A fábrica Alcides Branco &
C.ª S.A., situada na Lameira de Santa Eufémia, que produz óleos alimentares (em
especial azeite), tem sido alvo de críticas, ao longo dos últimos anos, ora pelo
fumo intenso e ruído, ora pelo cheiro que emana, que é constante. No último
ano, a atividade da empresa fez-se notar com muita intensidade e a Câmara da
Mealhada não quer ser benevolente. “Não há contemplações para os
incumpridores”, garante Rui Marqueiro, presidente da autarquia.
Recordamos que, em 2007, a população e alguns
autarcas do concelho “uniram-se”, em prol desta causa, com uma manifestação,
que juntou centenas de pessoas. Na altura, e em comunicado ao nosso jornal,
Alcides Branco admitiu que “a atividade (da fábrica) produziu alguns malefícios
ambientais” e que, por isso, seria investido “um milhão de euros em um secador
e lavador de fumos, já em fase de montagem. Uma nova ETAR - Estação de Tratamento de Águas Residuais - com
maior capacidade e um pavilhão para armazenagem das matérias-primas”. E tudo
isto, garantiam os técnicos, resultaria em “melhorias nos cheiros exalados”, o
que, nos dias de hoje, não se verifica.
“Nada do que foi prometido, foi
cumprido. Por isso, sou da opinião, que a solução para o problema é a
deslocalização da fábrica”, até porque, para Marqueiro, “isto pode ser o fim da
estância termal do Luso”. Também Arminda Martins, vereadora na Câmara da
Mealhada, na reunião pública da autarquia, afirmou: “Entre termos x de pessoas
a trabalhar numa fábrica e centenas ligadas ao turismo, a opção é obvia… Nos
últimos tempos, de madrugada e ao fim do dia, aquilo é horrível!”.
Num trabalho de reportagem,
publicado no Jornal da Mealhada a 18 de junho de 2008, está refletido o mau
estar de atletas e técnicos de um Campeonato Nacional de Atletismo, que se
realizou no Centro de Estágios do Luso. “Viemos de carro até aqui e quando
começamos a chegar perto da localidade temos logo que fechar os vidros porque
não se aguenta”, afirmou , nessa altura, um dos elementos do júri da prova.
Mas o discurso que lemos neste
trabalho de há seis anos não muda. “Sente-se um cheiro absolutamente
insuportável, consoante a direção do vento. Vemos um Centro de Estágios, uma
instalação desportiva anexa e pessoas a irem-se embora do Parque de Campismo
por causa disto”, descreveu-nos um residente da localidade, onde a fábrica está
instalada, que lamenta: “Realmente é um bocado estranho estarmos no ‘Céu’, no
Bussaco, a olhar cá para baixo para o ‘Inferno’".
“Inferno” que, Nuno Branco,
administrador da empresa, minoriza, alegando que “a campanha do último ano foi
muito grande, daí ter-se notado muito mais (as consequências)”. “O importante é
termos trabalho para conseguir pagar as contas!”, afirmou o dirigente, ao nosso
jornal, que ainda nos garantiu que “o fumo, por exemplo, existe há cinquenta e
cinco anos”. “Só não existia fumo quando a empresa não existia”, concluiu.
Reportagem e fotografia de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 926, de 20 de agosto de 2014.
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