É lusense, gestor hoteleiro há
uma década (ligado à área há muitos anos devido a raízes familiares) e
prepara-se para apresentar uma obra intitulada “De Luso – antiguidade googalizada”.
Um livro que começou com o objetivo de procurar o significado da palavra
“Luso”, mas que culminou na descoberta e identificação oficial por parte do Instituto
de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (IGESPAR) de mais um
local arqueológico, no concelho da Mealhada, aumentando, assim, o “património” português.
“Esta obra começou há dez anos e tinha o
objetivo de se tornar um livro técnico sobre hotelaria, com base no significado
do termo Luso, que se procurarmos na internet, também significa ‘português’”,
começou por explicar o autor, Nuno Manuel Gouveia Alegre, gerente do Alegre
Hotel.
Mas o trabalho de pesquisa de uma
década, “só podia culminar num livro”. “Deixou de ser um livro sobre otimização
de um termo na internet, para se basear nas origens do Luso, do Bussaco e da Vacariça”,
continua Nuno Alegre, que confessa ter “obtido mais informação do que aquilo
que estava há espera”.
E ao longo dos últimos anos, o
autor foi compilando diversas informações, só parando no sitio, onde julga ter
estado o Mosteiro da Vacariça (também conhecido por Mosteiro Bubulense), a
poente do Luso, datado do final do primeiro milénio.
Um local denominado de “Pedras
Negras”, “muito rico em ferro”, e que mereceu a visita de técnicos da Direção
Regional de Cultura do Centro, em maio deste ano. No passado mês de setembro,
Nuno Alegre, que fez parte da visita, recebeu o ofício da entidade citada, a
confirmar os “achados arqueológicos nas ‘Pedras Negras’”.
“Este investigador (Nuno Alegre)
identificou, numa área situada na margem direita da Ribeira da Vacariça, um
chão onde ocorre muita escória, alguns materiais cerâmicos e um ordenamento do
parcelário algo dissonante quando comparado com o que se observa na sua
periferia. Trata-se de terras que não obedecem à morfologia das leiras
alongadas, dispostas perpendicularmente à Ribeira, parte das quais tem cota
superior às demais”, lê-se no documento que, contudo, não garante que no local
tenha estado o Mosteiro, que Nuno Alegre “sugere”, com base na sua investigação.
“As tentativas de localização do
mosteiro de São Vicente da Vacariça passam por estudo interdisciplinar, que
conjugue os dados colhidos em documentos históricos e aplicação de metodologias
de investigação arqueológica”, acrescenta o documento, que propõe que seja dado
conhecimento do “achado” à “Câmara Municipal da Mealhada para efeitos de
aplicação do disposto no PDM (Plano Diretor Municipal)”.
E com esta descoberta, Nuno
Alegre ganhou ainda mais vontade de publicar a obra, o que tenciona fazer,
“ainda antes do natal”. “Os objetivos foram cem por cento atingidos, tendo em
conta que fui ainda mais longe do que aquilo que imaginava”, afirma Nuno Alegre
que, com mais duas pessoas, já pensa na próxima obra. “Queremos criar um livro
que se destine a turistas, com bases na recriação de uma série de espaços,
acompanhado de detalhe arqueológico… Um trabalho que sirva para as pessoas
levarem para casa…”, conclui o autor, que deixa no ar a existência de mais
lugares que devem ser investigados, nomeadamente, em Vila Nova de Monsarros,
no Bussaco e no Luso.
Curiosidades do livro
A obra “De Luso – antiguidade
googalizada”, com duzentas e setenta páginas, teve a supervisão e revisão de
Maria Alegria Marques (Professora catedrática da Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra – Departamento da História da Arte) e a colaboração
crítica de Jorge de Alarcão e Silva (Professor aposentado da Universidade de
Coimbra e uma das maiores autoridades nacionais no campo da arqueologia).
Como chegar às “Pedras Negras”?
Segundo o oficio da Direção
Regional de Cultura do Centro: “Estacionar a viatura perto do Cemitério da
Vacariça. Tomar caminho que desce para a Ribeira da Vacariça, atravessar o
pontão. Terras agricultadas sob linhas de alta tensão, contidas em propriedades
cujas extremas são delimitadas por pedra, numa disposição ‘grosso modo’
paralela ao curso de água”.
Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada na edição impressa do quinzenário Jornal da Mealhada, número 956, de 14 de outubro de 2015.
2 comentários:
Luso, Bussaco, Vacariça!
Parabéns!
Fico à espera de continuidade aprofundamento.
:)
Nunca li tanta asneira e tanta baboseira
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