Os deputados na Assembleia
Municipal da Mealhada vão começar a “discutir”, na noite da próxima
sexta-feira, dia 28 de novembro, a intenção, relevada pela bancada socialista,
de o concelho da Mealhada passar do distrito de Aveiro para o de Coimbra. As
razões ainda não são conhecidas, mas das restantes bancadas paira um sentimento
de “surpresa”. Já para a população o assunto é favorável, pois “não aquece, nem
arrefece”.
O tema há já alguns anos que é
abordado em
Assembleia Municipal , mas neste mandato, a primeira vez
aconteceu na última reunião e pelas “mãos” da bancada do Partidos Socialista.
Ao Jornal da Mealhada, e enquanto presidente da Comissão Politica na Mealhada
do PS, Arminda Martins explica que o partido “entendeu começar a discutir este
assunto e para isso criou um grupo de trabalho”. Para a também vereadora na
Câmara da Mealhada, “os tempos são outros” e seja qual for a decisão política,
“a população terá que ser ouvida”. “Isto será um processo longo que remeterá a
um conjunto de formalidades que têm que ser efetuadas”, conclui Arminda
Martins.
E é o sufrágio que as bancadas da
oposição pedem. “Não entendemos bem o porquê deste assunto ser abordado agora,
até porque não estava no programa eleitoral de qualquer força partidária”,
começa por dizer Isabel Lemos, da bancada da CDU – Coligação Democrática
Unitária, que acrescenta: “Antes do assunto ser levado a Assembleia Municipal
deve ser sufragado”. “Parece-me que se está a querer desviar as atenções de coisas
importantes e reais, como é, o da União de Freguesias”, acrescenta.
Bruno Coimbra, deputado na
Assembleia Municipal pela coligação “Juntos pela Coligação da Mealhada”,
garantiu que os deputados da bancada em questão vão reunir na noite de amanhã,
quinta-feira, para ser tomada uma posição sobre o assunto. “Estamos surpresos
com este tema. Não me parece que esteja na agenda dos mealhadenses, mas é certo
que está na do Partido Socialista”, declarou, ao Jornal da Mealhada, o também
deputado na Assembleia da República natural do Luso, que acrescenta: “Todos os
temas devem ser debatidos e alvo de um estudo aprofundado. Quero ouvir muitas
pessoas sobre esta matéria, pois estamos a falar de uma mudança territorial
grande, que engloba uma alteração geográfica/distrital no país”.
Parco em palavras, Rui Marqueiro,
presidente da Câmara da Mealhada, garante que “o assunto vai ser discutido
durante o tempo que for necessário” e exemplifica que a população da Mealhada
se identifica mais com Coimbra do que com Aveiro, aos níveis “da saúde, cultura
e educação, por exemplo”.
População diz “sim” à mudança
E na primeira abordagem, a
população manifesta-se a favor desta mudança. “Enquanto munícipe do concelho da
Mealhada vejo com muito bons olhos a possibilidade do nosso concelho passar a
ser parte integrante do distrito de Coimbra. Na prática, e fora alguns assuntos
mais burocráticos que têm de ser tratados em Aveiro (lembro as Instituições
Particulares de Solidariedade Social e as suas deslocações à Segurança Social
de Aveiro), temos uma ligação muito maior com Coimbra pela sua proximidade, com
especial atenção pela Saúde (Centro Hospitalar da Universidade de Coimbra) e
pelo Emprego (Instituto de Emprego e Formação Profissional)”, declara o
munícipe Tiago Ângelo, que acrescenta ainda: “Como lusense e ‘amante’ do
Bussaco vejo nesta troca de distrito uma forte possibilidade de melhorar as
sinergias criadas com o concelho de Penacova (também do distrito de Coimbra) em
assuntos relacionados com a Mata Nacional do Bussaco e sua zona periférica. Para
mim, sede de distrito, será Coimbra sem dúvida”.
Sónia Nabais, residente na
Pampilhosa e detentora de uma empresa de animação turística no concelho da
Mealhada, ao Jornal da Mealhada, declarou: “Nunca pensei bem nas implicações de
uma mudança dessas, mas a verdade é que trato de todos os assuntos fiscais em Coimbra. Julgo que
a mudar, e tirando a parte burocrática, pouco notaríamos de diferença”.
Também Andreia Rosa, residente no
Canedo, confessa que “pela proximidade, resolve todos os assuntos em Coimbra”.
“Em tempos se precisasse de passaporte ou Bilhete de Identidade com urgência,
tinha que ir a Aveiro, por ser o distrito da Mealhada. Agora nem isso….”,
afirma a jovem, que acrescenta: “Acho que muitas pessoas se perguntam porque pertencemos
a Aveiro se vivemos ao lado de Coimbra”.
Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 933, de 26 de novembro de 2014.
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