Obras à entrada da Mealhada poderão
colocar em causa afluência ao evento
Não é só a redução financeira por parte da
Câmara da Mealhada para a realização do evento de 2016 que está a preocupar os
dirigentes da Associação de Carnaval da Bairrada (ACB). Em conferência de
imprensa, realizada na manhã do dia 18 de janeiro, a ACB mostrou-se reticente
em relação às obras da “Ponte do Gameiro”, na cidade da Mealhada, que têm
cortada a Estrada Nacional 1 nos próximos meses, e faz um apelo aos visitantes:
“Não se vençam pelo cansaço”.
Os dirigentes da ACB colocaram, para a
edição de 2016 do Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada, a tónica em três
pontos-chave: “Desfile Trapalhão, apresentação das escolas de samba e corsos de
Carnaval”.
Segundo Nuno Canilho, membro da direção da
ACB e responsável pela Comunicação, o “’Desfile Trapalhão’ procura ser uma
programação alternativa à marca ‘luso brasileiro’. É um desfile clássico,
português, descontraído e sem alinhamento”. Por outro lado, “é uma homenagem ao
fundador do Carnaval, Luís Marques, pois o evento realizou-se no centro da
Mealhada, desde 1971 a 2001”. “Pelos contactos que temos tido, parece-nos que
vai ser bastante participado, mas continuamos a desafiar as associações
culturais do concelho. Dentro da informalidade podemos ter apontamentos
históricos…”, acrescentou.
Em relação à apresentação das escolas, na
noite de sexta-feira anterior ao primeiro corso, dia 5 de fevereiro, o evento
realizar-se-á no Sambódromo Luís Marques e a entrada é livre. “Esta é a altura
em que as escolas apresentam o seu enredo e samba-enredo, isto é, apresentam o
tema e música. É sempre uma oportunidade para que as escolas se apresentem e
vejam as outras. Há um intercâmbio entre elas e procura ser um Carnaval para
todos”, continuou Nuno Canilho.
O momento sempre mais aguardado é o dos
corsos, que este ano se realizam a 7 e 9 de fevereiro, no Sambódromo Luís
Marques. E aqui o que preocupa os dirigentes é o facto de a Estrada Nacional 1
estar cortada na entrada da Mealhada, para quem vem de sul, o que faz com que o
único acesso seja pelo cruzamento da Predulha, no caminho que dá acesso à
Autoestrada 1. “Não percam logo a paciência por verem as coisas diferentes”,
apelam os dirigentes, que ainda garantem: “Vamos tentar melhorar a sinalização
dos acessos para que ninguém se vença pelo cansaço!”.
Mil figurantes em cada corso
E para quem vem assistir aos corsos tem
como principal atração as atuações das escolas de samba. Assim, o Grémio
Recreativo Escola de Samba Batuque (Mealhada) apresentará o tema “E não viveram
felizes para sempre”, que se centra nos vilões das histórias populares; o Grupo
Recreativo Escola de Samba Real Imperatriz (Casal Comba) apresentará “Carmen
Miranda para sempre”; a Associação Sociedade Mangueirense (Póvoa da Mealhada)
desfila com o tema “Bem Vindo ao Parque de Diversões”, onde se destacará as
feiras populares; e o Grémio Recreativo Escola de Samba Amigos da Tijuca
(Enxofães) tem como tema “Yes We Can”, que fará uma homenagem aos Estados
Unidos da América.
Para além das escolas de samba, atuam
ainda, entre outros, um grupo popular de dança chinesa e um grupo do norte
designado de “Desafio da Arte”. Estima-se que sejam perto de mil figurantes, ao
todo, em cada corso.
O preço de cada entrada é de cinco euros,
acrescendo três euros para bancada VIP e dois euros para bancadas corridas. Os
interessados devem contactar a ACB caso pretendam a compra antecipada dos
bilhetes (http://www.carnavalmealhada.com/).
O trajeto do desfile é idêntico ao do ano
passado, com saída junto ao sintético do Grupo Desportivo da Mealhada, seguindo
em direção à Escola Profissional Vasconcellos lebre e terminando junto às Piscinas
Municipais.
Rei será um produto endógeno da região
E em relação ao rei? “O ano passado (que o
rei foi um leitão) correu muito bem e as pessoas perceberam que o rei
brasileiro era um mito. Este ano vamos homenagear um produto endógeno da
região. Vamos procurar enaltecê-lo e divulgá-lo”, respondeu Nuno Canilho aos
jornalistas.
Diminuição de verba da Câmara “cancela”
publicidade do evento
A redução da verba por parte da Câmara da
Mealhada, de oitenta e quatro para sessenta mil euros, também foi abordada.
“Tínhamos um orçamento até meados de dezembro e, a partir dessa altura, tivemos
que nos reestruturar às novas condições, aos novos valores. Foi tudo muito em
cima do Carnaval”, declarou Bruno Peres, vice-presidente da ACB, que estima
gastar neste Carnaval cerca de cem mil euros (os sessenta da autarquia e os
quarenta de lucro da edição anterior). “Vai ser difícil cumprir este valor
porque muita coisa já estava afeta”, continuou o dirigente, que garante que o
corte “começa na divulgação do evento”. “Estamos a tentar que isto não reduza o
impacto da festa”, acrescenta.
O dirigente garantiu ainda que o volume
maior da verba “vai para as escolas de samba e houve reforço de algumas verbas para
os grupos contratados”. “Estamos focados nos dois dias de desfile e, por isso,
vamos também tentar reforçar as bancadas”, concluiu Bruno Peres.
E Nuno Canilho enfatiza a ideia: “O
espetáculo não é posto em causa. Não houve cortes às escolas de samba e grupos.
Aliás, face ao ano passado, até houve um aumento”.
Bares e cafés terão a responsabilidade de
fazer os festejos noturnos
O corte, para além da publicidade,
notar-se-á na animação noturna, com a falta da “tradicional” Tenda Gigante, no Sambódromo
Luís Marques, contudo, os dirigentes da ACB garantem que não faltará festa na
Mealhada. “Haverá uma animação noturna muito forte que ficará a cargo dos
comerciantes e empresários”, afirma Nuno Canilho, que vê nisto “um teste para
quem sempre disse que a Tenda colocava em causa os agentes locais”.
Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 963, de 20 de janeiro de 2016.
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