quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

...bad news...

Imprensa será a mais sacrificada pela crise

http://dn.sapo.pt/2009/01/29/media/imprensa_escrita_sera_a_mais_sacrifi.html

PEDRO FONSECA

Previsões. A imprensa vai ter de repensar o seu negócio impresso e 'online'. Os espectadores vão ver mais televisão e os conteúdos 'online' fornecidos pelos utilizadores podem ter de ser pagos. A antevisão é da consultora Deloitte no seu relatório anual sobre Tecnologia, Media e Telecomunicações em 2009.
A imprensa vai continuar a enfrentar desafios mas os países desenvolvidos serão os mais afectados porque a literacia está a aumentar nos outros. Podem surgir novos modelos de negócio incluindo infra-estruturas partilhadas e edições apenas online.

"Uma em cada 10 publicações impressas pode ser obrigada a reduzir a frequência de impressão, a cessar a impressão física ou, em alguns casos, a encerrar", estima a consultora Deloitte no seu recente relatório anual sobre Tecnologia, Media e Telecomunicações em 2009. Nem os jornais gratuitos, assentes apenas na publicidade, estão imunes à crise.

A quebra de leitores, das vendas de jornais, dos anúncios e do preço da publicidade enfraqueceu o sector, sem que a grande maioria tenha conseguido equilibrar os custos de exploração das edições online. Como o modelo online suportado na publicidade não está a funcionar, os editores devem reconsiderar essa estratégia, nomeadamente na análise de modelos de assinaturas ou na redução da sua presença na web.

"Os jornais japoneses já restringiram a sua presença online e os seus títulos sofreram quebras menores em leitores e anúncios do que os seus pares americanos e europeus", refere o trabalho. O desafio é que podem passar vários anos "antes de os leitores estarem preparados para pagar por conteúdos antes gratuitos".

"O sector global da edição terá provavelmente um 2009 doloroso", tanto mais que a falta de capital deve desincentivar aquisições, pelo que os governos podem adoptar "regimes regulatórios mais favoráveis" e os sindicatos "uma maior flexibilidade e concessões salariais para manter os títulos a funcionar".

Os despedimentos "podem por si só não ser a salvação", até porque "títulos que já despediram mais de metade dos seus funcionários" continuam em situação crítica.

Ao contrário da imprensa, a televisão terá um ano razoável - se souber captar investimento publicitário. O tempo médio semanal em frente ao televisor deve aumentar 30 minutos por espectador. A tendência, já notada no final de 2008, acompanha o maior tempo passado no lar mas o switch off (passagem do analógico para o digital) em vários países cativará igualmente os espectadores.

Já a TV móvel não se irá generalizar este ano nem provavelmente em 2010 mas os telemóveis podem ser complementares à TV tradicional, com modelos de negócio inovadores. Já existe uma "percepção mais madura" de como podem disponibilizar formatos publicitários, entendendo--se o potencial do seu "minimalismo" para campanhas publicitárias.

O consumo de rádio pela Internet tenderá a interessar mais pessoas. Com quase 1500 milhões de utilizadores da Internet, com mil milhões em banda larga, a rádio online pode crescer 20%. "As rádios na Internet têm o potencial de monitorizar o quê, quando e quão regularmente os consumidores a ouvem - prometendo uma poderosa plataforma para os anunciantes" publicitários.

Fora de casa, a lista prevista de filmes em 3D pode cativar os espectadores, sendo a sua aceitação limitada pelas salas com capacidades técnicas de projecção neste formato e a falta de verbas para a sua reconversão.

No geral, "as condições económicas, as preferências de consumo de media e os avanços da tecnologia digital terão impacto na despesa dos consumidores e no investimento das empresas", antecipa Phil Asmundson, vice-presidente da Deloitte.

O relatório está disponível em www.deloitte.co.uk/tmtpredictions/.

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