Cerimónia de aniversário
“recordou” bibliotecas itinerantes
O Bibliomealhada fez oito anos no
passado dia 5 de novembro. Oito anos a circular pelas estradas da Mealhada, a
levar livros, músicas, filmes e internet aos locais mais recônditos do
concelho, a promover o acesso das crianças à cultura e a combater o isolamento
dos mais velhos, aproximando os munícipes da Biblioteca Municipal. O
aniversário do autocarro da Cultura foi comemorado na tarde do passado sábado,
dia 7 de novembro, na Biblioteca Municipal, numa cerimónia onde estiveram José
Melo e João Pega, que falaram sobre as primeiras bibliotecas itinerantes do
concelho, e uma sessão de contos com o argentino Rodolfo Castro.
A Biblioteca Itinerante N.º 2 da
Fundação Calouste Gulbenkian foi recordada com emoção na tarde do passado
sábado. A cerimónia ficou também marcada pela alusão “saudosa” ao “professor
Armindo Pega”, impulsionador da biblioteca “com rodas” na região. Estávamos em
1958…
“Foram vinte e três anos a trabalhar
com o professor Armindo Pega… Era um pedagogo muito grande e o maior mestre que
eu podia ter tido. Foi sempre extraordinário”, declarou, emocionado, José Melo,
funcionário na biblioteca itinerante, que muitas pessoas do concelho da
Mealhada conheceram nesse papel.
Foi a 28 de setembro de 1958,
junto ao quartel dos Bombeiros Voluntários, que a Biblioteca Itinerante foi
inaugurada. A partir dai não mais parou, seguindo estrada fora, diariamente
(inclusive ao domingo), alternando pelos concelhos da Mealhada, Anadia, Cantanhede
e até Mira.
“Quando chegávamos a determinadas
zonas era uma alegria enorme. As crianças pulavam… saltavam de alegria…
Sinto-me enriquecido pela passagem pela biblioteca”, continuou José Lopes.
João Pega faz dádiva à Biblioteca
Municipal da Mealhada
João Pega, outro dos antigos
colaboradores da “antiga biblioteca com rodas”, registou os oito anos do
Bibliomealhada com a oferta de um conjunto de boletins informativos da Fundação
Calouste Gulbenkian, que contém temas, autores e as listas de livros, e que
estava em sua posse. “Agradeço à Câmara Municipal da Mealhada pelo serviço que
presta aos meus conterrâneos, de colocar o Bibliomealhada a circular”, elogiou
João Pega, que ainda explicou a importância dos catálogos, no passado: “Nós
tínhamos disponíveis livros técnicos, que nos eram solicitados por estudantes
universitários, eletricistas e agricultores. Quando as pessoas se começaram a
interessar por abelhas, mandámos vir livros sobre isso…. Os catálogos era uma
maneira fácil de consultar o que exista na Fundação”.
Presente do lado do público
estava Nuno Salgado, que recordou: “Fui bolseiro da Fundação Calouste
Gulbenkian e fui beneficiado pelas bibliotecas itinerantes. Vivíamos o pior
período de acesso ao ensino quando apareceram as bibliotecas, que tanto nos
ajudaram”. Nuno Salgado ainda enalteceu o trabalho do professor Armindo Pega:
“Foi o responsável pelos resultados positivos da biblioteca. Soube orientá-la
no melhor caminho…”.
Branquinho de Carvalho, moderador
do “encontro”, declarou que “a biblioteca foi um passo enorme para a cultura
das pessoas”. “Esperemos que a Bibliomealhada continue, embora saibamos que
custa dinheiro, não nos podemos esquecer que a cultura não tem preço”.
Crianças e seniores são os que
mais lêem
Gisela Lopes, técnica da
Biblioteca Municipal da Mealhada e do Bibliomealhada, respondeu à questão de
quem é o principal público frequentador destes serviços camarários: “São as
camadas mais jovens até ao final do primeiro ciclo que lêem mais… Estagna um
pouco nas seguintes, na juventude e adulta, e depois voltamos a ter uma camada
mais forte, nas mais seniores”. “Contudo, em todas elas, o trabalho de promoção
está lá e é importante”, garante.
A tarde terminou com a sessão de
contos de Rodolfo Castro, argentino, mas a viver atualmente em Portugal. É
contador de histórias, formador e escritor entre muitos outros ofícios. Rodolfo
é conhecido como “o pior contador de histórias do mundo” tal como ele próprio
explica: “Esforcei-me sempre por ser o melhor. Para isso treinei, estudei, trabalhei
e não consegui. Quando comprovei que não podia ser o melhor, decidi ser o
pior... e consegui”.
Noticia de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário
Jornal da Mealhada, número 958, de 11 de novembro de 2015.
Sem comentários:
Enviar um comentário