Actual sambódromo já não tem capacidade para o espectáculo
Na terça-feira, dia de Entrudo, 5 de Fevereiro, e
depois de o corso do Carnaval Luso-Brasileiro
da Bairrada 2008 ter terminado, surgiram algumas críticas, negativas, por parte
do público e de alguns elementos das escolas de samba, sobre as condições acústicas do sambódromo, onde, desde 2001, se realizam os desfiles de Carnaval.
O assunto é, portanto, motivo de debate público e o Jornal da Mealhada foi
perguntar: E se o sambódromo mudasse de sítio? Viveiros florestais são sítio
preferido mas Avenida 25 de Abril também é possibilidade.
No centro das críticas dos foliões está as dificuldades de
projecção do som de cada escola no percurso e o facto de elas ficarem partidas
cada vez que fazem uma curva. E o percurso tem quatro curvas...
O percurso do Carnaval Luso-Brasileiro da Bairrada é feito,
desde 2001, no sambódromo Luís Marques, na Mealhada, junto à zona desportiva da
cidade. Nos últimos anos, e com o crescimento desta festa, a nível de escolas,
participantes e aumento das dimensões dos carros alegóricos, o percurso tem-se
revelado pequeno para um desfile cada
vez maior e que, há dois anos, levou à abolição da segunda volta do cortejo. “O
sambódromo já não tem capacidade para receber o corso do Carnaval da Bairrada.
Mudar para o antigo corso, dentro da cidade, também seria impossível porque os
carros alegóricos estão muito grandes e haveria ruas que já seriam pequenas
para estas dimensões. A Rua Dr. Cerveira Lebre, na Mealhada, é um bom exemplo
disso. A nossa escola gostava de ver o corso do Carnaval ser realizado nos
Viveiros Florestais. Também aí podiam ser feitos os barracões para cada escola
de samba e seria uma forma daquele espaço vir a ser rentabilizado”, afirmou
Ricardo Ferreira, presidente da direcção da escola de samba GRES Batuque.
Opinião semelhante tem Fátima Silva, presidente da direcção da Escola Juventude de Paquetá. “O recinto actual é
muito pequeno para as seis escolas. Todas as escolas evoluíram muito a nível de
alas e neste local ficam divididas. Nunca dá para ver uma escola inteira na
avenida. Se fosse uma avenida, recta, o Carnaval podia oferecer outro
tipo de espectáculo ao público. Para mim o melhor sítio seria onde o Carnaval
era feito antigamente, no centro da cidade, mas já que vão arranjar os Viveiros
Florestais era um bom local para se construírem as sedes das escolas de samba e
uma grande avenida, onde seria o sambódromo. Até porque, se realmente fizerem
um parque de lazer nos Viveiros Florestais, e não usufruírem dele, vai acabar
por ser vandalizado”, explicou.
“O local actual não está mal, mas é pequeno. As escolas,
neste momento, estão com capacidades e estruturas para realizarem o corso do
Carnaval numa avenida. Penso que o local ideal seria nos Viveiros Florestais,
tem os metros necessários e era o local onde podiam ser construídas as sedes
das escolas de samba. Também lá se poderia fazer alguma construção direccionado
para espectáculos, que também não temos cá nada na Mealhada”, disse Tony
Melado, presidente da direcção da escola de samba Real Imperatriz, de Casal
Comba.
Filipe Figueiredo, da Escola Samba no Pé, de Sepins,
declarou: “Acho que o corso devia ser feito numa recta e num espaço maior.
Andar às voltas, como tem sido feito nos últimos anos, é muito complicado. O
ideal seria criarem uma recta nos Viveiros Florestais e onde se poderiam fazer
também os pavilhões para as escolas”.
Da escola de samba Sócios da Mangueira, Henrique Salvador,
elemento da comissão de gestão, disse: “Já não tem cabimento este percurso que
fazemos, actualmente, e temos que pensar numa nova forma. O ideal seria uma
recta e, desta forma, os horários de saída e chegada de cada escola seriam
controlados. A Avenida 25 de Abril, na Mealhada, seria um local que podia
albergar isso, nem que se tivesse que fazer mais dias de desfile para
rentabilizar as bancadas. Por exemplo, faziam-se três desfiles, um no sábado à
noite, e outros dois, nas tardes de domingo e de terça-feira. O Arquivo
Municipal seria um bom local para os sambistas se vestirem e os carros
alegóricos teriam uma grande estrada para passarem. Claro que tenho noção que
isto seria difícil de se realizar”.
Hugo Idalécio, elemento da escola de samba Amigos da Tijuca,
de Enxofães, afirmou: “O espaço actual, neste momento, é o mínimo exigível. Se
conseguissem arranjar uma recta, como é no Carnaval do Brasil, era muito
melhor, a nível de logística, de carros alegóricos, etc. Os Viveiros Florestais
são um local que é da Câmara da Mealhada, portanto, na minha opinião, não
interessa onde, mas de facto havia de existir um espaço só para o Carnaval da
Mealhada e para tudo aquilo que ele implica”.
Da ACB, Álvaro Miranda, presidente da direcção, disse
também: “O sambódromo devia ser uma recta, porque assim é mais complicado. Uma
recta dá para outro tipo de apresentação, mesmo a nível de som de cada escola.
Na Mealhada, há sítios que podem ser trabalhados para que isso venha acontecer,
mas isso envolve situações que não estão ao alcance da ACB. Contudo, no actual
sambódromo podemos usufruir dos balneários do Grupo Desportivo, da Escola
Profissional e é também de um local que fica junto aos Estaleiros Municipais,
para albergar os carros alegóricos”.
Texto de Mónica Sofia Lopes.
Fotos, do Carnaval de 1979, do Arquivo da Sociedade Mangueirense
Trabalho publicado na edição impressa do Jornal da Mealhada de 13 de fevereiro de 2008.
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