terça-feira, 23 de março de 2010

...Quer ser padrinho de uma tempestade?...

Apostamos que nunca se lembrou quepodia ser “padrinho” ou “madrinha” deuma depressão ou anti-ciclone O Institutode Meteorologia da Universidadede Berlim vende, contudo, nomes para“baptizar” estes fenómenos meteorológicos.Cerca de 1400 pessoas de maisde 13 países europeus, Japão e EUA jáforam aceites como “padrinhos”.Difi culdades fi nanceiras e donativos irregularesmotivaram a iniciativa. O institutoprecisava de 50 mil euros por anopara manter o serviço de 24 horas deobservação do estado do tempo pelosestudantes, que tinha fi cado limitado aoito horas diárias.Em 2002, foi lançada uma campanha públicapara angariar pessoas que quisessempagar para dar o nome a um sistemade baixa pressão (depressão) ou a umsistema de alta pressão (anti-ciclone),explicou à Renascença o professor UweUlbrich, do instituto berlinense.

Como apadrinhar

O site ofi cial onde as inscrições estãodisponíveis - www.met.fu-berlin.de/adopt-a-vortex - lembra que este podeser o presente ideal para o Natal, paraum aniversário ou qualquer outra ocasiãoespecial. “Os apadrinhamentos acontecementre casais, por aniversário e éalgo muito especial, pois as pessoas vãover o seu nome no mapa meteorológico”,nota Ulbrich.O anticiclone custa 299 euros, pois émais longo e permanece durante ummaior período de tempo nas cartas meteorológicas,e a depressão vale 199euros. Mas, enquanto esta última permitearrecadar uma verba a rondar 30mil euros por ano, uma vez que surge emmédia, entre 150 e 160 vezes, o primeirofenómeno só ocorre entre 50 e 60 vezes.Através do site, também pode entrarnum leilão no ebay e licitar por umaletra que ainda ninguém tenha comprado,a qual poderá ser usada num futuropróximo.

Esperar pelo mau tempo

Após o pedido do “padrinho” receber“luz verde”, o Instituto de Meteorologiada Universidade de Berlim forneceum diploma prévio com o nome escolhido.Depois, é só esperar que chegue asua vez, ou seja, que o meteorologista.de serviço detecte um fenómeno, olhepara a lista - há cinco listas anuais, porordem alfabética - veja qual é o nome aseguir e o coloque no mapa meteorológicoda previsão que está a fazer.Após o fenómeno meteorológico ter passado,o cliente recebe um “certifi cadopost-mortem”, onde consta o dia de aniversárioe outras informações específi cas,como a duração e zonas afectadas.Regra geral, todos os nomes são aceites,mas existem algumas regras: tem de serum nome próprio e ter sido reconhecidopelo registo; não se aceitam nomes comhífen; não podem ter caracteres especiais;nomes de família ou de empresas/marcas não são aceites, a não ser quetambém sejam nomes próprios.

Ideia de uma meteorologista

A atribuição de nomes a este tipo defenómenos já existia em Berlim Oestedesde 1954, tendo sido criado por umadas mais conhecidas meteorologistasda televisão pública ZDF, Karla Wege,quando ainda era estudante.“Achava difícil denominar diferentesfenómenos em dias consecutivos. Tinhade se identifi car o ciclone, onde estevee onde estava agora e, por isso, elaconsiderou ser mais fácil atribuir-lhesnomes, como se faz com os furacões”,recorda o professor.Durante anos, no entanto, o sistema,inspirado no método norte-americanode atribuir nomes a furacões, era sópara entendidos, não saindo de umcírculo restrito. A partir da década de1990, porém, com a reunifi cação da Alemanha,os nomes atribuídos a depressõese a anticiclones começaram a serutilizados regularmente pela imprensa epor diversos institutos meteorológicos,embora esse não seja o caso português.Para evitar acusações de discriminação,em anos pares, as altas pressõesrecebem nomes masculinos e as baixasfemininos. Nos ímpares é ao contrário.Em 2010, os sistemas de alta pressãovão receber nomes masculinos e as baixaspressões femininos. Segundo a listapublicada no site, os dois próximos nomessão “Jochen” e “Ingeborg”.

Carla Caixinha - Grupo Renascença

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