Câmara da Mealhada reduz apoio
monetário em 24 mil euros
O executivo da Câmara Municipal
da Mealhada aprovou, por maioria, em reunião pública, realizada na passada
segunda-feira, dia 7 de dezembro, o corte de vinte e quatro mil euros para o
Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada na edição de 2016. A notícia, contudo,
foi avançada pelo Diário de Aveiro, uns dias antes da reunião, o que levou a
que a direção da Associação de Carnaval da Bairrada enviasse uma carta a Rui Marqueiro,
presidente da autarquia, a manifestar o seu descontentamento.
A verba disponibilizada pela
Câmara da Mealhada ao Carnaval, nos últimos anos, foi de oitenta e quatro mil
euros. Este ano o executivo decidiu descer para sessenta mil euros, justificando
que esta descida se deve ao facto do Carnaval em 2015 ter tido um lucro de
cerca de quarenta mil euros. O corte, contudo, salvaguarda “casos de
necessidade”, tais como, as más condições climatéricas, e assim, Marqueiro
garante poder apoiar com mais verba, que possa atingir os oitenta e quatro mil
euros.
“Não podemos ser penalizados por
termos sido sérios”
O Jornal da Mealhada teve acesso
à carta enviada por Filipa Varela, presidente da direção da Associação de
Carnaval da Bairrada, a Rui Marqueiro. “(…) Esse valor positivo (referindo-se
aos quarenta mil euros) – que não é inédito, longe disso, podendo até
considerar-se periódico – permitiu renovar equipamentos, fazer aquisições que
há muito iam sendo adiadas, no sentido de a ACB conseguir um dia ter maior
autonomia e sustentabilidade face ao financiamento público. (…) O
reconhecimento por termos sido sérios, rigorosos, diligentes e poupados –
acreditando sempre que o financiador público, a população, não merecia menos do
que isso – não pode ser a penalização e o corte de quase um terço do valor
atribuído no ano passado. O gesto do Município perante uma gestão cuidada e
criteriosa não nos parece que deva ser a da censura pela afirmação de que uma
associação sem fins lucrativos não deve ter resultados positivos”.
E Filipa Varela apela ainda:
“Estamos a cinquenta e sete dias da data prevista para os inícios dos festejos
carnavalescos na Mealhada. Estamos já há muitos meses a trabalhar no sentido de
termos um evento que dignifique a Mealhada e a sua população. Muito do trabalho
está praticamente pronto, muito do investimento está comprometido, quase tudo o
que devia estar comprado, já está comprado. (…) Procurar discutir isto, nesta
fase, é algo que nenhum dos elementos da direção da ACB merecia nesta altura, e
muito menos merecia a própria associação, com quarenta anos de história e um
serviço de voluntariado e promoção do concelho e das suas gentes”.
ACB projetou orçamento com base
em 84 mil euros
Já na semana passada, a
presidente da direção da ACB se tinha mostrado preocupada com a indefinição do
valor dado pela Câmara da Mealhada. Na altura, ao Jornal da Mealhada, a
dirigente declarou: “Contamos que o valor disponibilizado seja, pelo menos, o
do ano passado, oitenta e dois mil euros. Foi com essa base que estipulámos o
nosso orçamento para o próximo Carnaval. Mas e se não for? Teremos que rever
tudo o que foi feito”.
“Já houve um adiamento da segunda
tranche de verba às escolas, que está estipulado em protocolo. Conseguimos
dar a primeira tranche (cerca de vinte e cinco por cento do valor global, tendo
em conta o número de total de figurantes de cada escola), porque tínhamos
quarenta mil euros de saldo positivo do Carnaval deste ano”, explicou na altura.
Mangueira e Tijuca ainda não
assinaram protocolo com a ACB
Mas não será só esta a
preocupação dos elementos diretivos da ACB, uma vez que em nota publicada na
página oficial do “Carnaval da Mealhada” na rede oficial Facebook, pode ler-se
que “no final do mês de outubro a ACB apresentou às quatro escolas de samba o
protocolo de participação no Carnaval de 2016 – com as condições de
financiamento, direitos e obrigações das escolas, etc. Digamos que se trata de
um contrato entre a ACB e as escolas. Neste momento, assinaram o protocolo duas
escolas de samba (Batuque e Real Imperatriz), aguardamos pela assinatura de
mais uma e aguardamos que uma quarta escola nos dê conta se vai ou não assinar
o protocolo (e participar nos desfiles)”, referindo-se às escolas Amigos da
Tijuca e Sócios da Mangueira.
Nuno Canilho, também da direção
da ACB, garantiu, ao nosso jornal na semana passada, que “esta indefinição está
a fazer com que, por exemplo, ao nível dos carros alegóricos (que é da
competência da Associação de Carnaval) a construção esteja parada para essas
duas escolas”.
Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 960, de 9 de dezembro de 2015.
Fotografia do Carnaval de 2015.
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