segunda-feira, 19 de maio de 2014

...Eleições ACB: “Candidatamo-nos porque queremos defender um programa”...



As eleições da Associação de Carnaval da Bairrada (ACB), para o triénio 2014-2016, só acontecem em junho, mas, pela primeira, e a mais de um mês da sua realização, já há uma lista candidata a esta corrida, liderada pela mealhadense Ana Filipa Varela. “Levar o bom Carnaval a sério” foi apresentado, oficialmente, ao final da tarde da passada quinta-feira, na Escola Profissional Vasconcellos Lebre, que se situa na zona desportiva, local que, por coincidência, em duas épocas do ano, se torna Sambódromo Luís Marques, para a realização de eventos relacionados com o Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada.
Numa “estratégia para refundar e credibilizar o Carnaval na Mealhada”, Ana Filipa Varela, presidente da direção da lista, explica a candidatura: “Esta equipa de pessoas está ligada ao Concurso de Escolas de Samba do Jornal da Mealhada e, ao longo dos anos, foi analisando o evento nas suas diversas formas. Tínhamos duas hipóteses ou ficávamos a ver o evento decair ou fazíamos alguma coisa. Nós decidimos fazer, tendo como base um programa sério e realista!”.
E é a partir deste programa que nasce esta candidatura. “Candidatamo-nos porque queremos defender um programa, com nove anos de reflexão!”, afirma Nuno Canilho, candidato a secretário da direção, com o pelouro das Relações Públicas. “Se os sócios o preferirem ótimo, se não é uma escolha e saímos de consciência tranquila pelo ‘estudo’ que fizemos”, acrescentou Nuno Canilho, incidindo no facto do modelo organizativo da ACB existir desde 1979. “Trinta e cinco anos depois, interessa adaptá-lo às novas realidades”, garante.

“Não há condições técnicas para o corso sair de onde está!”

Adaptação que pretende focar-se em pontos essenciais, como a escolha do rei ser, ou não, brasileiro, a necessidade de alteração dos estatutos da ACB e a mudança, ou não, do Carnaval para o centro da cidade da Mealhada.
Sobre este último ponto, a posição da direção candidata é clara: “Entendemos que não há condições técnicas para o corso sair de onde está! Faz sentido, sim, repensarmos o Carnaval, neste local, mas torná-lo mais apto e agradável”. “É um debate que tem que ser feito com as escolas de samba”, garante Nuno Canilho, que não descarta, contudo, a hipótese de nascer também um evento nas ruas da cidade e a realização do Carnaval da Criança.
Outro ponto da lista candidata passa por a ACB colaborar com as escolas de samba na compra dos materiais. “A Câmara Municipal da Mealhada investe muito do seu dinheiro público no evento e tem que haver uma abordagem profissional.  Fica mais barato comprar-se material em grandes quantidades, do que cada escola por si, como acontece”, explica ainda Nuno Canilho, que também referiu a pretensão de se criar uma política de aproximação “aos comerciantes da região” e “às associações do concelho”.
João Peres, atual presidente da mesa da assembleia-geral da ACB, aceitou o repto desta candidatura para ocupar o mesmo cargo. “Pela ACB passaram muitas direções e o modelo do Carnaval foi-se esgotando. Todos os que por lá passaram fizeram, bem ou mal, o que podiam!”, começou por dizer João Peres, que acrescentou: “Aceitei este convite por ser uma lista de pessoas jovens (todas com menos de quarenta anos), muitas delas ligadas ao Carnaval desde as barrigas das mães. Mas mais importante que ser uma candidatura jovem e atempada, é ter um programa!”.
Questionado, por um elemento da escola de samba Amigos da Tijuca, sobre o facto desta lista tencionar colocar um limite de escolas de samba a desfile, como tem acontecido nos últimos anos, Nuno Canilho respondeu: “Se, neste momento, existem quatro escolas preparadas para desfilar é com essas que temos que trabalhar para que se promova o melhor desfile possível. Estipularemos um cronograma e haverá a assinatura de um protocolo com direitos e obrigações de cada uma das partes. Agora estipular que uma sai porque só há lugar para três, isso não!”.
Nos últimos anos também muito se tem questionado sobre a escolha do rei ser, ou não, brasileiro e os custos que isso acarreta. “Há nisto uma fundamento histórico, que durante anos foi um chamariz de pessoas e justificou o sucesso e afirmação deste Carnaval”, começou por dizer Bruno Peres, também ele elemento desta candidatura, que acrescentou: “Interessa refletir os fundamentos da racionalidade económica de trazer ou não um rei brasileiro. Por outro lado, podemos aproveitá-lo para se fazerem presenças em espetáculos que promovam o evento, sessões de autógrafos ou fazer-se, por exemplo, um acordo com a SIC de se trazer uma figura brasileira ligada não às telenovelas, mas ao futebol ou a outra área”.
O Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada conta com trinta e seis edições ininterruptas e quarenta anos de história, o mesmo tempo da criação dos estatutos, o que para esta direção candidata é também uma urgência mudar-se.

“Há uma rutura com o atual modelo e não com as pessoas”

Nuno Canilho ainda ressalvou o facto de esta candidatura não estar em rutura com a atual direção da ACB. “Há uma rutura com o modelo e não com as pessoas, que têm garantido o Carnaval até hoje”, diz o candidato, que enaltece o evento e os seus principais ingredientes: as escolas de samba. “É dos espetáculos mais completos que temos. Podemos assistir a dramaturgia, dança, cenografia, artes manuais, etc.”, concluiu.

Eleições a 14 de junho

A lista da candidatura, que tem também os mealhadenses Carla Baptista e Nuno Semedo, ainda não está completa. A certeza é a de que a 14 de junho irá a votos, numa assembleia-geral, onde também serão apreciadas as contas do último ano de trabalho.

Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada no quinzenário Jornal da Mealhada, de 14 de maio de 2014.

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