Meio milhar de pessoas participou
na procissão
O cheiro a alfazema e alecrim, as
ruas enfeitadas com flores e as colchas às janelas fizeram da tarde do dia 26
de julho um autêntico “mar de pessoas” nas ruas da cidade da Mealhada e da
Póvoa da Mealhada. E tudo em prol das festas religiosas em honra de Sant’Ana,
que contou com a colaboração da população.
Foi a Santa Casa da Misericórdia
da Mealhada quem fez o apelo, no início de junho, e a população superou todas e
quaisquer expetativas. O número de flores feitas em papel, cedido pela
instituição, ultrapassou as cem mil. “Durante um mês, eu mais quatro vizinhos,
passámos as noites a estudar o projeto e a fazer flores”, começou por dizer
Fátima Figueiredo, residente na Rua Dr. Costa Simões, situada na cidade da
Mealhada, que acrescentou: “Achei muito gira esta iniciativa. A Misericórdia deu
o papel e a população deu o trabalho e a criatividade. Gostei muito das ruas,
com passadeiras de flores e verduras, na Mealhada e na Póvoa. Toda a gente
colaborou no que era pedido”.
E foi na tarde de domingo do dia
26 de julho, onde nem o sol faltou, que o trabalho de dois meses se viu
refletido. A festa religiosa começou com a missa, na Capela de Sant’Ana,
propriedade da Misericórdia da Mealhada, celebrada pelo vigário geral da
Diocese de Coimbra, Pedro Miranda, que contou com os elementos do Coro da
Paróquia da Mealhada e da Filarmónica Lyra Barcoucense. O espaço foi pequeno
para as centenas de pessoas que não quiseram perder o momento. De seguida,
deu-se a procissão solene, que foi acompanhada pelas irmandades da Misericórdia
da Mealhada e de São Sebastião, pelos Bombeiros Voluntários e Agrupamento de
Escuteiros da Mealhada e “abrilhantada” pela Filarmónica de Barcouço. Ao todo
estima-se que estiveram presentes meio milhar de pessoas.
“Gostei muito da procissão e
estava o quíntuplo das pessoas que estiveram em outros anos”, elogiou Olga
Dinis, residente na Rua Nobre Araújo, na Póvoa da Mealhada, mais conhecida como
“a rua do Pau do Fio”. “Na nossa rua fomos quatro vizinhos a enfeitar. Fez-me
lembrar a Póvoa do passado onde todos se juntavam nas ruas”, acrescentou ainda
a munícipe, que apenas lamentou: “Julgo que devia haver mais interligação entre
as pessoas. Deve deixar-se o ‘bairrismo’ de lado…”.
Também Alexandra Roseiro,
residente na cidade da Mealhada, elogiou a procissão: “Esteve tudo muito bonito
e bem organizado. As ruas enfeitadas estavam lindas e notei que iam muito mais
pessoas”. Também Catarina Paiva, residente na Póvoa, concorda: “A participação
da comunidade foi como há muito não se via. Não me lembro de uma participação
tão significativa na Festa da Sant'Ana no centro da cidade! Creio que o empenho
na decoração das ruas trouxe o entusiasmo necessário para participar na festa.
Foi muito bom ver vizinhos a colaborar para um mesmo fim…”.
E pelo sucesso da iniciativa, a
população e os comerciantes pedem mais para os próximos anos. “Adorei a ideia
de trazer novamente à ribalta os festejos de Sant’Ana. É uma ideia que tem ‘pernas
para andar’. Dou os parabéns aos impulsionadores desta iniciativa”, declarou
Victor Moniz, gerente da “Papelaria Peninha”, situada na cidade da Mealhada e
que também contou com a montra enfeitada. “Para o ano desejo que se supere e
que se tente fazer ainda mais festa para que venham mais pessoas de outros
concelhos e de todo o país”, acrescentou. E Catarina Paiva aplaude a ideia:
“Parabéns a todos os que participaram e que para o ano a Festa da Sant'Ana
coloque novamente a comunidade unida e em festa”.
Também Fátima Figueiredo é da
opinião “que a festa não deve acabar por aqui e devia ser como antigamente com
grupos musicais”. “A juventude devia participar e empenhar-se em desenvolver
esta festa. As entidades têm que participar e dar donativos para que se faça um
grande evento com grupos musicais nacionais. Este ano foi o arranque que devia
não parar e ultrapassar o patamar da festa religiosa”, defendeu a munícipe, que
apenas ressalva uma maior divulgação nos anos vindouros: “Para o ano deve
colocar-se cartazes nas paredes e panfletos nas mesas dos cafés. Porque, apesar
de ter havido muita divulgação, ainda houve pessoas que não souberam da
iniciativa da feitura de flores “.
Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário do Jornal da Mealhada, número 951, de 5 de agosto de 2015.
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