sábado, 8 de setembro de 2012

..."Mudar o local do desfile do Carnaval Luso-Brasileiro da Bairrada?"...



Actual sambódromo já não tem capacidade para o espectáculo

Na terça-feira, dia de Entrudo, 5 de Fevereiro, e depois de o corso do Carnaval Luso-Brasileiro da Bairrada 2008 ter terminado, surgiram algumas críticas, negativas, por parte do público e de alguns elementos das escolas de samba, sobre as condições acústicas do sambódromo, onde, desde 2001, se realizam os desfiles de Carnaval. O assunto é, portanto, motivo de debate público e o Jornal da Mealhada foi perguntar: E se o sambódromo mudasse de sítio? Viveiros florestais são sítio preferido mas Avenida 25 de Abril também é possibilidade.

No centro das críticas dos foliões está as dificuldades de projecção do som de cada escola no percurso e o facto de elas ficarem partidas cada vez que fazem uma curva. E o percurso tem quatro curvas...
O percurso do Carnaval Luso-Brasileiro da Bairrada é feito, desde 2001, no sambódromo Luís Marques, na Mealhada, junto à zona desportiva da cidade. Nos últimos anos, e com o crescimento desta festa, a nível de escolas, participantes e aumento das dimensões dos carros alegóricos, o percurso tem-se revelado pequeno para  um desfile cada vez maior e que, há dois anos, levou à abolição da segunda volta do cortejo. “O sambódromo já não tem capacidade para receber o corso do Carnaval da Bairrada. Mudar para o antigo corso, dentro da cidade, também seria impossível porque os carros alegóricos estão muito grandes e haveria ruas que já seriam pequenas para estas dimensões. A Rua Dr. Cerveira Lebre, na Mealhada, é um bom exemplo disso. A nossa escola gostava de ver o corso do Carnaval ser realizado nos Viveiros Florestais. Também aí podiam ser feitos os barracões para cada escola de samba e seria uma forma daquele espaço vir a ser rentabilizado”, afirmou Ricardo Ferreira, presidente da direcção da escola de samba GRES Batuque.
Opinião semelhante tem Fátima Silva, presidente da direcção da Escola Juventude de Paquetá. “O recinto actual é muito pequeno para as seis escolas. Todas as escolas evoluíram muito a nível de alas e neste local ficam divididas. Nunca dá para ver uma escola inteira na avenida. Se fosse uma avenida, recta, o Carnaval podia oferecer outro tipo de espectáculo ao público. Para mim o melhor sítio seria onde o Carnaval era feito antigamente, no centro da cidade, mas já que vão arranjar os Viveiros Florestais era um bom local para se construírem as sedes das escolas de samba e uma grande avenida, onde seria o sambódromo. Até porque, se realmente fizerem um parque de lazer nos Viveiros Florestais, e não usufruírem dele, vai acabar por ser vandalizado”, explicou.
“O local actual não está mal, mas é pequeno. As escolas, neste momento, estão com capacidades e estruturas para realizarem o corso do Carnaval numa avenida. Penso que o local ideal seria nos Viveiros Florestais, tem os metros necessários e era o local onde podiam ser construídas as sedes das escolas de samba. Também lá se poderia fazer alguma construção direccionado para espectáculos, que também não temos cá nada na Mealhada”, disse Tony Melado, presidente da direcção da escola de samba Real Imperatriz, de Casal Comba.
Filipe Figueiredo, da Escola Samba no Pé, de Sepins, declarou: “Acho que o corso devia ser feito numa recta e num espaço maior. Andar às voltas, como tem sido feito nos últimos anos, é muito complicado. O ideal seria criarem uma recta nos Viveiros Florestais e onde se poderiam fazer também os pavilhões para as escolas”.
Da escola de samba Sócios da Mangueira, Henrique Salvador, elemento da comissão de gestão, disse: “Já não tem cabimento este percurso que fazemos, actualmente, e temos que pensar numa nova forma. O ideal seria uma recta e, desta forma, os horários de saída e chegada de cada escola seriam controlados. A Avenida 25 de Abril, na Mealhada, seria um local que podia albergar isso, nem que se tivesse que fazer mais dias de desfile para rentabilizar as bancadas. Por exemplo, faziam-se três desfiles, um no sábado à noite, e outros dois, nas tardes de domingo e de terça-feira. O Arquivo Municipal seria um bom local para os sambistas se vestirem e os carros alegóricos teriam uma grande estrada para passarem. Claro que tenho noção que isto seria difícil de se realizar”.
Hugo Idalécio, elemento da escola de samba Amigos da Tijuca, de Enxofães, afirmou: “O espaço actual, neste momento, é o mínimo exigível. Se conseguissem arranjar uma recta, como é no Carnaval do Brasil, era muito melhor, a nível de logística, de carros alegóricos, etc. Os Viveiros Florestais são um local que é da Câmara da Mealhada, portanto, na minha opinião, não interessa onde, mas de facto havia de existir um espaço só para o Carnaval da Mealhada e para tudo aquilo que ele implica”.
Da ACB, Álvaro Miranda, presidente da direcção, disse também: “O sambódromo devia ser uma recta, porque assim é mais complicado. Uma recta dá para outro tipo de apresentação, mesmo a nível de som de cada escola. Na Mealhada, há sítios que podem ser trabalhados para que isso venha acontecer, mas isso envolve situações que não estão ao alcance da ACB. Contudo, no actual sambódromo podemos usufruir dos balneários do Grupo Desportivo, da Escola Profissional e é também de um local que fica junto aos Estaleiros Municipais, para albergar os carros alegóricos”.

Texto de Mónica Sofia Lopes.   
Fotos, do Carnaval de 1979, do Arquivo da Sociedade Mangueirense

Trabalho publicado na edição impressa do Jornal da Mealhada de 13 de fevereiro de 2008.

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