O Relatório de Contas relativo à
gerência de 2012/2013 da Associação de Carnaval da Bairrada foi aprovado, por
unanimidade, na noite do passado dia 1 de agosto. Apesar do evento em 2013 –
Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada – ter dado prejuízo, a associação transita
de ano com saldo positivo num valor de perto de dezasseis mil euros. A reunião,
onde estiveram apenas três elementos das escolas de samba Amigos da Tijuca e da
Real Imperatriz, ficou marcada pelo facto de Fernando Saldanha, presidente da
direção da ACB, “culpar” a Câmara da Mealhada pelo prejuízo do ultimo Carnaval
de Verão, uma vez que não financiou as vedações, a casa de banho e a energia
elétrica; e ainda pela intenção de se terminar com a Tenda Gigante, onde
decorrem as festas noturnas por altura do Carnaval, uma vez que a despesa é
maior que a receita obtida.
“Em minha opinião este é o melhor
relatório de contas que esta associação já teve. Louvo todos os intervenientes
deste documento, bem como a direção”, começou por dizer João Peres, presidente
da mesa da assembleia-geral, que acrescentou: “O Carnaval este ano só se
realizou um dia e deu mais ou menos quinze mil euros negativos, mas do ano
anterior havia trinta mil positivos, portanto, neste momento, o saldo é
positivo em quinze mil euros. O prejuízo no Carnaval de 2013 deve-se ao facto
de só ter havido um dia de desfile e com chuva, por isso julgo que houve uma
gestão bastante cuidada para que se passe para 2014 com saldo positivo”.
Antes da aprovação do relatório,
Hugo Rodrigues leu o parecer do conselho fiscal. “Examinámos o relatório e
Contas da direção da Associação de Carnaval da Bairrada, as quais incluem o
balanço em 31 de maio de 2013 (que evidencia um total de balanço de 50.463,70
euros e um total dos Fundos Patrimoniais de 50.431,08 euros, incluindo um
Resultado Liquido Negativo de 15.863,77 euros, (…)”, lê-se no documento, que
conclui: “Somos de Parecer que o Relatório e Contas da direção e as
Demonstrações Financeiras referidas apresentam de forma verdadeira e
apropriada, em todos os aspetos materialmente relevantes, a posição financeira
da Associação do Carnaval da Bairrada em 31 de maio de 2013 e o resultado das
suas operações no exercício findo naquela data, em conformidade com os
princípios contabilísticos geralmente aceites”.
“Não estraguem dinheiro com o
Carnaval de Verão”, apelou João Peres
Rui Frias, vice-presidente da
mesa da assembleia-geral, quis saber como correu, financeiramente, o Carnaval
de Verão, que se realizou no primeiro fim-de-semana do passado mês de junho.
Fernando Castela, contabilista da associação, respondeu que “o relatório
reflete as contas até ao dia 31 de maio de 2013. Como o Carnaval de Verão
aconteceu a 1 e 2 de junho as contas só serão debatidas no documento que finda
a 31 de maio de 2014”.
Fernando Saldanha, presidente da
direção, garantiu: “O Carnaval de Verão deu prejuízo, mas as contas ainda não
estão feitas por diversas situações, contudo, prevejo mais de mil e quinhentos
euros de prejuízo”.
Hugo Rodrigues, presidente do
conselho fiscal e o promotor do relatório que foi apresentado na assembleia,
explicou: “Em maio já tínhamos gasto aproximadamente setecentos euros com o
Carnaval de Verão, em licenças na Câmara da Mealhada e com a Sociedade
Portuguesa de Autores”.
João Peres, dirigindo-se ao
presidente da direção da ACB, afirmou: “Não voltes a fazer o Carnaval de Verão,
apenas porque entendes que o deves fazer! Podes fazer cinquenta Carnavais de
Verão que vais sempre ter prejuízo”. “Espero que vos sirva de exemplo e que não
voltem a estragar dinheiro neste evento. Não resulta e difama o ‘nosso
Carnaval’ de fevereiro”, acrescentou.
“No último domingo, em fevereiro,
que se tentou fazer o desfile de Carnaval, as escolas de samba junto dos órgãos
sociais da ACB falaram logo de que queriam um Carnaval de Verão”, garantiu Hugo
Rodrigues. Rui Frias também afirmou: “Independentemente do prejuízo, eu não
acho que tenha sido um evento mal apostado. As escolas de samba gostaram de
atuar!”.
Mas para Fernando Saldanha o
problema passou pela não colaboração da Câmara da Mealhada no evento. “Eu não
contava que a Câmara não cedesse as vedações, a casa de banho e não pagasse a
luz. Se tivessem ajudado nisto, o Carnaval de Verão não tinha dado prejuízo”,
declarou o dirigente, que ainda acrescentou: “O Carnaval de Verão dá prejuízo,
mas o Festival de Samba também!”.
Mas para João Peres “o início do
Carnaval do ano seguinte é sempre o Festival de Samba”. “Se não fizeres este
evento, não tens Carnaval no ano seguinte!”, garantiu.
“A Tenda existe para dar lucro,
não para dar prejuízo”
No ponto seguinte, o do Plano de
Atividades e Orçamento para a gerência de 2013/2014, os elementos da direção prevêem,
nas receitas, receber um subsidio da Câmara da Mealhada no valor de oitenta e
um mil euros e de bilheteiras trinta e cinco mil. Em relação à animação noturna
da Tenda Gigante prevê-se receitas no valor de dezanove mil euros; mais quatro
mil referentes a patrocínios e publicidade sonora e estática; e no Carnaval de
Verão seis mil euros.
Ao nível de despesas o Orçamento
refere que serão gastos cerca de vinte e sete mil euros com carros alegóricos; treze
mil e quinhentos com o Rei e Rainha; trinta e dois mil euros em subsídios às
escolas de samba; dezanove mil e quinhentos euros com a logística necessária à
realização do corso; cinco mil euros com o Festival de Samba; doze mil e
quinhentos euros no Festival de Samba; vinte e três mil euros com a Tenda
Gigante; três mil setecentos e oitenta euros com custos administrativos; sete
mil e quinhentos euros no Carnaval de Verão; e ainda o valor de mil e duzentos
euros estipulados para qualquer eventualidade.
Neste ponto da ordem de
trabalhos, o valor mais discutido foi o da Tenda Gigante, uma vez que se prevê
uma receita de dezanove mil euros e um gasto de vinte e três mil euros, onde só
o seu aluguer custa oito mil e seiscentos euros. “A Tenda Gigante não dá lucro,
tem que se acabar com ela. A Tenda existe para dar lucro, não para dar
prejuízo”, afirmou João Peres, que acrescentou: “A Câmara da Mealhada dá
dinheiro para os corsos, não é para festas noturnas”. Também Fernando Saldanha
se mostrou “contra a existência da Tenda Gigante”. “Só é importante para a
apresentação das escolas de samba na noite de sexta-feira”, garantiu.
Levado a votação, o Orçamento do
próximo ano foi aprovado por maioria, com três abstenções e o voto contra do
presidente da mesa da assembleia-geral. Na sua Declaração de Voto, João Peres
afirmou: “Voto contra por não ter sido apresentado o Plano de Atividades e
também porque não concordo com este Orçamento. Há aqui despesas que devem ser
revistas. A Tenda Gigante foi feita para ajudar nas receitas e não para
contribuir para as despesas. Lamento ainda que os elementos que elaboraram o
Orçamento terem sido os únicos a aprovar o documento. No mínimo deveriam
abster-se”.
Lamentando apenas estarem dois
sócios dos Amigos da Tijuca e um da Real Imperatriz (nem Sócios da Mangueira,
nem Batuque se fizeram representar), João Peres afirmou: “Amanhã não se podem
queixar deste orçamento ter sido aprovado”.
Fernando Saldanha, no final, agradeceu
“todo o trabalho que o Hugo Rodrigues teve”, lamentou “não estarem na
assembleia elementos das escolas de samba” e informou de que o Festival de
Samba se vai realizar nos dias 13 e 14 de setembro.
Reportagem de Mónica Sofia Lopes publicada no quinzenário Jornal da Mealhada de 31 de julho de 2013.
Fotografia de Inês Tafula
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