PS e Coligação querem debate
Está, oficialmente, lançado o debate da
“desagregação das freguesias” no concelho da Mealhada. Depois de o atual
Governo socialista anunciar querer reverter a situação criada em 2013, Rui
Marqueiro, presidente da Câmara Municipal da Mealhada, levou o assunto à ultima
reunião camarária, na manhã do dia 2 de maio, e tenciona, a partir de agora, “discuti-lo”
com a população de todo o município.
“Sou contra a agregação, sempre fui!”,
começou por dizer o edil, que informou “querer suscitar o debate com os
presidentes das Juntas, principalmente com o da União de Freguesias da
Mealhada, Ventosa do Bairro e Antes”.
Para o edil “a consciência fica tranquila
se tentar perceber se esta ‘agregação’ é boa ou não para o Município” e deve
ser feita “através da Assembleia Municipal”. Mas o autarca garante que,
referindo-se a outros municípios, “quem experimentou e gostou, então deve
continuar”.
Gonçalo Louzada, eleito pela coligação
“Juntos pelo Concelho da Mealhada”, foi quem quis saber as vantagens ou
desvantagens da agregação. “Julgo que ainda não há nenhuma avaliação, mas tudo
isto surgiu por uma tentativa económica, que nos parece que não funcionou!”,
declarou José Calhoa, vereador na Câmara da Mealhada.
Rui Marqueiro acrescentou que “há
trabalhos a nível académico, mas em nenhum se podem ver vantagens” e,
referindo-se ao caso concreto da Mealhada, disse: “Não digo que a experiência
foi má, mas também não foi positiva!”.
“As pessoas querem a proximidade imediata!
É diferente ter lá um presidente da Junta de Freguesia sempre ou ter um
funcionário que só lá está disponível, de vez em quando, e sente-se alguma
tensão e mau estar na população”, declarou o edil, que remeteu o assunto para a
Assembleia Municipal da Mealhada.
Um assunto que, segundo Guilherme Duarte,
vice-presidente da Câmara da Mealhada, “tem que ser bem fundamentado” “Temos
que explicar bem porque é que não queremos a continuidade da agregação”, apelou.
“Não estou contra a desagregação das
freguesias”, garante presidente da União
Também na Assembleia Municipal da
Mealhada, que se realizou a 29 de abril, o assunto foi abordado, tendo começado
pela apresentação de uma moção por parte da bancada da CDU que, contudo, foi
rejeitada, não pelo seu teor, mas pela forma como foi redigida.
Uma moção que se oponha à continuidade da
agregação das freguesias e onde se lia “que as populações se têm queixado”
desta “mega freguesia”.
João Santos, presidente da Junta da União
de Freguesias da Mealhada, Ventosa do Bairro e Antes, quis pronunciar-se sobre
a “dissolução das freguesias”. “Não é verdade que as pessoas andem a chorar nas
freguesias, mas também não é verdade que o presidente desta Junta não queira a
desagregação”, lamentou João Santos, que acrescentou: “O presidente da Junta da
União esteve sempre na linha da frente para a não agregação e quer que as freguesias
voltem ao seu lugar!”.
“Não posso ser o mau da fita!”,
acrescentou João Santos, que votou contra a moção, enfatizando, contudo, “não
estar contra a desagregação das freguesias”.
Coligação diz “confortável com o facto de
a Câmara querer debater o assunto”
Depois de a moção ter sido rejeitada,
Bruno Coimbra, da bancada da coligação “Juntos pelo Concelho da Mealhada”, declarou:
“A CDU continua a trazer coisas escritas de Lisboa, que não retratam o concelho
da Mealhada. Não nos revemos na parte expositiva desta moção e, portanto, nem
chegamos à parte cerne da questão”.
Para o também deputado na Assembleia da
República, e fazendo voz à bancada da Coligação, “se calhar achamos que este
tipo de processos deve atuar alguns anos para se poder fazer um balanço. Mas
concordamos que o assunto tem que ser muito pensado e muito discutido!”.
“Há concelhos onde as coisas correram bem
e há outros que não. E a Mealhada pode ser um destes”, acrescentou ainda Bruno
Coimbra, que garantiu “sentir-se confortável com o facto de a Câmara tomar a
iniciativa de debater o assunto”.
“Moção da CDU é politica e até agressiva”,
diz PS
Artur Dinis, da bancada do PS, lamentou “a
falta de abertura da CDU” e garantiu: “Não indo contra o conteúdo da moção,
questionamos a sua forma”.
E Paula Coelho, da mesma bancada,
acrescentou que “a abordagem da moção é politica e até agressiva, mas como a
CDU se mostrou irredutível, votamos contra esta moção, mesmo estando a favor do
conteúdo central”.
Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 971, de 11 de maio de 2016.
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