Um possível curto-circuito, na
noite de Natal de 2013, no Convento de Santa Cruz no Bussaco, que provocou a
destruição da tela da “Sagrada Família”, conhecida por muitos como “Virgem do
Leite”, “encerrou” o espaço. Agora, e apesar da sala onde estava “a pintura
mais valiosa” continuar interdita, o Convento do Bussaco já pode ser visitado
(diariamente das 10h às 13 horas e das 14h às 18 horas), depois de pequenas
intervenções que, Fernando Correia, o atual presidente da Fundação Mata do
Bussaco, achou necessárias. “Não é nenhuma intervenção de fundo, mas procurámos
que o espaço fique mais apresentável e digno para ser visitado”, garante.
À entrada do Convento de Santa
Cruz a vista está “mais limpa”, após terem sido removidos dois “grandes
cedros”, apostando numa melhor visualização do Convento para quem chega aquele local
da Mata. Foram ainda limpas “a cobertura, os bancos e as escadas” da vegetação
que vai crescendo com o passar dos anos.
Já no interior do Convento dá-se
conta da renovação das portas, que as intempéries foram deixando “num estado
lastimoso”. “É um trabalho que está a ser feito por uma carpintaria local, que
fez com que não fosse oneroso para nós”, começou por explicar Fernando Correia,
presidente da Fundação Bussaco desde o passado mês de janeiro, que também
“intervencionou” a iluminação daquele espaço religioso, estando um estudante de
Mestrado em
Eficiência Energética dos Edificados a analisar o caso do
Convento.
Na Capela da Família Sagrada
foram ainda, superficialmente, feitas algumas pinturas interiores, em que as
paredes foram caiadas. E é aqui que ainda se vê um lençol branco que tapa o
espaço onde estava a “Virgem do Leite”. “Estamos aguardar autorização da
Policia de Investigação Criminal para podermos seguir os trabalhos. Sabemos que
as perícias de averiguação já acabaram, só nos falta a autorização”, garante o
“dirigente” da Mata do Bussaco, que lamenta: “Não podemos tê-lo fechado muito
tempo porque os recursos da Fundação são poucos e abri-lo é uma mais valia”.
Mas a intervenção mais necessária
e que ainda não pode ser feita é a da cobertura de todo o Convento. “Pedimos
uma análise ao Departamento de Engenharia da Universidade de Aveiro e já
percebemos que ficará mais caro do que prevíamos”, afirma o presidente da
Fundação Bussaco, que, ao Jornal da Mealhada, explicou o que pensa fazer:
“Vamos intervir com madeiras das ‘nossas’ árvores que tombaram e antes da
colocação da telha, colocar-se-á outro material para dar ainda mais segurança”.
Mas a data para início deste
trabalho está dependente, não só das condições climatéricas estáveis, como
também das financeiras. “Teremos que ter apoio de mecenas (patrocinadores de
artes), instituições, empresas e até da própria Câmara da Mealhada”, apela
Fernando Correia, que “gostava ainda este ano” de ver esse trabalho ter avanço,
tentado evitar “outras tragédias semelhantes às do Natal passado”.
Depois da cobertura, Fernando
Correia quer ainda alterar o percurso expositivo do Convento, para que “não
seja necessário um monitor a guiar os visitantes”. “Queremos mostrar toda a
história do edificado e dos quadros de uma forma fácil e visível”, concluiu.
Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, de 2 de abril.
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