Apesar de muitos portugueses optarem por viajar em qualquer
mês do ano, o de Agosto continua
a ser aquele que se associa a férias, a viagens, a descanso, a praia, a sol e a
mar. Também
pelo concelho da Mealhada, muitos são aqueles que tiram férias neste mês.
Percorremos as oito freguesias e descobrimos, com as pessoas com quem falámos,
que, por questões monetárias, as férias de muitas famílias se resumem a simples
idas diárias às praias mais próximas, sem ser necessário gastar dinheiro em
alojamento. Um responsável por uma instituição bancária do concelho também
garantiu que os créditos para férias estão a reduzir, uma vez que as pessoas
têm outras prioridades. Da parte das três agências de viagens da Mealhada, o
assunto é visto com optimismo e os responsáveis garantem mesmo que os pacotes
de viagens se têm vendido bem, tanto para Portugal, como para o estrangeiro.
“As pessoas procuram viagens para o Algarve, para as costas
portuguesa e espanhola, para Cabo Verde e Caraíbas, essencialmente. O Brasil
teve uma queda mais acentuada em relação a anos anteriores”, afirmou Rui Rocha,
da agência de viagens Caravelatur. Também Cláudia Pinto, da Halcon Viagens,
concordou: “Caraíbas, Norte de África, ilhas espanholas e costa portuguesa,
desde Peniche até ao Algarve, são os destinos mais procurados. As zonas do
norte e do interior de Portugal também estão a ser solicitadas. O Brasil teve
uma quebra, pois os clientes começaram a comparar a qualidade e o preço”. “A
procura continua a reflectir-se mais para as Caraíbas, para a República
Dominicana, Cuba e México, mas também há muitos clientes que procuram as ilhas
espanholas, como é o caso de casais com filhos. A procura de viagens para o
Algarve e para a Madeira também se mantém”, disse Tânia Santos, da
Multiviagens.
“Vou tirar cinco dias de férias, no final de Agosto, mas
ainda não sei o destino. No ano passado, com este espírito, eu e a minha esposa
fomos parar a Viana do Castelo. Não vou para fora do país porque, nos tempos
que correm, é mais seguro ficar por cá. O nosso país tem sítios maravilhosos e
lindos!”, afirmou Augusto Mamede, residente em Casal Comba.
Alguns destinos, em Portugal, são escolhidos pelo facto das
pessoas terem alojamento gratuito nos locais para onde se deslocam. “Tenho casa
no Algarve e, por isso, vamos para lá quase todos os anos. Contudo, ano sim,
ano não, faço sempre uma viagem ao estrangeiro”, afirmou Paula Castela,
residente na Mealhada. “Já fui uma semana em Julho, com o meu marido, para o
Algarve. Todos os anos vou para lá e fico em casa de uma amiga, assim não tenho
custos de alojamento. Gosto muito de lá ir, pois o tempo é bom e podemos estar
na praia de manhã à noite. Os oito dias de férias são muito bem aproveitados”,
disse Helena Lebre, da Lameira de São Pedro, do Luso. “Normalmente, vou para a
Costa Nova, com a minha família. Costumo ir para o apartamento de um familiar”,
acrescentou Carla Almeida, do Luso.
Para aqueles que foram emigrantes, o destino de férias acaba
por ser o país que os acolheu durante anos. “Este ano, vou de férias para a
Austrália porque ainda lá tenho casa. As viagens são acessíveis. Há trinta anos
pagava pelas viagens quase o mesmo que pago agora”, afirmou Rui Dias, residente
na Ferraria, em Barcouço. Opinião contrária tem Carlos Nogueira, ex-emigrante
dos Estados Unidos da América e residente em Ventosa do Bairro, que garantiu:
“As viagens têm vindo a aumentar muito. Agora, em Agosto, vou voltar aos
Estados Unidos para visitar a família e as viagens, nesta altura, que é
considerada a época alta, são muito caras”.
Muitos escolhem os parques de campismo para as suas férias.
“Vou para o campismo da Figueira da Foz, passar uns dias. Costumo sempre fazer
férias com o meu namorado e os meus sobrinhos”, afirmou Elsa Santos, residente
na Pampilhosa. Também Sílvia Gonçalves, residente na Póvoa da Mealhada, disse:
“Todos os anos passo uma semana no Algarve, com os meus amigos. Fico sempre no
campismo de Albufeira”. “O ano passado, fui para um parque de campismo em
Espanha. O sistema de campismo de lá é bem diferente do de cá. Vale mesmo a
pena”, acrescentou Vitor Pedrosa, do Carqueijo.
Célia Ferreira, residente na Mealhada, opta pela ida diária
à praia, para não gastar dinheiro em alojamento. “Nos seis dias que tenho de
férias vou até à praia de Mira, diariamente. Não vou para mais longe porque
teria que lá dormir e ficava caro. Antes de pensar em ir para o estrangeiro, se
eu pudesse percorria Portugal, porque temos sítios muito lindos”, lamentou.
“Temos preços para tudo e ofertas para todo o tipo de
clientes. As pessoas limitam-se ao seu orçamento, mas apesar da crise estamos
num mercado que tende a crescer. Contudo, se antes sabíamos quem eram as
pessoas que viajavam, agora não, pois as viagens tornaram-se mais procuradas
por todas as classes sociais. Há cada vez mais pessoas a viajar”, explicou
Cláudia Pinto, da Halcon Viagens. “Todos os anos vou de férias para o estrangeiro.
Já dei a volta ao mundo quatro vezes. Adoro viajar e quase sempre faço-o com a
família”, Rui Dias, da Ferraria, Barcouço.
“Já fui de férias, este ano, para Peniche, com a minha
família. Estive numa casa particular, onde gastei muito pouco, em quinze dias.
Escolhi Peniche porque vou para lá todos os meses pescar. É uma zona que me
atrai pelo cheiro, o som do mar, a pesca, etc.”, declarou Vitor Pedrosa,
residente no Carqueijo.
Encontrámos também residentes do concelho que por motivos
diferentes não podem ir de férias. “Não fazemos férias porque estamos no lar,
no entanto, se organizassem viagens aqui, nós íamos”, lamentaram Lamartino
Costa e Cacilda Paiva, casal residente na Antes. Patrícia Godinho, residente no
Travasso, Vacariça, explicou: “Não vou de férias porque não posso encerrar o
estabelecimento comercial, do qual sou proprietária. Contudo, se tirasse
férias, ficava por Portugal, não ia para fora do país”.
Também obtivemos testemunho de um responsável de uma
instituição bancária do concelho. “Este ano, houve uma ligeira retracção nos
produtos de crédito de viagens. É perfeitamente natural, tendo em atenção o
rendimento líquido das pessoas, motivo que as leva a alterar as suas
prioridades”, garantiu.
Para fora do país, ficar em Portugal ou optando por simples idas às praias mais
próximas do concelho da Mealhada, ficámos com a ideia, da parte das agências de
viagens, que as férias são pensadas cada vez mais cedo. “As pessoas procuraram
fazer as reservas das viagens até 31 de Maio. Em geral, vêm com orçamento e
destino definidos, mas como não têm noção do mercado, o produto que procuram
não se enquadra nos mesmos”, garantiu Rui Rocha, da Caravelatur. Claúdia Pinto,
da Halcon Viagens, concordou: “Temos clientes que reservam as viagens com
antecedência. Este ano, alguns fizeram as reservas até 31 de Maio. Queremos
continuar a trabalhar assim pois é uma mais-valia”. “As viagens que,
normalmente, os clientes procuram são para os meses de Julho e Agosto, com
duração de sete noites, oito dias. Este ano, a procura não baixou e houve
reservas com muita antecedência”, concluiu Tânia Santos, da Multiviagens.
Mónica Sofia Lopes
Reportagem publicada no Jornal da Mealhada de 13 de agosto de 2008.
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