Piloto da força área competente e dedicado foi
condecorado pelo Governo da República Portuguesa, em 1974
José Ribeiro Relvas nasceu a 9 de Junho de 1929, em Sernadelo.
Estudou nos vários colégios fundados
pelo Padre
Breda, na Mealhada. Fez o sétimo ano numa escola pública, em Anadia. Com vinte
anos de idade ingressou na força aérea, como piloto, em Sintra. Em 1954,
casou-se, em Sintra, com Maria Teresa Relvas, do único casamento da sua vida
nasceram duas filhas.
Em 1955, o capitão Relvas, já com uma filha – Fátima Relvas
–, foi destacado para a zona de Aveiro, onde viveu com esposa durante cinco
anos. De seguida, passou para o destacamento de Águeda, onde nasceu, em 1958, a
segunda filha, Zélia Maria Relvas. Nesta altura, ainda voltou uns tempos para
Sintra, mas em 1960, José Relvas partiu com a família para os Açores, onde
estiveram dois anos. Quando saíram de lá, o José Relvas tirou uma
especialização na Ota, na Região Militar de Lisboa, e partiu, com a família,
para África. Em Moçambique, combateu na Guerra Colonial, como voluntário, e
organizou duas comissões que levavam e traziam feridos, comida e medicamentos
de uns locais para os outros. Durante seis anos serviu na 3.ª Região Aérea e
realizou centenas de missões de voo no Norte e Leste de Moçambique, onde
revelou coragem, espírito de sacrifício e bom senso como comandante de bordo de
aviões C-47. No tempo que passou em África, nos tempos livres, tornou-se exímio
pescador e chegou a participar e vencer diversos concursos.
Em 1973, aos 48 anos, passou à disponibilidade e voltou à
metropole. Foi viver, com sua família, para a sua terra natal, Sernadelo, onde
ficou até vir a falecer. Em 5 de Fevereiro de 1974, no Diário da República, foi
condecorado, por proposta do comandante-chefe das Forças Armadas de Moçambique,
com a medalha de prata de serviços distintos, com palma, a mando de Joaquim Silva Cunha, ministro da Defesa Nacional,
nesta altura. “Manda o Governo da República Portuguesa, pelo Ministro da Defesa
Nacional, louvar, por proposta do comandante-chefe das Forças Amadas de
Moçambique, o capitão piloto navegador José Ribeiro Relvas, porque durante
vinte e oito anos em que serviu na Força Aérea, como piloto de vários tipos de
aviões de caça a transporte médio, ao longo dos quais realizou cerca de 8500
horas de voo, prestando serviço em mais de dez unidades, demonstrou competência
e excepcional entusiasmo e dedicação pela carreira que escolheu, mantendo-se
qualificado em aviões C-47 para missões operacionais, até ter atingido a idade
limite para a situação de reserva em 9 de Junho de 1973”, podia ler-se no
Diário da República de 5 de Fevereiro de 1974.
Em 1979, José Ribeiro Relvas, já na disponibilidade em
termos de carreira militar, foi eleito vereador da Câmara
Municipal da Mealhada, pela lista da Aliança Democrática (AD), encabeçada por
Adriano Santiago, apesar de ter o estatuto de independente. No seguimento da
demissão de Adriano Santiago foi presidente da Comissão Administrativa até às
eleições intercalares de 1980. Neste acto eleitoral foi o cabeça de lista da
lista da AD. Não foi o vencedor — foi eleito presidente da Câmara Manuel
Joaquim Pires Santos, pela lista do Partido Socialista, mas exerceu as funções
de vereador até ao fim do mandato, em 1982.
Foi vogal na Santa Casa da Misericórdia da Mealhada e teve
sempre um papel ligado à igreja desta cidade. José Relvas fez também parte da
primeira direcção do Centro de Cultura do Concelho da Mealhada.
Devoto do coleccionismo foi sócio activo do Núcleo
Filatélico e Numismático do Concelho da Mealhada. Tem, em Anadia, no Museu
Luciano de Castro, uma sala com o seu nome onde está patente a sua colecção de
moluscos marinhos.
Em determinado momento, deixou todas estas actividades e
passou o resto dos anos, até adoecer, a escrever, a ler e a fazer jardinagem na
habitação que construiu em Sernadelo. O jogo de bridge foi a última actividade,
de lazer, que o capitão Relvas praticou com alguma frequência, na sede do
Centro de Bridge da Bairrada, na Mealhada.
Segundo Maria Teresa Relvas, esposa, a filosofia de vida de
José Relvas era “Primum philosophari; Deinde vivere”, o que significa “Primeiro
filosofar; depois viver”. “Falava muito pouco da sua vida profissional, mas era
um excelente marido e um excelente pai. Era um homem muito activo que andava
sempre com muita pressa. Nos últimos anos de vida, até para a faculdade pensou
em ir”, confessou, ao Jornal da Mealhada, Maria Teresa Relvas.
No início do ano de 2007, José Ribeiro Relvas adoeceu e
sofreu duas operações à bexiga. Capitão Relvas acabou por falecer, devido a
problemas no pâncreas, na tarde de 17 de Março, no Hospital de Cantanhede.
Mónica Sofia
Lopes
Nota: Para fazer este
trabalho tivemos a colaboração da esposa do capitão José Relvas, Maria Teresa
Relvas, que nos forneceu todas as informações, assim como, nos cedeu algumas
fotografias. Sem a sua ajuda não teríamos realizado este trabalho e, por isso,
agradecemos a sua disponibilidade.
Trabalho publicado nas edições impressas do Jornal da Mealhada de 14 e 21 de maio de 2008.
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