Carta Educativa da Mealhada “prevê” menos
400 alunos em 2021
O Conselho Municipal de Educação aprovou,
por maioria, a Carta Educativa do Concelho da Mealhada, na tarde do passado dia
20 de abril, em sessão, aberta ao público, que se realizou na Câmara. “A única
abstenção registada foi a da representante da DGEstE - Direção-Geral dos
Estabelecimentos Escolares, que não quis votar favoravelmente sem a opinião dos
restantes colegas de equipa”, declarou, ao Jornal da Mealhada, Guilherme Duarte,
vice-presidente da autarquia.
O decréscimo da natalidade nos últimos
anos e a previsão para os próximos anos de uma taxa ainda maior são a grande
preocupação registada na Carta Educativa do Concelho da Mealhada. “Prevemos
para 2021 uma grande descida e quase que vamos ter os mesmos valores de 1959”,
declarou António Rochette, professor na Universidade de Coimbra, que garantiu
que “a tendência é a de menos nascimentos”. “O ano de 2016 será o melhor de
nascimentos, a nível nacional, mas a tendência não se vai manter, a não ser que
haja uma alteração na politica central”, acrescentou ainda.
Para o “líder” da equipa que elaborou a
Carta Educativa da Mealhada “em 2031 teremos (no município) mais cinco mil
seniores, com mais de sessenta e cinco anos, do que agora, e teremos menos mil
e quarenta crianças”. “Em 2021, que é já amanhã, vamos ter menos quatrocentos
alunos”, enfatizou ainda.
Mas António Rochette assume que, a nível
nacional, “o quadro previsto para o município da Mealhada é dos melhores”.
“Estamos perante um problema gravíssimo a nível nacional. Não há escolas e
professores a mais, há sim alunos a menos. Em dez anos houve um aumento
significativo do índice de envelhecimento”, disse.
Os principais responsáveis pela Educação
no concelho da Mealhada, perante as previsões, mostraram-se preocupados, mas
António Rochette foi perentório: “É melhor sabermos a doença agora, para poder
tratá-la. Até porque da mesma maneira que não falhámos antes, não devemos
falhar muito agora. E se isso acontecer que seja pela positiva”.
Antes e Casal Comba “decidirão”
encerramento, ou não, das EB1
A Carta Educativa do Concelho da Mealhada
não sofrerá, para já, qualquer alteração na rede de escolas, contudo, “há uma
clara atualização de dados e um alerta para algumas preocupações”. “Vamos ver
como o Centro Escolar da Mealhada (parte dele já a funcionar desde o início do
ano letivo 2015/2016) vai dinamizar e/ou alterar esta Carta”, declarou o
professor catedrático, referindo-se ao caso específico do primeiro Ciclo do
Ensino Básico na Antes e Casal Comba. “O problema de Casal Comba foram os
alunos terem ido para o Centro Escolar da Pampilhosa, numa lógica de
proximidade. Mas tanto neste caso, como no da Antes, se os alunos se quiserem manter,
as escolas não encerrarão”, acrescentou.
Esta preocupação foi logo manifestada, no
inicio da reunião, por Guilherme Duarte, também responsável pelo pelouro da
Educação, que informou que “Manuel Cardoso, presidente da direção do Centro
Social da Freguesia de Casal Comba, enviou uma carta para a autarquia a
manifestar lamento se a escola da localidade vier a encerrar”. “Eles
inauguraram recentemente uma infraestrutura que dá resposta a valências de
Infância, que certamente perderiam com o encerramento da EB1”, disse o autarca.
Sede do município regista nascimentos, mas
alunos vão estudar “para fora”
Mas o Centro Escolar da Mealhada poderá
também resolver outro tipo de questões, como a ida por exemplo dos alunos para
o Colégio de Famalicão. “A freguesia sede do concelho – Mealhada – tem mais
nascimentos do que frequência dos alunos no primeiro ciclo, porque as crianças
vão para instituições de ensino de Anadia e até de Bustos, no caso de parte da
população de Ventosa do Bairro. Isto é caso raro a nível nacional, mas presumo
que seja resolvido com este ‘novo’ Centro Escolar”, afiançou António Rochette.
“Nota-se uma melhoria nos locais onde há
Centro Escolares”
Já sobre o sucesso escolar, o professor
catedrático garante que “se nota uma melhoria nos locais onde há Centros
Escolares”. “Verificamos também, e em todo o país, que os alunos que repetem de
ano têm sempre valores muito baixos. Provavelmente vamos ter que repensar as
retenções”, concluiu António Rochette.
Documento vai a votos na Câmara e
Assembleia Municipal
Depois de aprovada em Conselho Municipal
de Educação, o documento será alvo de votação pelo executivo da Câmara e
remetido, para o mesmo efeito, à Assembleia Municipal da Mealhada.
Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 970, de 27 de abril de 2016
1 comentário:
Enquanto isto, eles aí estão de novo, o SOS (fascismo)!
Se querem ter os vossos meninos nos colégios enquanto as escolas públicas estão a ficar vazias, paguem do vosso bolso e não se financiem nos impostos que os outros pagam.
Espero que o actual Governo não ceda, já bastaram quatro longos anos de saque!
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