A população de Barcouço, Pisão,
Cavaleiros, Grada, Adões e Sargento Mor está a “conviver”, em certos dias, com
muito mau cheiro e uma grande abundância de moscas, que dizem ser provenientes
da Estação de Tratamento de Resíduos, situada em Vil Matos, que funciona
desde outubro de 2012. Agora os presidentes das Juntas de Freguesia das
localidades afetadas (Barcouço e limítrofes) pretendem reunir com a
administração da ERSUC – Resíduos Sólidos do Centro, S.A. – para “analisarem” a
situação. Contactado pelo Jornal da Mealhada, Alberto Santos, administrador da
empresa, remete “para a direção do vento” o problema e garante “estar
disponível para receber quem quiser visitar as instalações”.
“De vez em quando aparece este
mau cheiro, que traz muitas moscas, mas nunca sei bem de onde vem”, declarou
Manuel Rama, natural e residente em Barcouço. “Dizem que é da ERSUC, lá de
baixo”, acrescentou outro popular que ia a passar naquele momento. Outro morador,
da Quinta Branca, com quem falámos explicou que “o cheiro de manhã é muito
intenso e piora quando o tempo está sereno”. “Com nevoeiro e chuva sente-se
mais o cheiro. Às vezes não se pode estar em casa e dentro do carro é
horrível”, disse ainda um morador de Grada, que acrescentou: “Já ouvi dizer que
há um sistema que tira esses cheiros, mas que custa muito dinheiro”.
Opinião idêntica tem Salvador
Baptista, residente em Barcouço, que declarou: “O taxista já me disse que o
cheiro chega ao Carqueijo. Quando o vento vem de sul ou sudoeste é terrível”. O
popular relembra que “aquando da construção da Estação de Tratamento, no meio
de lugares, foi feita uma manifestação, desde a Câmara de Coimbra até ao
Registo Civil, e que de Barcouço só lá estiveram duas ou três pessoas. Agora,
olha, não podem queixar-se”.
Contactado pelo Jornal da
Mealhada, Delfim Martins, antigo presidente da Junta de Freguesia de Barcouço,
explica que, na altura da construção da estação de Vil de Matos, alguns
autarcas “foram a Lisboa conhecer duas Estações de Tratamento de Resíduos
Sólidos Urbanos, para nos mostrarem que não tinham cheiros”. “Eu contestei
sempre a localização desta por ser numa área rural, dentro de aglomerados
urbanos”, disse o antigo autarca, que ainda lamentou: “Julgo que muitos dos
cheiros também provém do transporte dos resíduos”.
Também ao nosso jornal, Alberto
Santos, administrador da ERSUC, explicou que “os resíduos produzem algum
cheiro” por si só e que “em determinadas condições climatéricas, com vento,
acontece a sua direção ser para Barcouço”.
Junta de Barcouço vai reunir com
ERSUC
Neste momento, João Duarte, atual
presidente da Junta de Barcouço, aguarda o agendamento de uma reunião com a
ERSUC, “onde estará uma comissão (constituída por presidentes das Juntas de
Freguesia ‘lesadas’ pelo problema) para entendermos o que se passa”. “Na
criação da Estação não nos disseram que iria ser assim. As pessoas estão
insatisfeitas com o cheiro e o aumento de moscas. É mau para a freguesia e para
as freguesias vizinhas”, concluiu.
A Câmara Municipal da Mealhada é
um dos accionistas (dos trinta e seis municípios que a constituem) da ERSUC,
sendo que a Estação de Vil de Matos faz face ao tratamento de resíduos de vinte
e dois. Este centro “é dotado de uma unidade de Tratamento Mecânico e Biológico
(TMB) para tratamento dos resíduos sólidos urbanos indiferenciados, uma unidade
de triagem automatizada para tratamento dos resíduos recicláveis provenientes
da recolha seletiva, uma unidade de preparação de combustível derivado de
resíduos para tratamento de parte do refugo da unidade TMB, uma unidade de
valorização energética do biogás produzido na unidade TMB e um aterro sanitário
de apoio”.
Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada de 27 de novembro de 2013.
Sem comentários:
Enviar um comentário