Mealhadense apresenta, em livro,
estudo “exaustivo” de fachadas bairradinas
Cláudia Emanuel Franco dos
Santos, de 39 anos e natural da Vacariça, vai apresentar o livro da sua autoria
“Artes decorativas nas fachadas da arquitetura bairradina. azulejos e fingidos
(1850-1950)” no próximo dia 16 de janeiro, um sábado, às 15 horas, na
Biblioteca Municipal da Mealhada. A obra é publicada pela Câmara Municipal da
Mealhada e a apresentação estará a cargo de Eduarda Vieira, docente na
Universidade Católica do Porto; Conceição Serôdio, diretora do Museu de
Cerâmica de Sacavém; Luís Rocha, diretor do CEARTE - Centro de Formação
Profissional do Artesanato; e Branquinho de Carvalho, mealhadense e
colecionador de fotografias antigas da região.
“O livro é uma adaptação da minha
tese de mestrado em ‘Património Artístico e de Conservação’, onde obtive
dezanove valores”, começou por dizer, ao Jornal da Mealhada, Cláudia Emanuel,
que atualmente é Conservadora de Património na Santa Casa da Misericórdia da
Mealhada. “Uma obra que vem acompanhada de um DVD onde estão as fichas de
inventário e dez catálogos de fábricas cerâmicas”, acrescentou ainda.
Todo o livro é fruto de um
inventário realizado no ano de 2004 na região demarcada da Bairrada, onde se
inserem todas as freguesias dos concelhos de Anadia, Mealhada e Oliveira do
Bairro, algumas freguesias dos concelhos de Águeda, Cantanhede, Coimbra e Vagos
e ainda a freguesia de Nariz, no concelho de Aveiro. “Por motivos pessoais e
profissionais só agora foi possível a publicação da obra”, concluiu, ao nosso
jornal, a autora do livro.
Uma publicação que contou com o
total apoio financeiro da Câmara da Mealhada. Em nota no livro, Rui Marqueiro,
presidente da autarquia, descreve o momento em que lhe foi apresentada a
informação: “Percebi que a Cláudia se tinha documentado de forma conhecedora e
exaustiva da matéria de que ia tratar, no qual tive oportunidade de ver alguns
excertos do seu trabalho. Fiquei fascinado com a quantidade e qualidade da
informação constante dos excertos (…)”.
Resumo da obra feito por Cláudia
Emanuel:
“Acreditando que o conhecimento e
a sua partilha é um instrumento fundamental para a conservação arquitectónica
(e não só), estudaram-se as formas de ornamentação através de revestimento por
azulejos e por pintura de fingidos, da arquitectura doméstica da região
demarcada da Bairrada.
Realizou-se um Inventário
sistemático dos imóveis onde existiam estas ornamentações e procedeu-se à
avaliação do seu estado de conservação, para identificar os factores de degradação,
ou causadores de anomalias.
Para incentivar a sua conservação
e restauro, disponibilizaram-se conhecimentos sobre as técnicas de fabrico e de
produção destes elementos decorativos, e as técnicas de produção/decoração que
estiveram na base da produção azulejar. A investigação realizada sobre as
técnicas azulejares só foi possível, com um estudo paralelo sobre as fábricas
que estiveram na origem da sua produção. Isso permitiu o acesso a variados
catálogos de fábricas, o que veio facilitar a identificação do local de
produção de determinado azulejo.
A mesma recolha de conhecimentos
e saberes desenvolveu-se sobre as técnicas de pintura mural (execução de
fingidos e de azulejos fingidos), aqui procedendo à recolha dos saberes de um
mestre pintor/fingidor da região, que executou alguns dos exemplares
inventariados.
Procedeu-se adicionalmente ao
estudo de outros elementos decorativos complementares que, tal como os azulejos
e os fingidos, decoravam e valorizavam as fachadas da arquitectura bairradina.
Por fim desenvolveu-se um estudo
de caso particular, os revestimentos decorativos da estância de Emídio Navarro
(no Luso), dado o generalizado desconhecimento deste imóvel e sobretudo da
importância dos elementos decorativos que caracterizam todo o seu interior”.
Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 962, de 6 de janeiro de 2016.
1 comentário:
Cara Mónica, sabe dizer-me o nome e morada do Restaurante que a D. Conceição (SELAS) abriu na Mealhada, depois de ter fechado o "Selas" no Luso? obrigado
luis.cortereal.matias@gmail.com
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