sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

...O pior aconteceu... mas nem a chuva arrefeceu a alegria...

Em 2013, Carnaval da Mealhada teve prejuízo superior a 40 mil euros

“Este Carnaval foi um desastre e teve um grande prejuízo. Ainda não posso fazer um balanço concreto, mas temos um prejuízo de quarenta a cinquenta mil euros”, declarou, ao Jornal da Mealhada, Fernando Saldanha, presidente da direção da Associação de Carnaval da Bairrada, após não se ter realizado o desfile do passado domingo, resultado do adiamento do de dia 10 de fevereiro, do Carnaval Luso Brasileiro da Bairrada. Festa que, este ano, “viu” a escola de samba Batuque ser campeã.
Dois domingos, dois dias de chuva. É o resultado do rescaldo do Carnaval da Mealhada, que só na terça-feira, dia 12 de fevereiro, mesmo debaixo de alguns aguaceiros, saiu à rua. E mesmo neste “esteve longe das expetativas”, lamentou o dirigente da Associação de Carnaval da Bairrada, que ainda não tem “números exatos de entradas”. Da parte dos dirigentes das escolas de samba nem mesmo as baixas temperaturas e a chuva que se fez sentir conseguiram minimizar o entusiasmo.
“Correu tudo muito bem. Infelizmente a chuva tirou o efeito das penas e alguns costeiros perderam um pouco o efeito pretendido”, lamentou Mariana Cidade, carnavalesca do Grémio Recreativo Escola de Samba Batuque, que desfilou como tema “Batuque na Idade Média”. “Mas divertimo-nos muito e penso que divertimos o público também!”, acrescentou ainda.
Hugo Idalécio, presidente da mesa da assembleia-geral do Grémio Recreativo Escola de Samba Amigos da Tijuca, descreve o corso com “nota 10”. “Correu tudo muito bem”, enfatizou o dirigente da escola que desfilcou com o tema “E por falar em saudade: Ainda te lembras? A Tijuca conta como foi!...”.
Opinião idêntica tem André Castanheira, presidente da direção dos Sócios da Mangueira: “Correu muito bem, apesar do orvalho ter sido uma constante durante todo o desfile. A escola não desiludiu”. O dirigente, que desfilou com o tema “O sonho de Alice: Uma ideia maravilhosamente louca”, ficou ainda surpreendido com a assistência: “Não esperava ver tanta gente”.
Em desfile estiveram também grupos de critica e animação: Fanfarra de Melres, Gigantones, Saltimbancos de Ceira, Os Papagatos, Os Divertidos, Os Espantalhos, Os Mimos, Big Borga e Grupo Populum.
Rodrigo Andrade, que fez de Berto na novela “Gabriela”, foi o rei do Carnaval de 2013, que esteve acompanhado da sua namorada, a modelo Melina Torres. Ao Jornal da Mealhada, o ator declarou: “Apesar da chuva a temperatura estava quente! Estou muito contente e espero voltar. Foi um espetáculo lindo”.
O Carnaval terminou na tarde do passado domingo, uma semana depois do que é habitual, com a divulgação dos resultados do Concurso de Escolas de Samba, promovido pelo Jornal da Mealhada. O Batuque sagrou-se campeão com 295,3 de pontuação, em segundo lugar, com 290,7, ficaram os Sócios da Mangueira e em terceiro lugar, com 280,7, ficaram os Amigos da Tijuca.
Logo após os resultados, os sócios do Batuque fizeram um desfile noturno pelas ruas da cidade da Mealhada.

Texto de Mónica Sofia Lopes publicado no Jornal da Mealhada de 20 de fevereiro de 2013.
Fotografia de Cláudia Lobo - Fotojornalista por um dia +

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

...Carnavalescos já são (quase todos) made in Mealhada...

A menos de uma semana do Carnaval, as escolas de samba ultimam os preparativos finais e dão o tudo por tudo para que se dê inicio aos desfiles de domingo e terça-feira. Há quem, nos últimos meses, tenha “estudado” o Carnaval de uma ponta a outra, desenhado fatos e ainda contado a história de cada enredo. Dedicam-se a cem por cento à causa e quase não dormem a trabalhar em prol de um bom desfile na avenida. Falamos dos carnavalescos, que o Jornal da Mealhada foi conhecer esta semana.
“Esta é uma responsabilidade muito grande. Desfilo no Batuque há quinze anos, mas agora o papel que tenho é bem diferente… E este exige muito tempo disponível”, começou por dizer Mariana Cidade, de vinte e seis anos de idade, natural do Luso, arquiteta de profissão e carnavalesca da escola de samba Batuque há dois anos consecutivos. “Este é um papel muito importante e há muitas pessoas que não valorizam minimamente o nosso trabalho”, acrescentou Eulália Baptista, de trinta e sete anos de idade, natural da Mealhada e carnavalesca dos Sócios da Mangueira em seis Carnavais.
Responsável pela pesquisa do tema, pela elaboração dos desenhos, pela escolha de tecidos e lantejoulas… para Mariana Cidade “é impossível fazer trinta fatos e agradar a toda a gente, contudo, esforço-me para que isso aconteça porque é importante que cada sambista se sinta bem na avenida”. “A nossa principal função é estudar o tema que a escola escolheu para o enredo para, depois da procura de todo o historial, ter-se uma base para fazer desenhos e procurar materiais. Tem que haver uma sintonia muito grande entre o carnavalesco e as costureiras”, afirmou Eulália Baptista.
Já se faz um bom Carnaval com carnavalescos portugueses sem ser necessário trazerem-se artistas brasileiros? “Se achasse o contrário não estava aqui!”; respondeu, peremptória, Mariana Cidade, que acrescentou: “Inicialmente foi importante ter-se colaboradores brasileiros, mas temos que adaptar a nossa realidade à Mealhada, porque não estamos no Rio de Janeiro, e nesta julgo que o trabalho que fazemos é bom”.
Para a carnavalesca dos Sócios da Mangueira “o que as pessoas vão ver já responde a essa questão”. “Temos que fazer um Carnaval à nossa escala e não à escala do Brasil. Está provado que as pessoas de cá fazem um Carnaval igual ou melhor do que aqueles que vem de fora”, acrescentou.
Paulo Burian, carnavalesco brasileiro, foi a escolha da escola de samba Amigos da Tijuca. “O Paulo é nosso carnavalesco desde 2009, realiza os projetos, e escolhemo-lo não por ser brasileiro, mas sim por fazer um trabalho muito bom e pormenorizado, o que facilita muito a nossa tarefa!”, declarou Hugo Idalécio, presidente da mesa da assembleia-geral da escola, que garantiu: “Não posso negar que é importante o facto de ele ser brasileiro, mas há artistas bons em todo o lado, não tenho duvidas!”.
“Trabalho em Lisboa e deixa-me um pouco angustiada estar longe muitas vezes e só vir aos fins-de-semana”, afirma a carnavalesca do Batuque, quando questionada sobre o tempo necessário para este papel. “Nos quinze dias antes do Carnaval, meti férias para estar aqui a acompanhar tudo”, acrescentou Mariana Cidade, que elogia: “Toda a equipa da escola é muito boa e o meu trabalho é muito facilitado por isso”.
Com o tema “GRES Batuque na Idade Média”, Mariana Cidade afirma que a escola “vai trazer algumas novidades, principalmente, ao nível de costeiros. Estivemos muito preocupados com o conjunto, com aquilo que se vai ver na avenida. Tentei este ano colmatar erros que cometi no ano passado”. “A Idade Média é um cenário muito rico, marcante e fácil de explorar”, acrescentou a carnavalesca lusense, que concluiu: “O trabalho final foi de encontro às minhas expetativas. Tenho arriscado muito em algumas peças e só na avenida é que vamos ver, de facto, o resultado”.
Também Eulália Baptista afirma: “Tentei ao máximo contar a história da Alice no Pais das Maravilhas, pela mesma ordem da história original. As alas estão criadas de forma original e com muita cor. Acho que vai funcionar na avenida…”. Também Hugo Idalécio, que leva o tema “E por falar em saudade… A Tijuca conta como foi”, finaliza: “O trabalho da escola está a ir completamente de encontro às nossas expetativas”.

Mónica Sofia Lopes

Publicado na edição impressa do Jornal da Mealhada, de 6 de fevereiro de 2013.