Criado no passado dia 11 de
setembro, o grupo na rede social Facebook “Baganha Basta” ultrapassou, passados
oito dias, mais de meio milhar de adesões. “Se sofres com este cheirete,
arranja uma daquelas máscaras contra o pó, de farmácia, de gás… tiras uma
fotografia e coloca-a como foto de perfil como forma de protesto...”, lê-se no
primeiro post da página, que reivindica o mau cheiro e fumo criados pela
fábrica Alcides Branco & C.ª S.A., de óleos alimentares (especialmente de azeite),
situada na Lameira de Santa Eufémia, no Luso. “É um primeiro passo... pelas
pessoas, pelos turistas, por muitos empregos... pela nossa própria saúde...”,
acrescenta.
São mais de quinhentos os
munícipes que já disseram “sim” a esta luta, no dia 19 de setembro. São de
várias partes do concelho, mas especialmente do Luso e da Mealhada. “É um
cheiro e um fumo que me impede de abrir as janelas de minha casa. Por vezes
entranha-se de tal forma que nos deixa agoniados”, lamenta, ao Jornal da
Mealhada, Tiago Ângelo, residente no centro da vila do Luso, que acrescenta:
“Como lusense ou como simples habitante da freguesia, sinto-me incomodado com o
cheiro, daí estar a cem por cento de acordo com o movimento de cidadãos. Juntos
temos mais força nos protestos”.
Na mesma rede social, lê-se um
comentário de Pedro Costa, residente no centro da cidade da Mealhada: “Desde
que aderi ao Facebook, mantive sempre a mesma fotografia de perfil. Até hoje. Hoje
mudei-a por uma boa causa: vamos acabar com a pestilência no nosso concelho. Um
abraço de solidariedade aos irmãos da parte mais alta do nosso concelho que têm
aturado isto durante anos a fio e um desejo profundo que o mal que foi feito a
quem nos tem visitado, não tenha deixado marca suficiente para que não queiram voltar.
Vamos lá acabar com esta vergonha”.
Recorde-se que esta não foi a
primeira tentativa da população na rede social. Criado no ano de 2011, e com
cerca de quatrocentos membros, está também ainda ativo o grupo “Chernobyl in
Luso e arredores”, que através de fotografias tem “denunciado” o problema.
“Farei de tudo o que estiver ao
meu alcance para fechar esta fábrica”
Rui Marqueiro, presidente da
Câmara Municipal da Mealhada, já tinha demonstrado, ao nosso jornal, o seu
“cada vez maior” desagrado com esta fábrica. E tudo porque, no passado dia 20
de agosto, recebeu a notícia de que a equipa de árbitros que estava em trabalho
no Centro de Estágios do Luso, como é habitual todos os anos por esta altura,
tinha “abandonado” o local por não aguentar o mau cheiro.
“Está mais do que provado, o
prejuízo que esta empresa cria no concelho da Mealhada. Hoje são árbitros, mas
amanhã são equipas nacionais, aquistas (pessoas que frequentam Termas) e
munícipes”, lamentou, na altura, o autarca, que já teve conhecimento de que,
brevemente, a “fábrica da baganha”, como é conhecida, irá receber uma inspeção
da Direção Geral do Ambiente, que reunirá pareces de várias entidades: Câmara
Municipal da Mealhada, Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) e
Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC).
“Se não houver resolução por
parte do Governo, a Câmara avançará com uma ação em Tribunal. Farei de
tudo o que estiver ao meu alcance para fechar esta fábrica, pois já vi que a
única solução só pode ser esta”, acrescentou.
Texto de Mónica Sofia Lopes publicado na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 929, de 1 de outubro de 2014.
Fotografia do grupo “Baganha
Basta” no Facebook
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