“Novo” protocolo do GIR coloca todas as
despesas nas “mãos” da Câmara
“De um lado o GIR (Grémio de Instrução e
Recreio), do outro um grupo de pessoas e no meio, nós, a Câmara”. Palavras de
Rui Marqueiro, presidente da autarquia da Mealhada, na reunião camarária que se
realizou durante o dia 16 de maio, acerca do assunto envolto da obra do
Cineteatro da Pampilhosa. Para além do tema estar na agenda da reunião, contou
também com dois elementos de uma Comissão, aprovada em assembleia-geral do GIR,
que deram o seu testemunho sobre toda a situação, enfatizada nos últimos meses.
Sucintamente a história começa com uma
assembleia geral do GIR, no início de 2016, onde é aprovado um protocolo a ser
elaborado com a Câmara Municipal da Mealhada onde esta se responsabiliza a
atribuir cento e cinquenta mil euros de verba para conclusão das obras do
Cineteatro. Um protocolo elaborado pela direção do GIR, depois de dois feitos
pela Câmara terem sido recusados. Esta reunião, contudo, acabou por ser
“impugnada” porque a forma como foi convocada, suscitou dúvidas a grande parte
dos sócios.
“Foi agendada numa nova assembleia em que
os sócios foram convocados por carta postal”, segundo Mário Rui Cunha, sócio do
GIR e um dos elementos da comissão eleita nessa assembleia com a finalidade de
“negociar” com a autarquia um novo protocolo, baseado num primeiro elaborado
pela Câmara, que os elementos da Comissão garantem “nunca terem tido
conhecimento”.
E Marqueiro explica desta forma os dois
protocolos apresentados à autarquia: “Neste feito pela Comissão é ‘a Câmara
paga e o GIR toma conta’, no da direção do Grémio é mais ou menos ‘tomem lá
isto…’”. “Há aqui uma luta pelo poder e nota-se neste protocolo que o elaboram
com desconfiança face ao parceiro”, acrescentou o edil, que sobre todo este
assunto afirma: “Há aqui alguma coisa mal explicada”.
Também Guilherme Duarte, vice-presidente
da Câmara Municipal da Mealhada, considerou “o protocolo inaceitável”. “Devia
aqui dizer-se que o Cineteatro é um edifício municipal ao serviço da Cultura do
concelho, para além disso, estamos a dar verba a uma associação que, há muitos
anos, não tem qualquer tipo de atividades”, disse ainda o autarca.
Rui Marqueiro acabou por dar a sua opinião
de que “o melhor é dar até cento e cinquenta mil euros para a obra ser
terminada, mas quem vai gerir o espaço é o GIR”, contudo, o executivo municipal
deliberou que “apresentará uma alternativa ao documento porque algumas das cláusulas
não são aceitáveis”.
O presidente da Câmara da Mealhada
relembrou ainda, e comparando com a gestão do Cineteatro Municipal Messias, que
“a sala do Cineteatro da Pampilhosa é muita pequena, tem cerca de cento e
trinta lugares, e ficará aquém daquilo que pensam (referindo-se às receitas)”.
“Eles vão ver que há despesas para tudo”, garantem.
Despesas que os elementos da Comissão,
eleita em assembleia-geral pelos sócios do GIR, têm conhecimento, mas que, no
protocolo, as colocam nas “Obrigações do Município”. “O Município compromete-se
a suportar todos os encargos com consumos de energia, gás, água e comunicações,
bem como de todas as restantes despesas inerentes ao normal funcionamento do
Cineteatro da Pampilhosa, nomeadamente, os encargos relativos a: segurança,
manutenção de equipamentos, manutenção da infraestrutura e contratação de meios
humanos de apoio técnico e logístico às atividades e eventos”, pode ler-se na
quinta cláusula do protocolo.
“Só queremos a dinamização da cultura na
vila da Pampilhosa”
Na “visita” à reunião de Câmara, Ana
Pires, também elemento da Comissão, garantiu: “Nós entendemos que na Pampilhosa
existem recursos e muita vontade em utilizar-se aquele espaço. Queríamos que
fosse o Grémio, em articulação com a Câmara, a proporcionar um espaço de
trabalho às associações culturais da Pampilhosa e outras. Só queremos a
dinamização da cultura na vila da Pampilhosa”.
Recordamos os nossos leitores que, na
reunião publica da autarquia, a 2 de maio, estiveram presentes os elementos da
direção do GIR a dar explicações sobre a situação. Na altura José Luís
Sequeira, presidente da direção, declarou: “Há treze anos que esta direção se
tem empenhado em reabilitar aquela casa. Segundos os técnicos, que têm
acompanhado a obra, ela estaria completamente no ‘chão’ se não se tivesse feito
uma intervenção. Temos tido imensas dificuldades e muitas críticas destrutivas
que, muitas vezes, nos derrubaram, mas nunca ninguém nos perguntou se queríamos
ajuda…”.
Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 972, de 25 de maio de 2016.
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