3 recolhas, 3 laboratórios, o mesmo
resultado: água na Fonte de São João está «própria»
Rui Marqueiro, presidente da Câmara
Municipal da Mealhada, realizou uma conferência de imprensa sobre a “polémica”
em torno da qualidade da água da Fonte de São João, situada no centro da vila
termal do Luso. No encontro foram apresentados documentos “para o
esclarecimento público da situação na fonte onde diariamente são enchidos
milhares de garrafões de água”.
O Jornal da Mealhada já tinha noticiado que,
até ao final do ano corrente, a Câmara Municipal da Mealhada e a Administração
Regional de Saúde do Centro, na pessoa da Delegada de Saúde da Mealhada, irão
fazer análises conjuntas à Fonte de São João. O périplo começou, no passado mês
de maio, os resultados já chegaram e são unânimes: nos dias em que as análises
foram feitas, os coliformes fecais - bactérias indicadoras de contaminação – estão
a zero, levando a que a água esteja própria para consumo.
Foi no passado dia 31 de maio que foram
feitas as colheitas da água, por parte da Câmara Municipal da Mealhada e do
Serviço de Saúde Pública da Mealhada e remetidas, respetivamente, para a CESAB
– Centro de Serviços do Ambiente – e o Laboratório de Saúde Pública de Aveiro. Para
além desta análise em conjunto, e uma vez que o assuntou tem vindo a preocupar
o presidente da autarquia, foi pedida uma terceira análise ao Laboratório das
Águas do Centro Litoral, tendo a recolha acontecido no dia 6 de junho. E não há
como enganar: as três “ditam” a inexistência de coliformes fecais.
O assunto deixou o edil “aliviado”, mas
não o descansa e, por isso, tal como o Jornal da Mealhada já escreveu, a “vigilância
vai ser apertada”. A legislação portuguesa dita que a cada trimestre têm que
ser feitas análises às águas das Fonte, mas para Marqueiro podem ser mais. “Até
dezembro a Câmara da Mealhada e a Delegação de Saúde da Mealhada farão analises
em conjunto, no mesmo dia, à mesma hora, no mesmo momento e, eventualmente, até
da mesma bica”, esclareceu, aos jornalistas, Rui Marqueiro, que acrescentou que
“se a Delegada de Saúde o permitir, até acho que se deve fazer isto para
sempre”.
Análises dos últimos anos detetam
coliformes fecais em meses de verão
A probabilidade que estes coliformes
fecais apareçam em alturas de grandes enxurrados “é grande”, afiançou, há
quinze dias e ao Jornal da Mealhada, o presidente da autarquia, baseando-se na
opinião empírica dos serviços da Câmara, que quer agora perceber “se é possível
que esta água não os tenha em nenhum período”. “Se aparece esta componente é
porque há contacto com a unidade fecal e é a obrigação da senhora Delegada da
Saúde de cumprir com as suas funções e divulgar os resultados, como o fez, até
porque se este componente aparece é porque há contacto com a unidade fecal”,
acrescentou na altura.
Mas agora, e depois de apresentados os
resultados dos últimos anos, a “teoria” poderá “cair por terra”, uma vez que em
2014 os coliformes fecais são visíveis em julho e em 2011 e 2013 em agosto –
alturas em que normalmente as chuvas são escassas. “Já em 2014 temos um ano
completamente limpo”, garantiu Rui Marqueiro, preocupado com a “inconstância
dos resultados”.
"Não sabemos as razões. Pode haver
uma rutura, pode haver uma ligação ilegal à rede, ou pode ser que a
contaminação ocorra no tanque que serve as bicas. Vamos fazer uma inspeção à
rede e se for necessário iremos contratar uma empresa para desinfetar a
água", garantiu ainda o edil.
Alegada água “imprópria” não retira
“clientes” à Fonte de São João
Na conferência de imprensa, que contou com
dois momentos – um no Grande Hotel e outro junto à Fonte de São João – Rui
Marqueiro enfatizou que “embora fique situada a menos de cem metros da nascente
da água do Luso, a fonte de São João não tem qualquer relação com a marca de
água comercializada pela Sociedade Central de Cervejas, sendo um aquífero de
superfície”.
Gerida pela Câmara Municipal da Mealhada,
esta Fonte debita quarenta litros de água por segundo, o que representa cento e
quarenta e quatro metros cúbicos por hora, e é um local onde diariamente
centenas de pessoas enchem garrafões de água para consumo.
O que o Jornal da Mealhada comprovou no
dia da conferência de imprensa, na manhã de 14 de junho, onde dezenas de
pessoas por lá passaram num espaço de cerca de trinta minutos.
Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 974, de 22 de junho de 2016.
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