O executivo da Câmara Municipal
da Mealhada deliberou, na reunião pública de 6 de outubro, manter o corte de
água à empresa Alcides Branco & C.ª S.A., situada na Lameira de Santa
Eufémia, na freguesia do Luso. O motivo? “Inicialmente falta de pagamento de faturas
e depois a entrega insuficiente de documentos para reativação de ligação”,
explicou, ao Jornal da Mealhada, Rui Marqueiro, presidente da autarquia. Mas
Nuno Branco, administrador da empresa, diz que este procedimento “faz parte de
uma telenovela” e que “os únicos prejudicados são os trabalhadores”.
“A empresa atrasou várias vezes o
pagamento e também várias vezes foi notificada. Chegou a uma altura em que a
Câmara teve que cortar a água por incumprimento”, começou por explicar o edil,
que garante que os pagamentos “já foram liquidados”.
A partir desse momento, começou o
processo de ligação com reposição de contador de água, na qual “o senhor
(referindo-se ao proprietário da empresa) entregou o requerimento e licença de
exploração, contudo ficou a faltar a licença de utilização das instalações”,
esclarece Rui Marqueiro, ao nosso jornal, garantindo ir notificar a empresa da
deliberação do executivo municipal. Nuno Branco assume que houve alguns
atrasos, que já foram pagos, mas que agora está a ser alvo de um processo, que
só acontece “num país de terceiro mundo”. “Não devemos nem meio litro de água à
Câmara. Pagámos, requisitámos novamente o contador, que foi accionado durante
meia hora, e depois desligado, como está até hoje….”, garante o administrador da
empresa, que sobre a documentação em falta, afirma: “É uma telenovela. Cada vez
que lá levo um papel, dizem-me que falta outro. O problema disto tudo é que os
únicos prejudicados são os trabalhadores, que não têm água para a sua higiene.
É desumano e nada digno!”.
Segundo Nuno Branco, o corte de
água “em nada afeta a produção da fábrica, uma vez que não é precisa para a
laboração” e ainda acrescenta que “a telenovela acaba daqui a três semanas”. E
porquê?, quisemos saber. “Porque vai terminar a campanha que, este ano, contou
com excesso de produção, o que levou a que tivéssemos laboração nos meses de
julho e agosto”, respondeu-nos Nuno Branco, que ainda garante que “tudo está
dentro da legalidade na fábrica, que labora há cinquenta anos e há-de trabalhar
outros cinquenta!”.
A “fábrica da baganha”, como é
conhecida a Alcides Branco, não tem dado descanso ao edil nos últimos meses,
com as queixas das populações do Luso, Vacariça e Mealhada a intensificarem-se
de dia para dia, devido ao fumo e cheiro, provenientes daquela unidade fabril,
que produz azeite. “Eu não quero que a fábrica feche. Eu quero é que ela opere
legitimamente, sem causar prejuízos ambientais para ninguém”, esclarece o
autarca, que acrescenta: “Este cheiro nauseabundo pode destruir todo o trabalho
que a autarquia tem feito para impulsionar a economia local. É preciso que a
economia local perceba que vai perder mais se se mantiver a fábrica a laborar
desta maneira, do que se a fecharem. A estância termal do Luso está a ser
gravemente afetada”.
“A saúde e a qualidade de vida
dos cidadãos e o potencial turístico da região não podem ser secundarizados em
favorecimento de uma pequena indústria que de forma sistemática falha no
cumprimento da lei!”, afirma, por sua vez e em comunicado, Bruno Coimbra,
deputado na Assembleia da República e natural da vila do Luso, que tem já um
histórico de atividade parlamentar nesta matéria, com iniciativas que remontam
ao ano de 2011.
Noticia de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 930, de 15 de outubro de 2014.
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