um trabalho muito bom e pormenorizado, o que facilita muito a nossa tarefa!”, declarou Hugo Idalécio, presidente da mesa da assembleia-geral da escola, que garantiu: “Não posso negar que é importante o facto de ele ser brasileiro, mas há artistas bons em todo o lado, não tenho duvidas!”.
“Trabalho em Lisboa e deixa-me um pouco angustiada estar longe muitas vezes e só vir aos fins-de-semana”, afirma a carnavalesca do Batuque, quando questionada sobre o tempo necessário para este papel. “Nos quinze dias antes do Carnaval, meti férias para estar aqui a acompanhar tudo”, acrescentou Mariana Cidade, que elogia: “Toda a equipa da escola é muito boa e o meu trabalho é muito facilitado por isso”.
Com o tema “GRES Batuque na Idade Média”, Mariana Cidade afirma que a escola “vai trazer algumas novidades, principalmente, ao nível de costeiros. Estivemos muito preocupados com o conjunto, com aquilo que se vai ver na avenida. Tentei este ano colmatar erros que cometi no ano passado”. “A Idade Média é um cenário muito rico, marcante e fácil de explorar”, acrescentou a carnavalesca lusense, que concluiu: “O trabalho final foi de encontro às minhas expetativas. Tenho arriscado muito em algumas peças e só na avenida é que vamos ver, de facto, o resultado”.
Também Eulália Baptista afirma: “Tentei ao máximo contar a história da Alice no Pais das Maravilhas, pela mesma ordem da história original. As alas estão criadas de forma original e com muita cor. Acho que vai funcionar na avenida…”. Também Hugo Idalécio, que leva o tema “E por falar em saudade… A Tijuca conta como foi”, finaliza: “O trabalho da escola está a ir completamente de encontro às nossas expetativas”.

Mónica Sofia Lopes

Publicado na edição impressa do Jornal da Mealhada, de 6 de fevereiro de 2013.

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